Em ato diante do TRF4, CUT e movimentos sociais exigem liberdade para Lula

Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região participaram do ato 

A CUT, centrais sindicais e movimentos sociais se reuniram em frente ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, no início da tarde desta sexta-feira (13), para denunciar os desmandos do judiciário e a perseguição ao ex-presidente Lula e exigir a liberdade do líder de todas as pesquisas eleitorais para presidente da República.

A manifestação ocorreu após a Plenária Interestadual da CUT, realizada pela manhã no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa, que reuniu mais de 500 dirigentes sindicais do Rio Grande do sul, Santa Catarina e Paraná. Eles saíram em caminhada até o TRF-4 percorrendo várias ruas do centro da capital gaúcha.

Além de ter sido palco da condenação do ex-presidente, em 24 de janeiro, o tribunal se tornou no último domingo (8) o centro de uma disputa de decisões sobre um habeas corpus para Lula.

Depois que o desembargador plantonista Rogério Favreto acolheu o pedido para soltura e o reafirmou em dois despachos, o desembargador João Pedro Gebran Neto e o presidente do TRF4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, derrubaram a decisão.

Nas falas em cima de um caminhão de som, dirigentes sindicais, líderes políticos e deputados se revezaram nas denúncias contra os desmandos do TRF-4.

“Se Lula não fosse candidato, não estaria preso”

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que “este tribunal descumpriu a lei” ao abordar o não cumprimento da decisão de Favreto, “que tinha autoridade” para conceder o habeas corpus. “O ex-presidente Lula tinha que ser imediatamente solto”.

“O ministro da Justiça e a Polícia Federal também descumpriram a lei”, ressaltou Vagner. “Esta é a realidade judicial que estamos vivendo no Brasil”, acentuou.

“Lula é preso político e está preso porque lidera todas as pesquisas de intenção de voto para presidente da República. Se ele não fosse candidato, não estaria preso”, explicou o presidente da CUT.

Segundo ele, se Lula, conhecido em todo o mundo e cotado até mesmo para receber um Nobel da Paz, é tratado dessa forma, situações muito mais graves podem acontecer com qualquer cidadão, sobretudo nas periferias do Brasil afora.

“É a segurança de todos que está em risco. É a do pobre, dos negros e das mulheres, que sempre foram tratados de forma desumana e podem sofrer ainda mais com a perda de espaço na democracia, pois o Brasil não vive mais num Estado Democrático de Direito”, alerta o presidente da CUT.

Para Vagner, a ação de Moro e do TRF4 no último domingo foi política e interesseira. “Eles manobraram para manter o ex-presidente preso, levando em consideração não o que manda a Constituição, mas o que a liberdade de Lula acarretaria nas eleições presidenciais. É essa denúncia que fazemos”, ressalta. “Viramos uma republiqueta da toga aliada à mídia golpista que faz de tudo para tirar Lula das eleições.”

Para o presidente da CUT, diante da perseguição à maior liderança popular do Brasil – líder em todas as pesquisas eleitorais – e dos desmandos que tomaram conta do país pós-golpe 2016, a sociedade brasileira precisa se levantar e ir às ruas.

Ele convoca a classe trabalhadora e toda a população a se mobilizar no Dia 10 de agosto, “Dia Nacional do Basta”, e no dia 15 de agosto, data em que a candidatura de Lula à presidência será registrada em Brasília.

“Dia 10 de agosto será o Dia Nacional do Basta, dos trabalhadores e trabalhadoras se manifestando contra o desemprego, a favor dos direitos trabalhistas e pela liberdade de Lula, único candidato capaz de revogar todos os atos desse governo golpista e ilegítimo, que não representa o povo”, avisa o presidente da CUT.

“E dia 15 de agosto tomaremos as ruas de Brasília, com milhares de pessoas acompanhando o registro da candidatura de Lula à presidência”, finaliza.

“Farsa judiciária e parcialidade do TRF4″

O presidente do PT do Rio Grande do Sul, deputado Pepe Vargas, definiu como “denúncia de uma farsa judiciária e da parcialidade do TRF4”. Ele  também voltou a reafirmar a candidatura de Lula pelo Partido dos Trabalhadores.

“Dia 15 de agosto, já marcamos, vamos fazer um grande ato em Brasília e registraremos a candidatura de Lula como presidente da República. A importância disso é que ele é o candidato que o povo brasileiro quer que retorne à Presidência. Ele ganha nas pesquisas, em qualquer cenário, inclusive, algumas delas, em primeiro turno. É um direito do povo brasileiro votar no presidente Lula. O que nossos adversários estão fazendo é utilizar-se do sistema judicial para fazer uma disputa política para afastá-lo”.

Protestos e indignação

A bibliotecária aposentada do Estado, Nara Herter, foi ao protesto segurando um cartaz colorido confeccionado por ela mesma. De um lado, ela pedia “democracia, justiça”, de outro, “Lula livre e presidente”. “Eu acho que o Lula é a pessoa certa para assumir a Presidência, no momento atual que estamos vivendo. Quero ele livre para concorrer”, diz ela.

Segundo o secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, o ato desta sexta foi uma maneira de expressar “a indignação do cidadão diante de uma decisão judicial que foi descumprida por um juiz de primeira instância, que estava em férias”.

“É inadmissível que uma decisão como essa, só porque envolve a prisão do presidente Lula, não seja cumprida por um juiz. Onde é que está a Justiça do Brasil? Esse ato aqui representa um protesto diante da seletividade com que esse tribunal está tratando a perseguição ao presidente Lula”, afirmou.

Para o ex-deputado e ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, o episódio de domingo, quando o TRF4 empreendeu uma briga de decisões entre magistrados, “escancarou” os problemas do Judiciário brasileiro atual. Pont defendeu ainda que isso serve de estímulo “para manter a resistência e denunciar” a situação.

“Depois do que aconteceu domingo, está escancarado que Lula é prisioneiro político de um estado midiático, com um Judiciário totalmente partidarizado, comprometido com uma agenda golpista. (…) Nós tivemos, em 2016, mais de 140 prefeitos liberados para disputar eleições, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em segunda instância. Traficantes, bandidos, dos crimes mais variados, as pessoas não são tolhidas do seu direito de opinião, do seu direito de falar com a imprensa”, apontou.

 

Fonte: Sul 21

 

 

 

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