“A nossa sabedoria vai ser ter a capacidade de conversar com lideranças comunitárias”, afirma o metalúrgico e ex-presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo

Metalúrgico e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT-RS), Claudir Nespolo tem 61 anos, é casado com Nelsa com quem tem um casal de filhos e uma neta. Mora no bairro Sarandi, em Porto Alegre, desde quando chegou na capital, em 1988. Filho de sindicalista, ele considera isso um privilégio. “No ambiente familiar, o assunto sindicato era natural ser discutido”, lembra.

Atualmente, é secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, entidade que presidiu por dois mandatos. “Ter presidido a CUT foi o maior desafio da minha vida. E eu peguei o melhor e o pior momento como presidente”, conta ele. Sobre o futuro do movimento sindical, Claudir é enfático ao afirmar que “a nossa sabedoria vai ser ter a capacidade de conversar com lideranças comunitárias e atuar junto em pautas comuns”.

 

Confira a íntegra da entrevista:

 

 

Conte um pouco de sua história. Como você estrou para o movimento sindical?

Eu tive um privilégio na minha vida que é ser filho de sindicalista e, por uma circunstância do destino, também é um policial aposentado. Meu pai foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo, em 1951 e independente do contexto da época, ele já vinha com uma consciência crítica das coisas, das notícias, de comentar as coisas com a família. Isso acabou que, no ambiente familiar, o assunto sindicato era natural ser discutido e mesmo depois dele ter virado policial por uma circunstância pessoal, teve uma seca muita grande e perdeu a safra, teve que buscar uma alternativa e acabou entrando na Brigada militar, onde militou também. Então, com 17 anos, eu já tinha participação no movimento social, comecei a trabalhar como comerciário e queria mudar o mundo. Essa inquietação que o jovem tem e desperta quando ele compreende que as coisas não estão legais, há muitas injustiças, pessoas passando fome e isso não é normal. Não é normal uns terem tanto e outros não terem nada, isso vai gerando uma consciência na gente. Então, entrei no movimento sindical meio ao natural. Comecei a trabalhar e fomos organizar a oposição no Sindicato dos Comerciários de Passo Fundo, pois era uma entidade pelega, onde percebemos que o gerente de RH da maior empresa da cidade, o Grazziotin era também o presidente do sindicato. Não estava certo isso aí, fomos atrás do estatuto e criamos um trabalho de oposição para ganhar o sindicato. Logo na sequência, fiz um curso de torneiro mecânico e fui para a categoria metalúrgica, mas aquele trabalho deu frutos e tocamos até hoje, é um sindicato comprometido com a luta dos trabalhadores. Então o meu despertar foi muito a partir dessa ideia sobre a necessidade dos sindicatos, mesmo que os trabalhadores não se liguem nisso.

 

Você foi presidente da CUT-RS por dois mandatos. Como foi a experiência de representar as mais diversas categorias?

Aqui tem um capítulo na minha vida que foi um dos mais importantes e olha que tive vários capítulos, tanto nos locais de trabalho, nas experiências que tive nos metalúrgicos, mas se desafiar para ter presidido a CUT foi o maior desafio da minha vida. Eu peguei o melhor e o pior momento como presidente. Peguei o período que todos os trabalhadores estavam ganhando, no governo Lula, Dilma, com pleno emprego, uma oportunidade extraordinária de avançar a luta dos trabalhadores, as conquistas, tinha muita oportunidade de qualificação profissional. Depois teve o golpe e eu continuei presidente da CUT no pior momento, foi quando teve a reforma trabalhista que tirou tantos direitos da classe. Mas esse experiência de presidir uma das CUT mais organizadas do Brasil, a CUT-RS tem um histórico imenso, passou por aqui presidentes que honraram essa entidade e tem uma memória excelente da classe trabalhadora e eu assumir essa tarefa foi um diferencial, foi a melhor tarefa que tive como militante da causa, que é a causa de combater as injustiças. Essa coisa de conversar com sapateiros, bancários, conhecer melhor o serviço público, as pautas e lutas do serviço público, não só a luta por direitos corporativistas de salário melhor, mas a luta por serviço público e quem mais precisa disso é nos, a classe trabalhadora. E isso permeou todos meus mandatos aqui na CUT. Daqui 30 anos eu vou pensar, quantos tiveram a oportunidade de ser presidente de uma CUT ativa, combativa e eu tive esse privilégio. Conheci a classe trabalhadora e lutei junto dela neste período.

 

Qual a importância da categoria metalúrgica para a organização do movimento sindical no Brasil?

Qualquer um que acompanha um pouco a história do Brasil e dos trabalhadores brasileiros sabe que em algum momento da história, alguma categoria foi muito importante, a mais importante para puxar a luta para frente, para estimular a luta. Se tu observar lá nos idos da industrialização brasileira, a categoria chave era os gráficos, porque os jornais eram o único instrumento de comunicação que tinha e os gráficos, em algum momento da história, no início da década de 20 era a categoria mais importante que tinha. Quando os gráficos lutavam por direitos, o resto da classe trabalhadora vinha junto porque eles eram muito importantes, se parassem as gráficas o mundo ficava sem comunicação, então eles tinham um papel central. Depois, vieram os ferroviários, eram linha de frente quando expandiram os trens no país, tudo passava pela malha ferroviária, então se parasse o trem, tudo parava. Esse caráter estratégico do ponto de vista da economia, também era debatido e eles faziam luta. Os ferroviários cumpriram um papel muito importante na década de 50, 60. E os metalúrgicos, por conta do dinamismo econômico, nos anos 70, 80 correspondiam a 37% do PIB brasileiro e esse peso na economia resultou numa categoria muito grande, as fábricas metalúrgicas eram imensas. Para tu ter ideia quando entrei na Mundial SA, em 1988, a fábrica tinha 5.200 trabalhadores para produzir cutelaria, talheres, garfos, baixelas, facas, uma linha imensa de cutelaria e exportava pra130 países. Então a categoria metalúrgica cumpriu e ainda cumpre um papel importante, não pelo seu volume, mas porque propôs lutas. Se você observar o papel que teve o Sindicato do Lula, os metalúrgicos do ABC, na época era Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo no final dos ano 70, praticamente ajudaram a abrir as portas da democracia no Brasil, enfrentaram a ditadura numa época que as armas davam tiros no trabalhador e as balas não eram de borracha e as bombas eram reais, não de efeito moral. Então a categoria metalúrgica foi um dos atores importante para a democracia e ajudou a criar a agenda de participação dos trabalhadores que nos levou a colocar na Constituição Federal, direitos trabalhistas. São poucas as constituições do mundo que tem direitos trabalhistas. Nos temos 34 direitos trabalhistas previstos no capítulo sete da Constituição. Nos temos percentual para saúde, para educação. Poucos países no mundo tem percentual do orçamento para educação e esse assenso nas lutas em 88 levou a consolidar isso e obviamente, a categoria metalúrgica foi fundamental. O Lula que era uma figura muito conhecida e respeitada por enfrentar o sistema. No Brasil, todo os metalúrgicos se movimentavam juntos e cumpriram um papel importante para ajudar a luta por direitos. Para teres ideia, a redução da jornada de trabalho em 88, já era 44 horas para os metalúrgicos, na Constituição Federal conseguimos que ficasse 44 para todo mundo, pois algumas categorias tinham 48 horas de trabalho, então universalizou o direito. Esse é o papel estratégico e se não for para isso, também não adianta ser grande.

 

Tu vens de uma categoria que se modernizou e mudou muito nos últimos anos, pensando nas entidades que representam os trabalhadores metalúrgicos, tu achas que os sindicatos conseguiram acompanhar essas mudanças?

A reestruturação produtiva junto com as novas tecnologias. Os países modernos fizeram esse movimento um depois do outro, então o impacto não foi tão grande. Aqui o impacto foi perverso. Collor de Melo abriu as exportações, ele foi eleito em 89 e rapidamente abriu a entrada de máquinas e equipamentos, facilitando o acesso de máquinas modernas e as empresas não estavam preparadas. Pegando a empresa que eu trabalhava, éramos organizados no que chamamos modelo fordista, o trabalhador era especializado em fazer uma coisa, tinha o setor de corte, depois a estamparia, o polimento e no final, um grande setor de embalamento. O trabalhador naquela ocasião só fazia polimento, por exemplo, mas fazia aquilo com muita habilidade, inclusive tinha muita doença por movimento repetitivo, era a parte ruim… O que fizeram depois dessa abertura foi o Toyotismo, organizaram a fábrica por linha, por processos, corte, polimento, estamparia…. Isso alterou profundamente o ambiente na fábrica e é isso que chamamos de restruturação produtiva, o trabalhador passou a ser polivalente, se adaptou para trabalhar em qualquer linha, dominar o processo todo. Teve muita gente que não conseguiu e foi um desemprego geral. Essa reestruturação liquidou com o tamanho das fábricas e com os empregos de trabalhadores que não conseguiram acompanhar o processo. E a chegada dos Controles Lógicos Programável (CLP), eu era mecânico de manutenção e atuava na área de hidráulica e pneumática, na época a empresa tinha investido muito em mim para compreender essa área. E houve uma redução das plantas de fábricas, partes do processo passaram a ser feitos fora das plantas, com terceirizados, fornecedores. Isso reduziu muito o tamanho da categoria metalúrgica, mas não reduziu a sua importância do ponto de vista de processo histórico, tanto que até hoje é uma categoria muito importante, liderança no processo de lutas. Agora, os sindicatos perderam sócios, perderam poder, na medida que reduz a categoria perde a capacidade de fazer uma grande passeata, uma grande assembleia. Eu lembro que na troca de turno, quando havia assembleia do sindicato, a gente parava o turno e ia nas assembleias a pé, a avenida Assis Brasil ficava azul e após, voltávamos para a fábrica. Depois começou a ter um certo distanciamento, essa coisa da polivalência, multifunção, trabalhador dominar todo o processo. Esse modelo de organizar a produção foi rompendo aqui que chamamos de “espírito de corpo”, quando tem muitos fazendo o mesmo tipo de serviço, um do lado do outro, por dois, três, cinco anos ele cria um ambiente de camaradagem, de ajuda mútua, até de brigas e também, de namoros, de casamento. E o novo modelo, de robótica, individualizou o trabalhador porque ele passou a dar conta de metas, cumprir várias funções. E aqui começou um trabalhador a ser disputado pelas empresas, não só pela força de trabalho, mas por sua ideologia e aqui está o problema da nossa classe.

 

 

O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso?

O resultado disso é menos conquistas e tem razão, o movimento sindical já não tem mais aquela aceitação que tinha anos atrás. Se eu sair caminhando aqui na rua e encontrar alguém de macacão, capacete, trabalhador de obra, se naquela época falasse “e aí companheiro?” Seguramente ele iria responder, “e aí tudo bem? Estamos juntos”. Hoje o risco é capaz dele te xingar. A classe tá confusa e os sindicato pagaram o preço. O movimento sindical recebeu esse ataque brutal que foi a reforma trabalhista, é bom deixar registrado que foi o segundo ataque aos sindicatos após o golpe na Dilma. O primeiro, foi na própria Dilma e no PT, em seguida veio o teto dos gastos e após a reforma trabalhista, feita para prejudicar os sindicatos e óbvio, para implantar trabalhos precários. Eles decidiram remover os obstáculos e avanças nas reformas, atacaram os sindicatos, tiraram as contribuições sindicais, tiraram o acesso à justiça, pois o trabalhador tem que pagar as custas, incluíram vários modelos de trabalho, bico, terceirização na atividade fim. Isso tudo gerou dificuldades para os sindicatos atuarem como uma força viva, no dia a dia da classe trabalhadora, porque reduziu o poder de barganha e de pressão. Sem dinheiro tu não faz luta, mas continua sendo importante, nos precisamos enfrentar isso aí.

 

Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência?

Principal foi que os sindicatos estão atuando menos, gerou descredito, mas é um descredito superficial porque nunca os trabalhadores precisaram tanto de sindicatos como agora. Exatamente porque essas mudanças pós golpe não conseguiram fazer o que queriam mesmo, que era tirar os direitos da Constituição Federal. Esse é o sonho do Guedes e dos neoliberais, transformar em lei ordinária. Então o principal ataque que os trabalhadores estão tendo é esse, estão tentando tirar direitos garantidos, para tirar precisa de 2/3 dos votos. Se fosse lei ordinária, a reforma trabalhista não teria ficado só com trabalhos precários, eles teriam tirado as férias de 30 dias, O objetivo do Guedes é acabar com férias de 30 dias e o trabalhador não se liga nisso. Hoje, tu tens o trabalhador com um ano de empresa, com direito a férias de 30 dias como o trabalhador que tem 20 anos de empresa. Tem os quinquênios que os sindicatos conseguem e ele acaba compensando o tempo de serviço ganhando um pouco mais. E o discurso do Guedes é que isso não é justo com o trabalhador que tem 20, 15 anos de empresa, porque no Japão é só sete dias de férias, depois um dia a mais por cada ano trabalhado… O objetivo deles ainda é chegar neste ponto, só que eles não conseguiram. Como não conseguiram atingir o plano máximo da reforma da previdência, que era instituir o sistema de capitalização. Eles foram derrotados. Queriam acabar com o regime de solidariedade e instituir o regime de capitalização, onde o trabalhador faz o seu depósito, recebe quando se aposenta e depois acaba. Queriam terminar com o sistema de solidariedade, saúde, previdência e seguridade social, que é pago pelo estado, empresários e trabalhadores. Conseguiram atrasar o ingresso à aposentadoria, conseguiram excluir setores e reduzir valores de aposentadoras, mas não conseguiram acabar com o sistema tripartite. Guedes foi derrotado, mas ainda assim sofremos ataques brutais. Muitos trabalhadores ainda acham que foi legal acabar com a contribuição que faziam aos sindicatos, mas entidades que fazem luta estão vivas, com mais dificuldades, mas estão tocando.

 

Na tua opinião, falta consciência de classe para os trabalhadores?

A gente paga o preço, e acho que vai ser mais difícil no futuro, do nosso povo ser subordinado a uma educação e a culpa não é do professor e sim,  de uma grade curricular em que as pessoas não fazem a reflexão, dificilmente são conduzidas a ser uma pessoa com opinião. O conjunto do sistema educacional é focado para ter um trabalhador dócil, domesticado e subalterno, é produzido para isso. Buscar seu emprego e ficar por aí. Ele não é um modelo que crie trabalhadores com possibilidade de escolhas, não significa que tem que formar revolucionários, marxistas não, nada disso, mas a meritocracia ganhou. Então o centro é a meritocracia, tu és bom ou tu não vais se dar bem. Não interessa se é branco ou negro, mas se for negro a chance de não conseguir emprego formal é muita grande. Na fábrica que trabalhava, no setor de manutenção, tinha 42 trabalhadores, nenhuma mulher e apenas um negro, mas quando tu olhavas para o chão da fábrica, a maioria eram negros e negras. Tudo isso gera um problema de miopia, de forma como é feito a educação brasileira, que acaba gerando um operário, trabalhador que quando não tem capacidade de escolha ele também pensa processos produtivos.

 

 

Qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período?

Precisamos conversar com um setor da base que não tem mais local de trabalho. Temos que combater as injustiças que estão aí e conversar com o pessoal que é subproduto da reforma trabalhista, que está no bico, está nas plataformas, em casa, em home office, não recebe mais o material do Sindicato na porta de fábrica ou está no desalento, que é a grande maioria. Hoje tem mais trabalhador nessas formas de trabalho do que em emprego formal. Então, tenho bem resolvido comigo que a CUT e o sindicalismo tem uma missão, que é fortalecer a representação nos locais de trabalho onde tenhamos carteiras azuis, ainda tem muita fábrica grande imensa com carteira assinado, serviço público. Neste setores temos que profundar a organização no local de trabalho, sindicalização, solidariedade e luta, e vai se organizar a partir de procedimentos dos sindicatos, a partir disso, teremos legitimidade de irmos para os bairros, com as lideranças comunitárias para conversar sobre como se organizar num ambiente que não tem local de trabalho. O caso dos uber é simbólico. Entregadores de delivery também, um grande setor que está a margem, mas não só, é um setor que está em expansão, setor de serviços. Muitos profissionais já estão nas plataformas trabalhando, área de conserto, manutenção… A CUT tem desenvolvido algo extraordinário que é a CUT na comunidade, um esforço de solidariedade, arrecadação de alimentos com os sindicatos e entregamos todas as sextas, 80, 100 ranchos para lideres comunitários de vários bairros de Porto Alegre, para começar a dialogar com quem está passando fome e junto com isso, fazemos reuniões, conversas. A nossa sabedoria vai ser ter a capacidade de conversar com lideranças comunitárias e atuar junto em pautas comuns.

 

Muitos trabalhadores, mesmo os sindicalizados, não conhecem a estrutura sindical (sindicatos, federações, confederações, central…). Fale um pouco sobre essas instâncias e da importância delas para efetivar políticas que beneficiem os trabalhadores?

No modelo sindical brasileiro, o sindicato é o órgão de base, defendemos que abaixo dos sindicatos tenha as comissões de empresas. Mas o sindicato é a primeira instância, a primeira trincheira que os trabalhadores tem, é o lugar onde, no pior momento ele vai ir. Deu acidente, perdeu um braço, morreu um filho, uma tragédia, foi demitido injustamente, sonegaram o direito dele, ele vai ir no sindicato, mesmo aqueles que falam mal vão ir buscar esclarecimentos e serão encaminhados. Se não tiver um sindicato, ele vai aonde na hora de um problema? Vai procurar a televisão? Vai ligar para a rádio? Para o vereador? E os sindicatos se organizam em federações. Então os sindicatos de metalúrgicos no Rio Grande do Sul tem uma federação estadual, que junta todos os sindicatos metalúrgicos do estado. A Federação coisona a luta pela campanha salarial, abre uma jurisprudência, São Leopoldo por exemplo, faz a campanha salarial um pouco depois da Federação, que é 1º de maio, mas combinamos juntos, temos mecanismos de pressão aos empresários que também tem pautas. Eles sempre apresentam uma pauta de retirada de direitos. A Federação se organiza nas confederações nacionais, que já é mais para fazer formação, intercâmbios, pegar as boas práticas dos sindicatos no Brasil, para tornar o sindicalismo mais eficiente e fazer a disputa no Congresso Nacional. E as confederações são filiadas à CUT, neste caso, a Central unifica todas as categorias e ramos, do campo e da cidade, para fazer lutas conjuntas. Fala em Sindicato, as pessoas pensam só são de trabalhadores, mas tem entidades sindicais dos empresários também, o que é a FIERGS? Uma federação de sindicatos de empresas. A CNI? Confederação Nacional da Indústria que também se movimentam no Congresso para conseguir isenções, renúncias fiscais, além de discutir com os parlamentares a reforma trabalhista. É muito raro o patrão não participar do sindicato. Eles participam e pagam porque eles sabem que o sindicato tem que ser forte, eles sabem mais que os trabalhadores.

 

Como atrair mais sócios para o sindicato?

Eu retomaria o ponto inicial, tu tens que mostrar serviço, isso significa baixar o sindicato para dentro das empresas, não nas portas de fábricas. Sindicato tem que estar atuando em cima do problema da vida real e não só isso, pode realizar processos de formação, educação, cursos, atividades culturais. Uma vez o Sindicato do Metalúrgicos de Porto Alegre, fez uma entrevista só para saber o que os jovens precisavam, se precisavam do sindicato para alguma coisa? Não, não precisavam de nada. Mas se o sindicato fizesse um festival de música? Opa, isso me interessa. O próprio trabalhador nos dá dicas, sindicato não é só para ter aumento salarial e por aí a gente vai conscientizando, ganhando segmentos. Luta não é só fazer greve, é fazer cultura, vai ter gente que vai achar o sindicato importante porque promove o segmento cultural, pratica solidariedade, ajudou a organizar uma cooperativa habitacional. A gente tem que associar todos os trabalhadores, mas eles tem que ser ganhos em cima de uma proposta que não seja só o reajuste. E não é só por médico e dentista. Agora sobre a juventude, estamos enfrentando uma juventude que é a mais preparada da história, que mais teve oportunidade de estudar e acesso à educação, mas está diante dos piores empregos da história, os mais precários. Não é à toa que no último trimestre, 30 mil brasileiros foram presos tentando entrar nos EUA através do México, pra buscar uma alternativa, uma colocação.

 

 

Gostaria de acrescentar alguma coisa?

Parabenizar a iniciativa da comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região por fazer esse trabalho, de documentar um pouco as experiências que tem por aí, intercambiar isso para classe trabalhadora. É muito importante. Pessoalmente, estou muito feliz de na minha juventude ter optado por lutar, por ajudar a resolver as injustiças e combater a concentração e renda, a fome, a miséria, agora agravados pela covid. Ciclo ruim não é para sempre, ciclo bom acaba e esse ciclo ruim também vai acabar.

 

 

Fonte: STIMMMESL

Imagens: Israel Bento Gonçalves

 

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