Trabalho sem carteira assinada bateu recorde no último ano do governo de Bolsonaro

A taxa média de desemprego no ano passado foi de 9,3%, o menor patamar desde 2015 (governo Dilma Rousseff). No quarto trimestre, encerrado em dezembro último, a taxa recuou para 7,9%, mas ao custo da precarização do trabalho e da queda de renda do trabalhador que diminuiu em média 1% (menos R$ 28).  Isto porque a média anual de trabalhadores e trabalhadoras sem carteira assinada no setor privado aumentou em 14,9% em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL). O contingente passou de 11,2 milhões (2021) para 12,9 milhões de pessoas neste ano, um número recorde para o indicador desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012.

Outro recorde foi o da informalidade que atingiu em números absolutos: 38,8 milhões de trabalhadores.

A população ocupada média chegou a 98,0 milhões de pessoas em 2022, a maior média anual da série e 7,4% acima de 2021. Frente a 2012, quando a média anual da população ocupada foi de 89,6 milhões de pessoas, houve aumento de 9,4%.

“Nos últimos dois anos, é possível visualizar um crescimento tanto do emprego com carteira quanto do emprego sem carteira. Porém, é nítido que o ritmo de crescimento é maior entre os sem carteira assinada”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

A pesquisa do IBGE também apontou os seguintes números:

nível da ocupação médio (percentual ocupados na população em idade de trabalhar) foi estimado em 56,6% em 2022, segundo ano seguido de crescimento após o menor patamar registrado, em 2020 (51,2%). O maior nível da ocupação ocorreu nos anos de 2013 e 2014, quando alcançou 58,1% da população em idade de trabalhar.

média anual da taxa composta de subutilização foi estimada em 20,8%, redução de 6,4 p.p. em relação a 2021, quando a taxa era estimada em 27,2%. Esse indicador foi de 28,2% em 2020, 15,1% em 2014 e 18,4% em 2012.

média anual da população subutilizada (24,1 milhões de pessoas em 2022) recuou 23,2% frente a 2021. Apesar da redução, esse contingente está 54,7% acima do menor nível da série, atingido em 2014 (15,6 milhões de pessoas).

média anual do contingente de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, estimado em 6,2 milhões de pessoas, recuou 17,3%. A população desocupada (10,0 milhões de pessoas), apresentou queda (-27,9%) entre 2021 e 2022.

Em 2022, a média anual da população desalentada diminuiu 19,9% ante 2021, alcançando 4,3 milhões de pessoas. A maior estimativa para essa população ocorreu em 2020 (5,5 milhões) e a menor, em 2014 (1,5 milhão de desalentados).

número médio anual de empregados com carteira de trabalho aumentou em 9,2% e chegou a 35,9 milhões de pessoas, consolidando a reversão da tendência iniciada em 2021.

número médio anual de trabalhadores por conta própria totalizou 25,5 milhões em 2022, com alta de 2,6% no ano. Frente a 2012, início da série, quando esse contingente foi o menor da série (20,1 milhões), houve alta de 27,3% (mais 5,5 milhões de pessoas).

Em 2022, o número médio anual de trabalhadores domésticos cresceu 12,2%, alcançando 5,8 milhões de pessoas.

A taxa média anual de informalidade passou de 40,1% em 2021 para 39,6% em 2022. Apesar da redução, a taxa ainda supera o início da série em 2016 (38,6%) e 2020 (38,3%).

valor médio anual do rendimento real habitual foi estimado em R$ 2.715, valor 1,0% menor (- R$ 28) que o estimado para 2021. Frente a 2012, houve um aumento de 1,3%.

valor médio anual da massa de rendimento real habitual chegou a R$ 261,3 bilhões, o maior da série, com alta de 6,9% (mais R$ 16,9 bilhões) em relação a 2021. De 2012 a 2022, essa massa de rendimentos cresceu 12,6%.

Setores

Em relação aos setores que mais influenciaram o mercado de trabalho em 2022, os destaques ficam com os setores do comércio e dos serviços. O segmento de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas cresceu 9,4% no ano. Entre os serviços, houve crescimentos relevantes nos outros serviços (17,8%) e alojamento e alimentação (15,8%).

De acordo com o IBGE, o setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi o único com queda percentual da população ocupada (1,6%).

 

Fonte: CUT Nacional com informações do IBGE

Foto: ROVENA ROSA / AGÊNCIA BRASIL

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