Milhares de gaúchos tomam as ruas de Porto Alegre e gritam “Bolsonaro nunca mais”
Munidos de faixas, cartazes, bandeiras e panelas, milhares de gaúchos e gaúchas tomaram as ruas de Porto Alegre, na tarde de céu fechado deste sábado (9), na retomada dos protestos contra o governo Bolsonaro após as manifestações pelo impeachment em 2021. A organização foi das frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Povo na Rua, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda.
A manifestação fez parte do “Dia Nacional de Mobilização – Bolsonaro nunca mais”, que chamou a atenção para a alta do custo de vida diante do aumento do preço dos alimentos, dos combustíveis e do gás de cozinha, o que aumentou a fome, o desemprego, a falta de moradia e a exclusão social.
Assim como nos protestos do ano passado, os manifestantes criticaram as denúncias de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro. O caso mais recente lembrado no ato, foi a influência de pastores evangélicos na destinação do orçamento do Ministério da Educação (MEC), o que motivou a exoneração do ex-ministro Milton Ribeiro. Houve ainda prrotestos contra as privatizações, o aumento da conta de luz e a guerra na Ucrânia.
Vários dirigentes sindicais participaram, assim como lideranças comunitárias do projeto CUT Comunidade, que protestaram também os governos de Eduardo Leite (PSDB), agora sob o comando de Ranolfo Vieira Júnior, e do prefeito Sebatião Melo (MDB), que aplicam a mesma política neoliberal de Bolsonaro.
Houve também manifestações em Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Pelotas, Rio Grande, Santana do Livramento e Bagé.
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Unidade para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo
O ato na capital gaúcha iniciou após concentração iniciada às 15h no Largo Glênio Peres, em frente à Prefeitura. Lideranças das entidades e movimentos destacaram, em cima de caminhão de som, a importância da unidade para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Não faltaram batucadas e uma representação teatral sobre as suspeitas de corrupção no MEC, o crescimento da fome que cresce no país e o veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo.
Encenação teatral sobre a fome e a corrupção: Foto: Reprodução / PTSul
O deputado estadual Edegar Pretto (PT) disse que o povo ocupa as ruas “portando um mar de esperança de um Brasil que nós haveremos de reconstruir”. Ele lembrou que a população não aguenta mais o alto custo de vida. “Chega de fome, nós não queremos mais esse Brasil da exclusão, do desrespeito e do fascismo. Nós queremos de novo o povo sendo cuidado”, enfatizou.
Pretto também fez críticas ao ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que pouco fez em relação às reivindicações dos agricultores familiares e camponeses do estado atingidos pela seca. “Cadê o governador que em nome da sua vaidade renunciou em meio à maior estiagem da história do nosso estado? Não é possível que nesse Rio Grande onde tudo que se planta dá, que nós estejamos pagando a comida mais cara do país”, disparou.
Muitas bandeiras da CUT na manifestação. Foto: Sílvia Fernandes.
O vereador porto-alegrense Pedro Ruas (PSOL) destacou que não só no estado, mas em todo o país, a população está mobilizada “para acabar com o fascismo no Brasil”.
“Estamos marcando presença firme, forte, decidida de todo um povo, de toda a sociedade contra esse genocida, contra esse homem que abusa do poder, contra esse homofóbico, contra esse assassino, contra alguém que está contra os interesses dos nosso país”, disse Ruas.
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Recuperar o Brasil para o rumo do desenvolvimento
Houve manifestações das centrais sindicais antes da largada da marcha. O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, disse que os protestos não vão deixar as ruas até que Bolsonaro seja “varrido” do poder. “Quiseram acabar com a nossa raça, mas continuamos resistindo aqui. Nossa mensagem é de vida e de esperança”, ressaltou.
Presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci. Foto: Carolina Lima
Amarildo falou também que o povo brasileiro quer emprego, renda, o fim dos despejos e um país mais justo, mais desenvolvido e com mais democracia. “A classe trabalhadora, os movimentos sociais e a população em geral estão empenhados em recuperar o Brasil para o rumo do desenvolvimento, da justiça, e diz hoje em alto em bom som: Fora Bolsonaro, Bolsonaro nunca mais.”
Servidores públicos protestaram contra reforma administrativa (PEC 32). Foto: Marcelo Carlini.
Vice–presidenta da CTB-RS, Silvana Conti, afirmou que o inimigo comum “se chama Bolsonaro e o bolsonarismo” e que eles estão se organizando. “Temos que reconstruir o Brasil e para reconstruir precisamos fazer um grande esforço de unidade e de todos os partidos que acreditam que o amor vai vencer o ódio. Chega de genocídio, chega de machismo, chega de LGBTfobia. Nossa luta está apenas começando!”, apontou.
Secretária-geral da CUT-RS, Vitalina Gonçalves. Foto: Sílvia Fernandes
A dirigente da Intersindical, Neiva Lazzarotto, mencionou a necessidade de derrotar o novo ensino médio, implantado em 2022 pelo governo Bolsonaro e que, segundo ela, “é do Itaú Unibanco e do (empresário Jorge Paulo) Lemann”. Também criticou a implantação das escolas cívico-militares, que servirão para “recrutar jovens pobres de periferia para o fascismo”.
O dirigente da Força Sindical, Cláudio Correa, destacou a unidade da classe trabalhadora num momento “fundamental” do país. “É hora de resgatar nossa dignidade. Enquanto o povo compra osso e pé de galinha para se alimentar, o presidente come camarão e ainda se atrapalha”, ironizou.
Trabalhadores da Enfermagem reforçaram luta pela aprovação do PL 2564. Foto: Marcelo Carlini.
Estão empobrecendo nosso povo
Caminhando junto aos petroleiros, que inflaram um botijão gigante com os dizeres “gás a preço justo, Petrobras fica no RS”, o diretor do Sindipetro-RS e da CUT-RS, Dary Beck Filho, destacou a alta nos preços dos combustíveis que massacra a população, como resultado da política de preço de paridade internacional (PPI) praticada pelo governo federal desde o golpe de 2016.
Botijão inflado pelo Sindipetro-RS. Foto: Igor Sperotto
“Estão empobrecendo nosso povo, cobrando em dólar o preço dos combustíveis, para enriquecer os acionistas dos Estados Unidos e os importadores. Estamos nessa luta, temos que tirar Bolsonaro e eleger um projeto em que a Petrobras seja indutora do desenvolvimento do país, como ela pode e deve ser”, disse Dary.
Aumento no preço da luz também foi lembrado pelos manifestantes / Foto: Jorge Leão
Presidente do Ceprol Sindicato, Cris Mainardi, saiu de São Leopoldo e veio participar do ato em Porto Alegre. Tecendo críticas ao escândalo de corrupção do governo Bolsonaro no MEC, que poderá ser investigado por uma CPI no Senado, ela destacou que “as escolas não precisam de bíblias, mas de recursos para garantir uma educação de qualidade”.
A diretora da Assufrgs, Tamyres Filgueira, ressaltou que 2022 é importante porque é o ano “onde a gente vai derrubar Bolsonaro, não apenas nas urnas, mas nas ruas também”. Ela destacou a necessidade de derrotar também os bolsonaristas e o projeto neoliberal, “que tira dinheiro da educação, da saúde, para dar para os banqueiros, empresários, enquanto nesse país temos gente passando fome”.
Ao final, as centrais e os movimentos anunciaram as próximas manifestações em Porto Alegre. No dia 26 de abril será realizada a marcha de abertura do Fórum Social das Resistências, que havia sido adiado por causa do maior risco de contaminações em janeiro. Depois virá o ato de 1º de maio, dia do trabalhador e da trabalhadora.
Atos no interior do Rio Grande do Sul
Houve também várias manifestações no interior gaúcho.
Pelotas
Ato em Pelotas / Foto: Paulo Otávio Pinho
Em Pelotas, centenas de manifestantes tomaram o Largo do Mercado Público, na manhã deste sábado. A atividade foi organizada pela Frente em Defesa do Serviço Público, das Conquistas Sociais e Trabalhistas. Teve manifestações no carro de som e exibição de cartazes e faixas denunciando que o governo é o principal responsável pela crise econômica e social que atinge brasileiros e brasileiras.
A presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal de Pelotas (Adufpel), Regiana Wille, lembrou que professores e professoras universitários estão com salários sucateados e sem reajuste há cinco anos. “E agora o dinheiro do Ministério da Educação é dado para propina! Então não tem dinheiro para a ciência e a educação? Esse governo é corrupto e não merece estar onde está”, criticou.
O dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Frei Sérgio Görgen também esteve no ato em Pelotas. “O futuro pertence a nós se voltarmos a construir um projeto de transformação com Lula presidente e Edegar Pretto governador”, disse.
Novo Hamburgo
Ato em Novo Hamburgo / Foto: PT Novo Hamburgo
Em Novo Hamburgo, o ato começou por volta das 10 horas, na Praça do Imigrante. Os manifestantes chamaram a atenção da população sobre os prejuízos causados pelo governo Bolsonaro. Com faixas, cartazes e panelaço, denunciaram o preço alto da comida, da gasolina e do gás de cozinha.
Um grupo de mulheres conscientizou a juventude sobre a importância de fazer o título de eleitor e votar contra Bolsonaro na eleição deste ano. De acordo com um dos manifestantes, a briga aqui será entre o MST e o agronegócio. “Quem traz comida para o povo é o trabalhador e o agricultor. É ele que temos que apoiar”, disse.
Caxias do Sul
Após a chuva que caiu nas primeiras horas da manhã, foi realizada uma manifestação na Praça Dante Alighieri. Não faltaram faixas, cartazes e bandeiras, além de protestos contra a alta da inflação diante do aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos.
Caxias do Sul / Foto: Rose Brogliato
Santana do Livramento
Santana do Livramento / Foto: Flavia Retamar
Rio Grande
Rio Grande / Foto: Dóris Nogueira
Tramandaí
Foto: Sindicato dos Bancários do Litoral Norte.
Bagé
Bagé / Foto: Eliane Silveira
Fonte: CUT-RS com Brasil de Fato e Extra Classe