CUT-RS repudia violência contra Lanceiros Negros, denuncia estado de exceção e responsabiliza governo Sartori
A CUT-RS repudia com veemência a operação de guerra deflagrada pela Brigada Militar (BM) na noite fria de quarta-feira (14), véspera do feriado de Corpus Christi, na ação de reintegração da ocupação Lanceiros Negros, no centro de Porto Alegre, cujas cenas de violência descabida e truculenta chocaram os gaúchos e repercutiram em todo o país.
Setenta famílias de trabalhadores foram obrigadas a abandonarem o prédio público, que há quase dois anos servia de moradia, depois que policiais da tropa de choque da BM atiraram bombas de gás e balas de borracha, além do uso de spray pimenta e cassetetes para agredir homens, mulheres e crianças. Pertencente ao governo do Estado, a edificação se encontrava fechada há muitos anos, sem qualquer utilização.
Seis pessoas foram arbitrariamente presas, além de várias pessoas feridas. O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do RS, em pleno exercício da atividade parlamentar, foi arrastado no chão, detido, algemado, conduzido para uma viatura e mais tarde solto nas imediações do Palácio Piratini.
“A repressão policial, com ausência do aparato judicial, comprova que, depois do golpe que levou o golpista Michel Temer (PMDB) ao governo do Brasil, vivemos mesmo num estado de exceção, onde os direitos e as garantias constitucionais estão sendo violados, especialmente quando se trata de trabalhadores, sobretudo os mais pobres, os sem teto, os sem terra, os que estão desprovidos de cidadania”, afirma indignado o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Para ele, “nada justifica a decisão judicial que autorizou a reintegração, pois é um imóvel que estava desocupado e não possui nenhum projeto de utilização pelo Estado. Além disso, a ação de despejo ocorreu no horário noturno e com muito frio, mostrando a crueldade da Brigada Militar, a mando do governador José Ivo Sartori (PMDB), contra famílias de trabalhadores que ali viviam e agora não onde têm morar”.
“Exigimos a imediata demissão do secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, e do comandante da BM por práticas abusivas, violentas e arbitrárias, que afrontam o estado democrático de direito”, defende Claudir.
Fonte: CUT-RS