Assembleia com os trabalhadores da Taurus repudia demissão em massa
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região fez uma assembleia em frente à Taurus, na manhã desta quarta-feira (3). O objetivo era esclarecer os trabalhadores e trabalhadoras sobre as cerca de 120 demissões ocorridas ontem (2) na empresa.
"Não podíamos estar em outro lugar, se não aqui, dando um relato da situação e orientando os trabalhadores, pois isso criou uma instabilidade muito grande", afirmou o presidente do Sindicato, Valmir Lodi ao informar que imediatamente, após as demissões, a entidade procurou a direção da empresa.
De acordo com Valmir, a empresa se comprometeu em parar com as dispensas, todas as rescisões serão feitas no Sindicato e as verbas rescisórias serão pagas. "A nova direção se comprometeu em manter os mais de mil postos de trabalho aqui na Taurus. E também garantiram que por mais que a situação não seja a melhor, a empresa segue sólida e não irá pedir recuperação judicial", salientou o dirigente.
"O Sindicato não vai aceitar demissões em massa. Isso é mais um fruto da Reforma Trabalhista, deste governo golpista, que entrou em vigor em novembro", garantiu ele. Outro destaque foi referente aos trabalhadores terceirizados, Valmir defende que “todos são trabalhadores da Taurus e devem ser tratados como tais, independente da função que exercem.”
“Precisávamos estar aqui para tranquilizar vocês. Não queremos que a Taurus vire uma máquina de massacrar o trabalhador”, finalizou Valmir.
Apoio aos trabalhadores e ao Sindicato
Durante a assembleia, inúmeros dirigentes de entidades da região manifestaram seu apoio aos trabalhadores da fábrica e ressaltaram a atuação do Sindicato.
Para o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, Edgar Lucídio (o Sucão), os trabalhadores da Taurus estão bem representados, pois "esse Sindicato é de luta e está negociando com a empresa para que todos os direitos das pessoas que foram dispensadas sejam respeitados”. Para ele, não pagar verbas rescisórias (como havia boatos dentro da empresa), é um crime.
Repudiando a demissão em massa e a Reforma Trabalhista, que está desmontando a CLT, o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, Silvio Bica, defendeu a unidade da classe trabalhadora. “Mais do que nunca precisamos estar unidos para enfrentar esse retrocesso”, disse. Para Bica, os trabalhadores que tem cargos de liderança precisam saber que “ninguém é queridinho do patrão”. “Eles exploram os trabalhadores, demitem quando querem e se bobear, não pagam os direitos”, finalizou ele.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Cachoerinha, Marcos Muller, abordou a importância da empresa tratar os terceirizados como trabalhadores da Taurus. “Desde que a unidade de Porto Alegre foi transferida para São Leopoldo, eles estão terceirizando inúmeros setores”, contou.
Trabalhador da Taurus há 30 anos e dirigente sindical, Rogério Bicudo, enfatizou que a situação é grave. “Há dois anos, a Taurus veio de Porto Alegre e sabíamos que isso podia acontecer, porém aqui foram produzidas mais de 90 mil armas por mês. E quem faz essa produção são vocês, por isso a empresa precisa respeitar os trabalhadores”, enfatizou. Ele também lembrou a situação na época da transferência, com barro na entrada da empresa e os vestiários em containers. “Houve aspectos que melhoraram muito e se o Sindicato aqui não fosse forte, a situação continuaria a mesma”, ponderou.
O secretário geral da CNM/CUT, Loricardo Oliveira, acompanha negociações dos metalúrgicos em todo o Brasil e lembrou a luta do movimento sindical desde antes do golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff. "Dizíamos que seria um retrocesso para os trabalhadores, mas os empresários vendiam a imagem de que a economia iria melhorar. Porém este ano, tivemos o menor reajuste do salário mínimo dos últimos 24 anos e isso norteia todas as negociações salariais”, disse.
Loricardo recordou também que em 2014, os empresários reclamavam que os salários eram acima da inflação, com aumento real. “Mas a nossa economia crescia, o índice de desemprego era de apenas 6%. Eles falavam que era bom ter desemprego porque iria aumentar a oferta de mão de obra. E que fizeram? Estão destruindo com o Brasil”, declarou o dirigente que salientou a situação da cidade de Rio Grande, que já teve cerca de 30 mil metalúrgicos e agora tem menos de 3 mil, pois acabaram com o Polo Naval.
Finalizando, ele chamou atenção para a Reforma da Previdência, que deve ser votada em fevereiro. “O golpe ainda não está completo, eles querem acabar com tudo. Diante desses ataques precisamos pensar contratos coletivos nacionais das empresas que tem Rede, como a CBC”, provocou.
Assembleia no Sindicato
Após a mobilização na porta de fábrica, aconteceu uma assembleia na sede do Sindicato com os trabalhadores demitidos. A direção da entidade junto com a assessoria jurídica esclareceram os trabalhadores sobre o acordo feito com a direção da empresa para garantir todos os direitos e verbas rescisórias dos trabalhadores.
Fonte: STIMMMESL