Ministro da Educação diz que “universidade para todos não existe”
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que “a ideia de universidade para todos não existe” e que as vagas do ensino universitário devem ficar reservadas apenas à “elite intelectual”. Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (28), ele defendeu o ensino técnico como ferramenta de inclusão do jovem no mercado que, segundo o ministro, garantiria retorno financeiro “maior e mais imediatos” que a graduação em nível superior.
“As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica (do país)”, afirmou Vélez Rodríguez. O ministro ironizou formados no ensino superior que, não encontrando colocação no mercado de trabalho nas suas respectivas áreas de formação, acabam trabalhando, por exemplo, como motoristas de aplicativos de transporte individual. “Nada contra o Uber, mas esse cidadão poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação”, se referindo a um hipotético graduado em Direito.
O ministro diz que, até o momento, não estuda implementar a cobrança de mensalidades nas universidades públicas, mas defendeu a continuidade da política de redução no Financiamento Estudantil (Fies), iniciada no governo de Michel Temer.
Reproduzindo o discurso de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Vélez Rodríguez criticou ainda a chamada “ideologia de gênero”, dizendo que as escolas ensinam “menino a beijar menino e menina a beijar menina”. Questionado sobre fatos que atestem tal declaração, o ministro desconversou, dizendo que este não é um tema do seu interesse.
O senador Humberto Costa (PT-PE) criticou as declarações. Pelo Twitter, afirmou tratar-se de “mais um absurdo do governo Bolsonaro”. O deputado federal Décio Lima (PT-SC) afirmou que “enquanto (o ex-presidente) Lula criou o Programa Universidade para Todos, o Prouni, Bolsonaro cria o PROPOUCOS, programa de universidade para poucos. Lamentável!”. O também deputado Ivan Valente (Psol-SP) criticou o “elitismo nas universidades”, sugerindo que o Estado deve ampliar o acesso ao ensino superior, em vez de restringir.
Fonte: Rede Brasil Atual