Ato da CUT-RS contra ataques aos direitos exige volta do Ministério da Previdência

Direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região participaram da vigília

 

Nem o frio de 8ºC, muito menos a chuva fina, impediram que centenas de dirigentes sindicais denunciassem o processo de desmonte da Previdência Social e os ataques aos direitos sociais trabalhistas pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer (PMDB), durante ato realizado na manhã gelada desta sexta-feira, dia 10, em frente ao prédio do INSS, atrás da Prefeitura, no centro de Porto Alegre. Os trabalhadores e aposentados criticaram durante a extinção do Ministério da Previdência Social, no primeiro dia do governo interino, e exigiram o seu retorno imediato.

 

A atividade deu início ao dia nacional de luta na capital gaúcha. No final da tarde, a partir das 17h, aconteceu uma grande manifestação na Esquina Democrática, sob o mote “Fora Temer”, Não ao golpe” e “Nenhum direito a menos”.

 

Foi entregue uma carta aberta da CUT-RS para a população, sob o título “Cadê o Ministério da Previdência Social?”, explicando os ataques dos golpistas aos direitos de trabalhadores e aposentados e cobrando a volta do ministério.

 

“Estamos aqui para chamar a atenção da sociedade e denunciar esse novo ataque que está por vir com a reforma da previdência, pois o desmonte já começou. Uma das primeiras medidas do Temer foi acabar com o Ministério da Previdência”, disse o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, na abertura do ato.

 

Em vários estados, trabalhadores do campo e da cidade estão protestando diante de agências do INSS, alertando para o grave risco de uma reforma da previdência e da retirada de direitos, que está sendo tramada pelos golpistas.

 

“Estamos num amplo movimento de resistência em defesa da previdência social e não aceitaremos qualquer retrocesso. Vamos tomar a frente, como sempre fizemos, para defender os direitos”, afirmou Claudir.

 

Trabalhadores rejeitam idade mínima

Durante o ato, os representantes de diversas categorias criticaram as propostas de Temer, como desvincular o reajuste dos aposentados e pensionistas do aumento do salário mínimo e implantar uma idade mínima de 65 anos para homens e mulheres. Além do governo internino ter fatiado a Previdência Social entre os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social e Agrário.

 

“É um absurdo propor uma idade mínima de 65 anos. Estão atacando diretamente todos os trabalhadores brasileiros”, salientou o presidente da Federação Democrática dos Sapateiros do RS, João Batista.

 

O presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS, Jairo Carneiro, também refutou a idade mínima e acredita que os “trabalhadores ainda não se deram conta do que está posto”. Para ele, o povo brasileiro vai reagir.

 

“Sempre reagimos e estamos organizados como nunca. A juventude está nos dando uma aula de cidadania com as ocupações nas escolas. E a ocupação Lanceiros Negros pelo direito à moradia nos mostra todo dia que a luta por condições dignas de vida vale a pena”, declarou Jairo.

 

Já o diretor da Federação dos Trabalhadores do Ensino Privado do RS, Cássio Bessa, acredita que a política neoliberal é o ataque do capitalismo, “que deseja que o trabalhador só se aposente quando está prestes a morrer”.

 

Hoje, existem no país 24,5 milhões de aposentados e pensionistas, dos quais 8,6 milhões no meio rural, e dois terços recebem um salário mínimo por mês.

 

Apenas o começo de um ataque muito maior

De acordo com o diretor da CUT-RS, Marcelo Carlini, o ato denuncia apenas uma parte desse golpe, que é o ataque à previdência.  “Temos atividades em todo o Brasil para denunciar como o capitalismo enxerga os nossos direitos”, sentenciou.

 

Os manifestantes também lembraram a situação dos trabalhadores da França, que estão em permanente luta contra a austeridade do governo diante da crise econômica mundial que afetou em cheio o país.

 

“E aqui no Brasil, o governo Temer está atacando nossos direitos e a democracia, além de entregar as nossas riquezas, como o pré-sal, para o capital estrangeiro”, destacou o presidente do Sindipolo, Gerson Borba, recordando que, durante o governo FHC, a Petrobras estava sob risco de ser privatizada.

 

Não ao PLP 268/16 que ataca os fundos de pensão

Segundo o diretor da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Devanir Camargo, não pode haver surpresas com as medidas do governo Temer. “Já sabíamos o que teríamos pela frente e sabemos também que são operações casadas. Desmonta a Previdência hoje e amanhã mexe nos fundos de pensão”, ressaltou.

 

O diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e da Contraf-CUT e secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, enfatizou que o recado dos trabalhadores é claro. “Queremos o Ministério da Previdência Social de volta para os seus verdadeiros donos: a classe trabalhadora”.

 

Ademir abordou também os projetos em tramitação, no Congresso, que prejudicam os trabalhadores e destacou o PLP 268/2016, já aprovado no Senado, que destrói a representação dos participantes na gestão dos fundos de pensão de empresas estatais e autarquias.

 

Mulheres serão as mais penalizadas

A secretária de Mulheres da CUT-RS, Isis Marques, enfatizou que as mulheres, por exercerem inúmeras jornadas, serão as  mais atingidas com a precarização dos direitos. “Nós sempre somos as mais vulneráveis em épocas de crise.”

 

“Não aceitamos os desmontes deste governo golpista. Que ataca as mulheres e todas as minorias extinguindo ministérios e secretarias fundamentais para o desenvolvimento do país”, criticou a secretária de Igualdade Racial da CUT-RS, Angélica Nascimento.

 

Dialogar com a sociedade para enfrentar os golpistas

Encerrando o ato, o secretário nacional de Finanças da CUT, Quintino Severo, sublinhou a importância de dialogar com a sociedade para enfrentar os golpistas. “Sempre alertamos que o golpe era contra os trabalhadores, porém muitos embarcaram. E agora, os golpistas vieram destruir o ministério que mais faz transferência de renda no país.”

 

Quintino relatou que participou do ato dos petroleiros, em frente à Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, no começo da manhã. Os trabalhadores estão fazendo 24 horas de paralisação nacional, em defesa da Petrobras e do pré-sal. “O José Serra é o maior vendedor do Brasil, quer entregar o pré-sal e está querendo acabar com o patrimônio brasileiro”, finalizou.

 

Os secretários da CUT-RS, Antônio Güntzel e Paulo Farias coordenaram o ato. Representantes do MST, Via Campesina e Levante Popular da Juventude também participaram da manifestação.

 

Fonte: CUT-RS

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