Lula defende recuperação do Polo Naval e ataca Globo em ato com 20 mil pessoas em Rio Grande

Dirigentes do STIMMMESL participaram do ato no sul do Estado

O ex-presidente Lula defendeu a recuperação do Polo Naval de Rio Grande em ato realizado na tarde ensolarada deste sábado (29), que reuniu cerca de 20 mil pessoas, no Largo da Prefeitura. A manifestação contou também com a presença da presidenta deposta Dilma Rousseff, parlamentares e representantes de partidos políticos, de entidades sindicais e movimentos sociais.

 

Na abertura do evento, Lula e Dilma  receberam do presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Polo Naval de Rio Grande, deputado estadual Nelsinho Metalúrgico (PT), do coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval Brasileira, deputado Henrique Fontana (PT), e do vereador Benito Metalúrgico, de Rio Grande, um documento que simboliza a luta pelo Polo Naval, que o governo golpista de Michel Temer (PMDB) está desmontando.

 

Bastante aplaudido, Lula garantiu que “navio da Petrobras tem que ser feito pelas mãos de metalúrgicos brasileiros. Assim como não é possível o Banco do Brasil fechar agências. Vamos voltar para regular os meios de comunicação e para que  o BNDES volte a ser banco de desenvolvimento. Esse desmonte não pode continuar”.

 

 

O ex-presidente lembrou quando assumiu o compromisso de recuperar a indústria naval. “Temos cerca de oito mil quilômetros de costa marítima, isso tem que ser usado a nosso favor. Um país que quer ser soberano tem que saber qual o seu programa de desenvolvimento. O que não posso é ter um navio mais barato feito em Cingapura e um brasileiro dormindo na rua”, disse ele ao citar os inúmeros reflexos que os investimentos no Polo trouxeram para toda a região.

 

“O nível de crescimento econômico bateu recorde. Além disso, mais que dobramos o número de estudantes universitários. As unidades da Unipampa já têm milhares de estudantes. A estrada ente Pelotas e Rio Grande, que parecia impossível de ser duplicada, foi duplicada por esse demônio chamado PT”, recordou.

 

Golpe machista

Lula contou que não entendia o ódio contra o PT, que achava que era por ele ser nordestino, pobre e sem formação superior. “Mas tivemos uma presidente de classe média, bem formada e foram capazes de ter mais ódio dela do que de mim”, destacou.

 

Para ele, é fundamental discutir o papel da mulher na política. “A sociedade, em geral, ainda trata as mulheres como indivíduos secundários. Por isso, precisamos mudar o comportamento, os sindicatos precisam ter mais mulheres nas direções e o mesmo vale para os partidos políticos e nas mesas de debate”, acredita Lula.

 

De acordo com o ex-presidente, o fato de a Dilma ser mulher incomodou muita gente e fez com que “os nossos inimigos rasgassem a Constituição”. “Temos que ter ódio? Não, apenas consciência da luta de classe existente no país”, salientou Lula.

 

Para ele, a elite brasileira não aceita a ascensão do pobre. Não suporta pobre nas faculdades, nos aeroportos, com carros e computadores. “Nós provamos nos governos do PT que podemos mudar a história do nosso país. Vários símbolos podem representar uma nação, mas nada representa mais do que o rosto do povo. Do que uma criança ter o que comer. Do que o jovem que nasceu na favela e sabe que pode sonhar porque terá condições de fazer uma faculdade”, declarou.

 

“Uma nação não pode ser governada por quem não conhece as nossas diversidades, por alguém que por incapacidade de governar vende as nossas riquezas”, continuou Lula. Ele disse que o pretexto dos golpistas era dar o golpe na Dilma para melhorar o país. “Até agora só destruíram, estão acabando com o legado do Getúlio Vargas. Aprovar a terceirização é colocar um trabalhador sozinho para negociar com o patrão. E também querem jogar nas costas do povo o rombo da previdência”, salientou.

 

Lula citou dados que apontam que a previdência é superavitária e, para ele, isso é fruto do aumento do salário mínimo, da geração de empregos e dos investimentos em políticas públicas dos últimos anos.

 

Sobre uma possível antecipação das eleições para 2017, Lula declarou que ele pode esperar até 2018. “Mas quem está desempregado, quem está passando fome, não pode esperar até 2018″.

 

“A nossa nação não pode ficar de quatro diante dos Estados Unidos porque a nossa elite tem complexo de vira latas”, declarou.

 

Antes de encerrar, Lula criticou a atuação da Rede Globo e a desafiou a apresentar o nome do candidato que deverá apoiar para a Presidência da República. ”Eu peço a Deus que a Globo descubra qual é o seu candidato porque eu, que nem queria ser candidato, terei o maior prazer em derrotar esse candidato. A Globo não se presta mais a transmitir informações, mas em tentar destruir o PT, Dilma e Lula”, disse o ex-presidente, sob aplausos da multidão.

 

Dilma: “Vi o Polo Naval nascer”

Antes de Lula, Dilma se emocionou ao falar que viu o Polo Naval nascer e da má fama que a região Sul do Estado tinha, a ponto de ser chamada de “região sem vocação”.

 

“Além de Rio Grande, teve outros polos navais e eu vi cada um sair do chão. Quando saiu o daqui, desse solo, tínhamos o estaleiro mais avançado que o Brasil possuía”, recordou. Dilma contou que, na década de 1980, o país tinha sido uma nação com uma grande capacidade na indústria naval, “mas vieram os governos neoliberais de Collor e FHC e enterraram essa indústria”.

 

Para ela, estão novamente tentando matar essa indústria, que tanto desenvolvimento trouxe. “Querem vender o Brasil”, sentenciou. Dilma afirmou que “o  golpe de estado, que o país sofreu, tem na Rede Globo seu principal partido. E tem como objetivo enquadrar o Brasil no neoliberalismo, no desemprego e na falta de investimentos”, acredita.

 

Segunda ela, muito mais do gerar empregos, a construção do Polo Naval era a afirmação da nossa soberania. “Aqui se gerava a capacidade do nosso país se transformar. De não ser uma nação onde poucos ricos convivem com uma multidão de pobres. Mas uma nação onde mais pessoas tenham mais trabalhos qualificados. Aqui era um caminho de esperança”, classificou ao informar que duas indígenas se formaram pela primeira vez, na FURG.

 

Recordando os dois golpes que viveu na pele, em 1964 e em 2016, Dilma ressaltou as diferenças e semelhanças entre os dois períodos. “Ambos são perversos. O golpe parlamentar e midiático não terminou quando me tiraram da presidência, mas segue atacando a soberania nacional com o desmonte do Polo Naval, a terceirização e as reformas da Previdência e Trabalhista”, citou.

 

De acordo com ela, os golpistas podiam ganhar as eleições democraticamente sem golpe, mas eles perderam quatro vezes nas urnas. “E perderiam sempre porque ninguém votaria neste desmonte”.

 

Ela ressaltou ainda que cada medida adotada pelo governo ilegítimo é um complemento do golpe. “O Polo Naval tem volta. Os nossos direitos, a gente pega de volta. O que não podemos deixar é que os golpistas se perpetuem no poder. A democracia é o nosso caminho para o Brasil voltar a crescer”, encerrou.

 

 

Olívio: “Investimentos no Polo Naval só vieram com a democracia”

Olívio Dutra lembrou que há 100 anos foi realizada a primeira grande greve geral no país e, na época, a sua eclosão foi na cidade de Rio Grande com os portuários. “Ontem eles também fizeram greve e greve não é passeata, é protagonismo da classe trabalhadora, que quer ser agente político”, explicou.

 

“No tempo da ditadura nos enrolaram, falaram investiriam no Polo Naval, mas só garantimos isso com a conquista da democracia”, disse Olívio e afirmou a importância do ato, pois, além de defender a indústria naval e o seu desenvolvimento, defende também a democracia. “Estão destruindo a nossa Constituição”, sublinhou Olívio.

 

De acordo com ex-governador gaúcho, é necessário tirar lições deste momento. “Os golpistas não querem o povo como sujeitos políticos e precisamos ser para a política ser agente transformadora”, enfatizou.

 

Olívio chamou atenção para a grande indústria naval brasileira, da qual faz parte o Polo Naval de Rio Grande. “Para seguirmos com investimentos, precisamos garantir a democracia e para isso precisamos de eleições diretas. Vamos eleger um projeto de desenvolvimento, que tenha no ser humano o ponto central da política”.

 

Gleisi: “O que eles têm na cabeça?”

A senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) destacou que a greve geral parou um país e ainda assim é visível o esforço da mídia golpista em dizer que não teve paralisação. “Greve não é gente na rua, é parar a produção”, sublinhou.

 

Para a senadora, um dos aspectos mais visíveis do golpe é o que acontece em Rio Grande. “Destruir o Polo Naval daqui, de Angra dos Reis e mandar os empregos para fora? Para Cingapura, para a China? O que eles têm na cabeça?”, questionou.

 

De acordo com Gleisi, para gerar emprego é necessário ter ações de governo que propiciem. “Estamos aqui para mostrar o que estão fazendo com as políticas que melhoraram a vida de tanta gente”, disse.

 

Com Lula e Dilma, investimentos recordes na região Sul do RS

Enumerando as conquistas do setor naval, que já empregou 90 mil trabalhadores em todo o país, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres, garantiu que é fundamental denunciar o governo golpista. “Estão destruindo a indústria naval e o nosso Brasil. Estamos dando o recado, somos amigos da democracia e, sem dúvida, a unidade da esquerda, a união camponesa e operária, vai colocar país nos eixos”.

 

O prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT), agradeceu a presença de Lula e Dilma, pois durante anos a região Sul ficou abandonada e esquecida, sem apoio federal. “Nos últimos anos, houve investimentos que garantiram um crescimento de 12% ao ano na região, quadruplicou a arrecadação e duplicou a renda. Os maiores investimentos do Rio Grande do Sul foram feitos aqui”, contou. De acordo com ele, para cada emprego direto, foram gerados de quatro a cinco indiretos na cadeia produtiva.

 

“Por tudo isso, não podemos permitir que os nossos três estaleiros se tornem sucatas. Nós nos qualificamos, temos competência e tecnologia. Dizer que é mais barato gerar emprego lá fora é uma falácia”, disparou.

 

Líder do PT na Câmara, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) afirmou que a bancada trabalhista não vacila em combater “esse governo golpista que está acabando com a Previdência e retirando os direitos conquistados nos últimos 30 anos”. O parlamentar disse que defender o Polo Naval é defender a Petrobras e o pré-sal, “que são nossos e não de empresas estrangeiras”.

 

 

 “A cada dia o golpe nos tira mais direitos”

A abertura do ato ficou por conta da professora e diretora da CUT-RS, Dóris Nogueira, que representou a Frente Brasil Popular. “A frente se consolidou como um espaço de luta e resistência pela democracia, que nos foi tirada quando tiraram a Dilma”, disse. Para ela, “a cada dia o golpe nos tira mais direitos, por isso a importância do ato em defesa da indústria naval no dia seguinte da greve geral”.

 

O representante do MST, João Paulo, reforçou a importância e alegria de fazer parte dessa jornada. “Tenho certeza de que estamos do lado certo, lutando na construção de um país justo. E seguiremos juntos nas próximas batalhas contra esse governo golpista”.

 

Representando a CTB, o deputado federal Assis Melo (PCdoB) relatou a batalha na Câmara, com os parlamentares discutindo e resistindo contra as reformas. “Estamos defendendo a nação brasileira, uma nação soberana.”

 

Ato simbólico de resistência após a greve geral

Destacando a maior greve geral da história, realizada nesta sexta-feira (28), o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que a classe trabalhadora deu o seu recado. “Não aceitamos o fim da CLT, o desmonte dos nossos direitos”.

 

O dirigente sindical destacou o trabalho dos parlamentares, deputados e senadores, dos partidos de esquerda que travam a resistência. “A opinião pública está do nosso lado, todo o deputado e senador que votar contra nós, não será reeleito, porque nós vamos denunciá-los. Se quiser apoio da classe trabalhadora tem que votar contra as reformas de Temer”, declarou.

 

“O ato em defesa do Polo Naval foi simbólico após a grande greve geral”, avaliou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo. Ele afirmou que a agenda dos últimos dias mostra que é possível a resistência se transformar em ofensividade política. “Sem dúvida, a CUT estará nessas trincheiras na defesa dos trabalhadores”, garantiu.

 

Claudir destacou a importância da manifestação combativa de Lula, denunciando o papel perverso da Rede Globo e o assalto que está ocorrendo no Brasil pelos golpistas. “O Temer e sua base aliada entregam o patrimônio nacional e aumentam os índices de desemprego”.

 

“É importante Lula ter reforçado a resistência às reformas trabalhistas e previdenciárias e ter afirmado que gastará suas energias em defesa de um Brasil soberano, forte e gerador de emprego”, assinalou.

 

 

Fonte: CUT-RS

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