Redes internacionais criam novas formas de organização sindical
O anúncio das 1.500 demissões na unidade da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo (SP), gerou mobilizações não só aqui no Brasil. O Comitê Mundial dos Trabalhadores na Daimler manifestou solidariedade aos funcionários brasileiros – em greve desde o dia 24 – e considera injustificável o processo de demissão em massa desencadeado pela montadora no ABC.
Para o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Valter Sanches, o apoio do Comitê e dos grupos da rede sindical – que discutem os problemas comuns dos trabalhadores mundialmente – é fundamental para enfrentar este momento. “O Comitê está mais próximo da direção da empresa em sua sede e quando temos o apoio dele é de extrema relevância”, afirmou.
O sindicalista informou que o presidente do Comitê, Michael Brecht, se dispôs a vir ao Brasil na segunda-feira (31) para reunião com os representantes sindicais. “A intenção é elaborar estratégias de diálogo com a montadora pela garantia de investimentos e estabilidade”, disse. A princípio, a movimentação gerou um resultado positivo ao conseguir a reabertura das negociações.
Bancários
No setor bancário, sindicatos de diversos países organizam mobilizações para debater ações conjuntas pela manutenção dos empregos no HSBC, após a instituição financeira ter sido recentemente adquirida pelo Bradesco. No Brasil, o banco britânico conta com 21 mil trabalhadores em 850 agências.
De acordo com Mário Raia, secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, em outubro será lançada a Aliança Mundial do HSBC para avaliar os quatro meses de trabalho desde o anúncio do fechamento do banco para traçar novas estratégias. “Precisamos de mais atores nessa discussão e sinalizar ao banco que estamos organizados e podemos fazer atos continentais de alta repercussão”, destacou.
Os representantes sindicais organizam, ainda, um dia de jornada internacional de luta com atividade simultânea para todos os países da América Latina. “É necessário denunciar como os bancos internacionais tratam os trabalhadores fora da matriz, pois não é porque estamos longe que temos menor importância ou não enfrentamos problemas trabalhistas; pelo contrário, sofremos com assédio moral, cumprimento de metas e falta de funcionários”, afirmou Raia.
Os bancários são organizados em rede desde 2002 para discutir os problemas comuns que os bancos enfrentam mundialmente do ponto de vista do trabalhador. No total são seis grupos internacionais na América Latina. Já os metalúrgicos se organizam em 58 redes nacionais e internacionais.
Fast-food também é alvo
Os trabalhadores na rede McDonald’s estão organizados para denunciar as práticas trabalhistas precárias. Em audiência realizada na semana passada no Senado, representantes sindicais de 20 países apontaram as inúmeras irregularidades encontradas mundialmente, sendo as mais recorrentes a jornada variável, não pagamento de horas extras, alterações de holerites, não pagamento de horas noturnas quando estas são estendidas por contrato, acúmulo de funções, além do trabalho de menores em situações insalubres.
“Estamos falando de uma empresa em que a rotatividade representa 104% ao ano, que se defende apontando ser porta de entrada para jovens conseguirem o primeiro emprego, mas qual a qualidade deste emprego? Explorações não podem ser aceitas”, disse Moacyr Roberto Tesch, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade.
Fonte: ABCD Maior