Mulheres do Rio Grande do Sul lançam comitê pela democracia e contra o golpe
Durante o encontro, as mulheres tiraram uma palavra de ordem: tomar as ruas todos os dias e conversar com a população sobre o que está acontecendo no país
Na manhã desta terça-feira (29) no auditório do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, feministas do PDT, PSOL, PCdoB, PT e de dezenas de movimentos sociais lançaram o Comitê de Mulheres Pela Democracia e Contra o Golpe. Durante o encontro, as mulheres tiraram uma palavra de ordem: tomar as ruas todos os dias e conversar com a população sobre o que está acontecendo no país. Um manifesto, que está sendo escrito a várias mãos, será apresentado no próximo dia 31.
Vice-presidenta nacional do PDT, Miguelina Vecchio destacou a posição nacional do seu partido na defesa da democracia e contra o golpe. “Quero destacar que todas as mulheres da direção do PDT, tanto na executiva nacional quanto na estadual, são contra o golpe”, enfatizou. A trabalhista defendeu que as mulheres precisam ir para a rua, para as paradas de ônibus, explicar na linguagem do povo, o que está em jogo no país.
Vereadora de Porto Alegre, Jussara Cony, do PCdoB, emocionou-se ao lembrar da sua experiência no combate à ditadura militar. “Estar aqui com vocês me renova para enfrentar mais uma tentativa de golpe contra a democracia”, ressaltou. “Não vamos aceitar nenhum direito a menos e por isso vamos ocupar a Esquina Democrática todos os dias”, defendeu.
Representando a Intersindical, Leila Thomassim, do PSOL, destacou o ponto de unidade de todas as mulheres presentes. “Estamos aqui pela defesa da democracia, dos nossos direitos e de todas as garantias constitucionais”, afirmou. “Temos consciência que a intolerância e o fascismo avançam a galope contra toda a esquerda brasileira”, completou.
Deputada estadual pelo PT, Stela Farias comemorou a formação do comitê de mulheres. “Tenho convicção que aqui é o início de uma longa caminhada dos nossos partidos e dos movimentos sociais em defesa do país, da democracia e dos nossos direitos”, ressaltou.
Mosaico de falas
“Estamos juntas nesta luta e na organização de diversos comitês populares de resistência ao golpe”, informou Lurdes Santin, do Movimento das Trabalhadoras Desempregadas (MTD).
“O momento é de resistência e ousadia das mulheres. É possível barrar o golpe se não abrirmos mão do nosso papel histórico de fazer a revolução”, conclamou a jornalista Télia Negrão, do Coletivo Feminino Plural.
“O que está em jogo é a manutenção das políticas sociais que tanto beneficiam as mulheres e é sobre isto que temos que falar”, defendeu Luciane Almeida, da Federação Nacional de Cooperativas Habitacionais dos Correios.
Representando o comitê popular da região Centro de Porto Alegre, Silvana Conti conclamou todas as mulheres a ocuparem a Esquina Democrática já na tarde do dia 31. “Vamos conversar com as mulheres da nossa cidade e explicar por que o golpe é contra os seus direitos e as suas conquistas”.
Pelo Comitê do Judiciário em Defesa da Democracia, Naiara Malavolta destacou o calendário de lutas contra o golpe que os trabalhadores e trabalhadoras do Judiciário estão organizando.
Rejane Aretz, da Setorial Nacional de Mulheres do PSOL e integrante da Frente Povo Sem Medo, lembrou que os golpistas são os mesmos que defendem o machismo e a homofobia. “Sabemos o quão cruéis eles podem ser no ataque aos nossos direitos e às nossas escolhas”, disse.
Pelo Movimento Nacional de Luta Pela Moradia, Suelen Gonçalves apontou que o foco da luta deve ser a preservação das políticas sociais que incluíram milhares de trabalhadoras brasileiras. “São essas mulheres as que mais vão sofrer as consequências do golpe que está em curso”, apontou.
Ex- secretária de Políticas para as Mulheres no RS, Ariane Leitão defendeu que a defesa da democracia e do direito das mulheres passa pelo “Fora Cunha”
Titi Alvares, do PCdoB e da União Brasileira de Mulheres, defendeu que o comitê assuma diálogo direto com todas as mulheres parlamentares e figuras públicas. “Não podemos admitir que o mandato da primeira presidenta eleita neste país seja levado no tapetão”, frisou.
Denise Argemi falou representando o Comitê de Advogados e Advogadas pela Legalidade. Ela, que também é escritora, divulgou o manifesto dos escritores que já está publicizado nas redes.
A economista Aniger de Oliveira relatou que os profissionais da área também lançaram o seu documento contra o golpe. O manifesto Democracia e Desenvolvimento já reúne a assinatura de 80 economistas e está disponível nas redes sociais.
Representante do Fórum de Mulheres Negras, Marisa da Silva relatou que na sua comunidade está sendo organizado um jogo de futebol de mulheres contra o golpe e em defesa do Bolsa Família.
Luísa Muniz, do Movimento Contestação, ressaltou o papel da grande mídia na construção do golpe e convidou todas as mulheres para a mobilização do dia 1º de abril contra o sistema Globo de Televisão.
Professora estadual, Goretti Grossi lembrou que a direita sempre deu golpes no Brasil de forma impune. “Os torturadores da ditadura até hoje não foram punidos”, afirmou.“As falas contra a presidenta Dilma reproduzem o machismo e o preconceito contra as mulheres que assumem o poder”, enfatizou.
Misiara Oliveira falou em nome do Comitê de Direitos Humanos pela Democracia, destacando que nesta quarta-feira (30), às 9h, o comitê entregará o seu manifesto na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, conclamando os deputados a se somarem na luta em defesa da democracia.
Fonte: Assembleia Legislativa do RS