Margarida Maria Alves: “É melhor morrer na luta que morrer de fome”
Brasília recebe hoje 5ª edição da Marcha das Margaridas, que vai reunir trabalhadoras do campo, da floresta e da cidade, relembrar legado da líder assassinada e reafirmar defesa da democracia
Começa oficialmente nesta terça-feira (11), a 5ª Marcha das Margaridas, considerada a maior manifestação mundial pelos direitos das mulheres. Organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com apoio de 27 federações estaduais do ramo, entidades sindicais das mais diversas categorias filiadas à CUT, e organizações ligadas ao movimento social. São esperadas mais de 70 mil participantes na atividade, vindas de todas as regiões do país. A abertura, que acontecerá no Estádio Mané Garrincha, às 19 horas, terá a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Este ano, a mobilização tem o tema "Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade". Entre os principais pontos da pauta estão igualdade, democracia, fim da violência contra mulher, agroecologia, terra, educação, saúde e cumprimento de direitos básicos.
As mulheres metalúrgicas da CUT também vão participar da atividade.
Amanhã (12), as trabalhadoras de todo o país farão uma marcha pela Esplanada dos Ministérios, seguindo até o Estádio Mané Garrincha, onde terão um encontro com a presidenta Dilma Rousseff, às15 horas. A presidenta participará do ato para firmar o compromisso do governo federal com as reivindicações listadas na pauta do movimento.
Defesa da democracia
De acordo com a secretária de Mulheres Rurais da Contag, Alessandra Lunas, nos últimos meses o conservadorismo em diversos setores da política tem dificultado o acesso das mulheres a uma série direitos, como à educação, participação igualitária na política e ocupação de cargos nas esferas decisórias do país – além de colocar em risco direitos sociais já conquistados e a própria democracia. “Chegamos ao ponto de assistir a agressões machistas feitas à presidenta da República, sem nenhum pudor”, lembrou.
Para Alessandra, os ataques são um reflexo das diversas formas de violência dirigidas às mulheres no Brasil: "É um ataque que vai além do que está sendo verbalizado. O que nós mulheres vemos hoje é uma ofensiva raivosa contra o governo, mais do que algo real que esteja acontecendo. A gente sabe que tem segundas intenções neste processo.”
Histórico
A primeira Marcha das Margaridas foi realizada pela Contag em 2000, quando cerca de 20 mil mulheres de todas as regiões se reuniram em Brasília para fortalecer a luta das trabalhadoras. A 2ª Marcha aconteceu em 2003, quando ainda mais mulheres se uniram na capital federal por um país mais igualitário e com direitos para todos. Em 2007, aconteceu a 3ª Marcha e, em 2011, mais de 100 mil mulheres compareceram na 4ª Marcha das Margaridas.
O data escolhida para a mobilização é sempre 12 de agosto, dia do assassinato de Margarida Maria Alves, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Alagoa Grande, na Paraíba. Margarida morreu em 1983, aos 50 anos, vítima de um tiro de espingarda no rosto, crime encomendado por um latifundiário que se viu ameaçado pela luta constante da trabalhadora. Ela esteve à frente do sindicato por dez anos, lutando por direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário e férias remuneradas. “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”, afirmava Margarida Maria Alves (saiba mais aqui sobre a líder sindical).
Programação
11 de Agosto – Terça-feira
14h – Conferência, Painéis Temáticos e Espaços Interativos
19h – Abertura oficial da 5ª Marcha das Margaridas
21h – Noite Cultural e Esportiva
12 de agosto – Quarta-feira
07h às 12h – Concentração e Marcha pela Esplanada dos Ministérios
15h – Resposta do Governo Federal à Pauta da 5ª Marcha das Margaridas
Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT, com Rede Brasil Atual