“O desafio é trazer mais sócios e sobreviver aos ataques da patronal”, diz o diretor do STIMMMESL, Carlos Alberto Martins da Rocha
O metalúrgico Carlos Alberto Martins da Rocha tem 43 anos, já trabalhou em diversas empresas e conhece bem a importância de um sindicato na vida do trabalhador. Natural de Três Passos, ele é casado, pai de dois filhos, morador de Sapucaia, há três anos trabalha na Inpel e está iniciando seu primeiro mandato como diretor do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL).
Com um problema na coluna e no ombro, devido ao esforço laboral, atualmente Carlos está afastado do trabalho. “Me adoentei e fui procurar auxílio, a empresa disse que não era com ela, um acidente de trabalho eles me negaram”, conta. Para ele, a expectativa como diretor do STIMMMESL é “poder defender os colegas dos ataques dos patrões.”
Confira a íntegra da entrevista:
Conte um pouco da sua história. Como se interessou pelo movimento sindical?
Comecei a trabalhar muito novo, vim do interior com 13 anos de idade e já comecei a trabalhar em metalúrgicas, passei por várias empresas e todas que passei percebi que os companheiros são descartáveis. Se ficar doente já não serve mais, quem precisa se afastar, fica doente tem receios. E na minha atual empresa, era bom no início, mas depois que veio a reforma trabalhista tudo mudou para pior, fazem o que querem com os trabalhadores. Até que eu me adoentei e fui procurar auxílio, a empresa disse que não era com ela, um acidente de trabalho eles me negaram que não era lá. Então dei um basta e resolvi procurar o Sindicato, aqui tive apoio, tanto que fui convidado para entrar para o movimento e aceitei.
Você está iniciando seu primeiro mandato, qual a expectativa?
A expectativa é poder defender os colegas dos ataques dos patrões. Como na minha empresa, não tinha ninguém por nós e depois que entrei para o movimento começaram a ver em mim, alguém que defende eles, essa é a minha expectativa.
O que você diria para um trabalhador entrar para o movimento sindical?
Diria para os colegas para eles não ficarem desamparados, porque se não tem ninguém… O movimento sindical é a única classe que defende os trabalhadores, então diria para quem puder e tiver interesse que seria uma ótima escolha.
Você acha que falta consciência de classe para os trabalhadores?
Para alguns sim, mas já percebi que com o atual momento do país, estão mudando, estão vendo que realmente que o movimento sindical faz a diferença. Mas para alguns não…
Na tua opinião, qual a importância dos sindicatos na vida dos trabalhadores?
A importância é aquilo que disse, ter alguém que defenda os seus direitos e que dê a cara a tapa por eles.
Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência?
O ataque é devastador, pois quando a pessoa fica doente, como foi o meu caso, a empresa diz que não foi lá. Então, começam não te dando a CAT e aí com a reforma trabalhista eles implementam o que querem da empresa, colocam o horário que querem, fazem o que querem porque acham que estão amparados pela lei. Então é devastador.
O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso?
Acho que nós já estamos revertendo, somos os únicos que defendem os trabalhadores e precisamos continuar prestando assistência e defendendo os direitos dos nossos colegas, os trabalhadores metalúrgicos.
Na tua opinião, qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período?
O desafio é trazer mais sócios e sobreviver aos ataques da patronal e do atual governo Bolsonaro, que deve estar prestes a acabar
E da indústria? Como gerar empregos?
Acho que a redução para 40 horas semanais aumentaria os empregos e aumentaria também a produção das empresas. A pessoa trabalhando menos, ele fica mais motivado com menos horas e produz mais. Tem países que já estão aderindo quatro dias semanais e acho que seria o nosso futuro aqui.
Como atrair mais sócios para o sindicato?
Acho que o Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo já está fazendo isso com o aplicativo que acabou de lançar e que significa muito na questão associativa. Às vezes o dirigente dentro da fábrica não tem muito tempo de conversar com o colega porque o patrão fica em cima e se a gente fala do aplicativo, o trabalhador pode estar na sua casa, baixar e se associar.
Fonte: STIMMMESL
Imagens: Israel Bento Gonçalves (STIMMMESL)