CNM/CUT apresenta propostas para política industrial

Documento com 35 propostas para o ramo metalúrgico foi entregue a parlamentares na quarta-feira (30), em Brasília. Confederação quer apoio também na luta em defesa dos direitos trabalhistas.

 

A crise política e econômica no Brasil fechou mais de 517 mil postos de trabalho na categoria metalúrgica em pouco mais de dois anos. A atividade industrial está retraída, enquanto o governo, o Congresso e o Judiciário têm uma agenda que levará o país a um retrocesso ainda maior, como o fim de direitos trabalhistas históricos, com o fim da soberania nacional em setores estratégicos, e o congelamento de gastos públicos que inviabilizarão investimentos em infraestrutura.

 

O resultado disso será mais desemprego, porque em segmentos como o naval a produção de plataformas petrolíferas será no exterior. Na construção civil, haverá um gargalo ainda maior, com a diminuição do ritmo de obras públicas.

 

Diante desse cenário, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) apresentou nesta quarta-feira (30) uma série de propostas para o fortalecimento do ramo industrial. O documento com 35 sugestões foi entregue a deputados e senadores.

 

Para a direção da CNM/CUT, somente com uma indústria forte, que assegure conteúdo nacional na produção, a economia do país poderá resistir a momentos de crise. “Exemplo disso é a Alemanha, que tem uma política industrial consistente e assegura direitos trabalhistas. O país foi um dos que menos sofreu com a crise financeira de 2008 e seus reflexos”, lembrou Paulo Cayres, presidente da Confederação.

 

Os dirigentes da CNM/CUT pediram apoio aos parlamentares para conseguir, por exemplo, pressão para a aprovação dos acordos de leniência, para que empresas dos segmentos naval e da construção civil atingidas pela Lava Jato possam retomar suas atividades. “Mais uma vez, a Alemanha serve de exemplo, com o caso da Volkswagen, que fraudou testes de emissão de poluentes. O governo alemão conduziu rapidamente a punição, com o cuidado de garantir que a empresa continuasse a operar”, assinalou Cayres.

 

A Confederação defende ainda que a soberania nacional seja garantida em atividades estratégicas, como petróleo e energia nuclear, para assegurar produção e empregos no Brasil.

 

O documento pede o estabelecimento de uma política industrial perene, que contemple todos os seis segmentos do setor metalúrgico – automotivo (montadoras e autopeças), naval, eletroeletrônico, bens de capital, aeroespacial, siderurgia e outros equipamentos de transporte – com liberação de crédito mais barato para investimentos e para o consumidor, programas de renovação de frota (setor auto) e de equipamentos (bens de capital), e medidas que assegurem o conteúdo nacional nas cadeias produtivas.

 

“Queremos também ter voz e voto nos fóruns de deliberação e que as medidas de incentivo ao setor garantam contrapartidas trabalhistas”, completou o presidente da CNM/CUT.

 

Além disso, o documento pede apoio parlamentar para a luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra o retrocesso que o governo golpista está impondo à sociedade brasileira.

 

O presidente da CUT, Vagner Freitas, presente no encontro, destacou: "É preciso explicar à sociedade que não é verdade que as únicas propostas para a saída da crise são essas medidas reducionistas que o governo golpista apresenta. Queremos disputar essa agenda e explicar ao povo brasileiro que o problema não é o custo do trabalho e sim o custo do dinheiro, do rentismo".

 

Os parlamentares presentes no encontro se comprometeram a defender a proposta da CNM/CUT. Eles demonstraram preocupação com a implantação da PEC 55 (aprovada em primeiro turno no Senado na terça-feira e que congela gastos por 20 anos). “Além de danos irreparáveis na saúde, na educação e em programas sociais, ela engessa investimentos públicos em infraestrutura, o que atinge em cheio o ramo industrial. O fim da soberania nacional no petróleo – como defendem os golpistas – também enfraquecerá nossa indústria”, destacou o deputado Paulo Pimenta (PT/RS).

 

Clique aqui para acessar a íntegra do documento.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT

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