"Eu quero aprender", diz Lula à juventude metalúrgica do ABC
O ex-presidente Lula esteve nesta terça-feira (12) na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para comemorar os 56 anos da entidade, com um bate-papo com cerca de 300 jovens metalúrgicos do ABC, entre 20 e 32 anos de idade. A atividade também é parte do 8º Congresso da categoria, que começa oficialmente nesta quinta-feira (14). Lula relembrou que aos 23 anos se associou ao Sindicato e aos 30 era o presidente dos Metalúrgicos do ABC. “Naquela época, eu também era como vocês cheios de sonhos, queria aprender uma profissão, ter um bom salário e melhorar de vida”, disse.
O encontro com os jovens foi um pedido do próprio ex-presidente, durante uma visita na Ford, em São Bernardo do Campo (SP), em outubro do ano passado. “Eu quero aprender. Ouvir o que as futuras gerações querem para o país”, ressaltou. Lula destacou as melhorias que aconteceram nos últimos anos e como o Brasil passou a ser respeitado no mundo. “Somos o primeiro entre os países emergentes a acabar com a fome e, enquanto o mundo inteiro vive uma crise, criamos 22 milhões de empregos”, afirmou.
“Só a imprensa comercial não respeita isso. Para eles o mundo está azedo”, completou. Lula chamou a atenção da juventude para a negação da política pelo risco de enveredarem em retrocesso. “Quem nega a política será governado por quem gosta dela”, alertou. O ex-presidente insistiu para que os jovens perguntassem o que quisessem, sem receios ou preocupados em agradá-lo. “Se eu não souber responder, peço ajuda aos universitários”, brincou.
Durante todo o encontro, Lula respondeu perguntas sobre a influência da mídia sobre os jovens, terceirização, educação, Sistema Único de Saúde, o SUS, e combate à corrupção. A atividade foi mediada pelo representante do Comitê Sindical de Empresa (CSE) na Mercedes, Maicon Michel Vasconcelos da Silva e pela coordenadora do Conselho Municipal de Juventude de Santo André, Rebeca Azevedo.
Perguntas ao ex-presidente
– Quanto a mídia pode influenciar na decisão de voto de um jovem e qual seria a importância da regulação da mídia no Brasil? (Diego Goulart Santos, trabalhador na Estamparia do Grupo Delga)
“Ela pode influenciar mais ou menos, dependendo da mídia que o jovem utiliza. Hoje, por exemplo, a internet tem mais influência que a televisão. Jornal, então, virou coisa do passado. E é por isso que nós apresentamos uma proposta de regulação democrática dos meios de comunicação porque a que existe hoje é de 1962. O que está faltando no Brasil ainda é maior acesso à internet. Falta também informação correta e justa para ser divulgada na televisão. Nós demoramos 24 anos para conseguir um canal de televisão, a TVT. E, mesmo assim, nós não queremos ouvir notícias que falem bem da gente, e sim que diga a verdade, informe e deixe o telespectador, ouvinte ou internauta fazer juízo de valores. Por isso que a regulação nos meios de comunicação é uma das lutas que devemos fazer em caráter de urgência.” (Lula)
– É importante a luta com esse recorte de gênero e cor no Projeto de Lei 4.330, que precariza as relações de trabalho? (Daniele Tadeu de Oliveira, estudante de Planejamento de Território da Universidade Federal do ABC, a UFABC)
“A luta contra um comportamento preconceituoso, seja em qualquer setor da sociedade, é de grande valia. Há pesquisas que mostram, por exemplo, que mulheres e negros ganham menos. Quando a Constituição diz que trabalho igual, salário igual, isso é constitucional. Quando eu cheguei à Presidência percebi que não tinha instituições de nível superior em várias cidades. Eu tenho um orgulho tremendo de ser o presidente que, apesar de não ter diploma universitário, construiu o maior número de universidades neste País. Eu acho que a única coisa que iguala os seres humanos de verdade é a educação. Se a gente der oportunidade para as pessoas estudarem, muita coisa vai mudar. Eu sonho que um dia teremos tanta oportunidade no Brasil que o filho de uma empregada doméstica vai sentar ao lado do filho da sua patroa na universidade.” (Lula)
Fonte: Assessoria de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC