Metalúrgicos participam de debates da 16ª Plenária Estadual da CUT-RS

Aconteceu de maneira virtual, através do aplicativo Zoom, a 16ª Plenária Estadual da CUT-RS, na noite de sexta (3) e na manhã de sábado (4). A atividade reuniu mais de 200 delegados e delegadas de todo o estado e, das mais diversas categorias do setor público e privado, além de dezenas de convidados. Com uma delegação de oito pessoas, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL) se fez presente e destacou a importância da atividade para manter a unidade e a mobilização para os enfrentamentos do próximo período.

O encontro aconteceu uma semana depois do aniversário de 38 anos da CUT, teve como lema a frase “Unidos, organizados e mobilizados somos mais fortes” e os temas foram “Trabalho, Direitos e Democracia”. Representações de diversas entidades do movimento sindical e social, além de políticos manifestaram, nas suas saudações, a importância estratégica da CUT para o desenvolvimento do país e na defesa da democracia.

A diretora do Sindicato, Simone Ribeiro Peixoto, destacou a fala de muitos participantes na atividade, que reivindicavam e salientavam a necessidade de inclusão e diversidade nos sindicatos. “Não só para preencher cota, mas pra debater conjuntura política e lutar por direitos trabalhistas”, disse Simone.

De acordo com ela, incluir mulheres nos sindicatos é necessário para debater o que é realmente necessário para melhorar nos direitos trabalhistas das trabalhadoras, incluindo exigências nas convenções coletivas e cláusulas específicas para elas. “Gostei também que falaram em não ficar só nos sindicatos e nas portas de fábrica, mas ir para os bairros conversar e esclarecer as pessoas”, enfatizou a diretora.

 

 

Já o diretor do STIMMMESL, Alexandre Rosa da Rocha, a realização da Plenária valoriza a importância da luta dos trabalhadores do campo e da cidade. “Onde a CUT sempre foi protagonista desde a sua fundação, estando à frente de grandes mobilizações ao longo da história”.

Para o dirigente, os debates nos fortalecem as entidades e as categorias. “Pois juntos construímos o rumo da nossa Central e isso acaba refletindo dentro dos sindicatos, nas categorias e no âmbito social”, destacou.

Além de Simone e Alexandre, os diretores Aldonei Severo, Roni do Carmo Rodrigues, Genilso Vargas da Rosa e Erenita Fernandes dos Anjos também integraram a delegação do STIMMMESL junto dos delegados natos Loricado Oliveira e Quintino Severo, além do suplente Luciano Pereira Correa.

 

Abertura

“Temos um objetivo comum, decidido há dois anos no nosso Congresso: derrotar o governo Bolsonaro e seus aliados; retomar o Brasil para os brasileiros, trazendo para o país um projeto democrático que inclua a classe trabalhadora”, defendeu o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci. “Nossa luta é pela revogação do entulho golpista”, destacou.

Amarildo frisou o papel que o empresariado teve no golpe de 2016 que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. “Não podemos perder de vista, que assim como em 1964, boa parte dos empresários, parcelas do Judiciário, banqueiros e setores do agronegócio patrocinaram juntos, com os grandes meios de comunicação e a supervisão do império americano, o golpe que resultou na eleição do Bolsonaro. A estratégia se soma a toda a perseguição que fizeram com o Lula para retirá-lo das eleições de 2018”, salientou.

Ele enumerou uma série de motivos para afastar o ocupante do Palácio Planalto, como “negacionista, genocida, desemprego, custo de vida, racista, misógino e ataca a Constituição e as instituições”, disse. “Nós temos todas as razões para derrubar Bolsonaro nas ruas, nas redes, com muita organização nos locais de trabalho e unificados”, ressaltou. “O Brasil precisa de nós”.

 

 

Já o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, destacou que a 16ª Plenária acontece num momento delicado da pandemia e do desemprego. Ainda assim, de acordo com ele, o governo de Jair Bolsonaro (sem-partido) queria aprofundar ainda mais o desmonte e trazer de volta a carteira verde amarela, que significa o trabalho escravo, sem direito algum.

“Além disso, Bolsonaro tenta desmontar o estado brasileiro, com as privatizações de diversas estatais que nenhuma empresa privada tem capacidade de oferecer o mesmo serviço. Também quer desmontar o serviço público com a PEC 32, que prejudicará toda a sociedade”, declarou.

 

Recado do ex-presidente Lula

Em vídeo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mandou um recado aos participantes da 16ª Plenária criticando a crise sanitária sem precedentes e o enfrentamento à pandemia por parte do governo. Destacou o alto número de desempregados e desalentados, além da volta da fome no Brasil.

“Temos um presidente que nunca discutiu investimentos e desenvolvimentos na ciência e na educação. Um presente que, ao invés de discutir, saúde, educação, segunda, debate o voto impresso. É esse o Brasil que vocês tem que ajudar a mudar.  Pensar que país desejamos a partir desse instante”, acredita Lula.

 

 

Segundo ele, nas eleições de 2022 é preciso eleger mais gente com compromisso com os trabalhadores. “Para garantir que os sindicatos trabalhem livremente, que o país tenha desenvolvimento e melhores condições de trabalho para todos. As pessoas querem ter direitos a saúde, universidade e nós já provamos que é possível fazer isso e não tenho dúvida que a CUT é uma máquina poderosa para a transformação do país”, garantiu Lula.

 

Análise da conjuntura internacional e nacional marcaram os debates

A conjuntura internacional ficou por conta da professora e doutora em desenvolvimento econômico, Juliane Furno, que explicou que as crises do capitalismo não só são próprias do sistema e também são funcionais, pois abrem janelas históricas para mudança das relações de trabalho e das funções do estado. “A sociedade sai mais pobre de um processo de crise. Porém a crise de 2018 não conseguiu cumprir o seu papel e abriu precedente para a direita se organizar num novo neoliberalismo, extremamente autoritário”, contou ela.

Juliane destacou que ao esvaziar os serviços públicos essenciais, que é o que o governo faz com a reforma administrativa, abre caminho para que eles sejam comprados pela iniciativa privada, rasgando o pacto constitucional de 1988. “Se o estado não te mais poder sobre as empresas estatais para cumprir o seu dever, isso quer dizer que a capacidade do executivo está totalmente amarrada, pois as decisões das coisas que dizem respeito a nossa vida não passam mais pelo estado pois ele alienou essas decisões. E pior, promoveu um esvaziamento da democracia”, disse.

“Fora Bolsonaro, Leite e suas políticas” foi o debate da manhã de sábado e o representante do MST, João Paulo iniciou sua intervenção afirmando que Bolsonaro fez a tarefa de casa com sucesso, com três grandes ajustes. Na mudança do Congresso que deu segurança política para o governo federal, ele também consegue fazer uma mudança que nunca haviam feito após a Constituição Federal, que foi mexer no comando das forças armadas e por último, a reafirmação política de Paulo Guedes.

 

 

“Sem dúvidas, é um cenário difícil para fazer o enfrentamento. Porém, em julho, agosto a conjuntura começou mudar por três fatores”, destaca. Para ele, a CPI da Covid, o comportamento do Supremo Tribunal Federal em relação a Lava Jato, ao Lula e ao enfrentamento à Fake News e o desgaste a política econômica são indícios que a conjuntura está mudando. “O pibinho divulgado na última semana, sinaliza tempos difíceis e soma-se a isso o aumento dos combustíveis, a valor dos preços dos alimentos, preço da energia e o desemprego. E isso impacta diretamente no governo”.

“Diante disso, entre as nossas tarefas, temos que manter unidade, transformar o 7 de setembro num grande ato, fazer grandes processos de debates para saber o nosso papel neste segundo semestre, fortalecer as frentes do campo e da cidade e organizar um bom processo eleitoral”, finalizou João Paulo.

Ao longo do sábado, os debates envolveram ainda o balanço da atuação da CUT-RS desde o início da pandemia, as estratégias organizativas e a aprovação do plano de lutas para o próximo período. Também foi aprofundado o projeto CUT com a Comunidade, que tem levado solidariedade e dignidade para famílias carentes na periferia de Porto Alegre.

Ao final do encontro, foram eleitos os delegados e as delegadas que representarão o Rio Grande do Sul na 16ª Plenária Nacional da CUT, denominada “João Felício e Kjeld Jakobsen” como homenagem a dois ex-presidentes recentemente falecidos, que ocorrerá de 21 a 24 de outubro, também de forma online.

 

Fonte: STIMMMESL com informações da CUT-RS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

15 − onze =