Marcha das Margaridas cobra reconstrução do Brasil com justiça e igualdade

Quatro anos após a marcha de resistência, em 2019, as margaridas voltaram a Brasília para, desta vez, uma mobilização de esperança em reconstruir o Brasil a partir de uma ideia de bem viver, com justiça, igualdade, solidariedade e respeito a todas e todos, do campo à cidade, das águas às florestas.

Nesta quarta-feira (16), a Marcha das Margaridas deixará no início da manhã o Pavilhão do Parque da Cidade, onde mulheres de todo o país estão acampadas, rumo ao Congresso Nacional para o encerramento da manifestação, previsto para às 10h30, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A expectativa é que Lula divulgue propostas que respondam à pauta com 13 eixos políticos defendidos pelas trabalhadoras.

Primero dia

A abertura oficial do evento ocorreu na noite dessa terça (15), com a participação de representantes dos movimentos sindical e sociais.

“Não vamos abrir mão de cobrar do presidente Lula, mas também de cobrar o Congresso para que pare de fazer chantagem. Não vamos abrir mão das nossas deputadas e nem das nossas ministras. Não vamos abrir mão de voltar a ter uma educação para o nosso povo. Não vamos abrir mão do direito à cultura, a ter uma alimentação saudável e agroecológica em nossas mesas”, disse.

Pela manhã, quando caravanas ainda chegavam à capital federal, lideranças do ato estiveram presentes no Senado para uma sessão solene em que também apresentaram um documento com a indicação de projetos e emendas favoráveis e prejudiciais à vida das mulheres.

Durante as intervenções no plenário, elas lembraram o tema da mobilização deste ano, “Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver” e apontaram que só é possível pensar em soberania e em qualidade de vida sem políticas de morte como o marco temporal e o Projeto de Lei (PL) 1.459/2022, conhecido como PL do Veneno.

No espaço que jamais foi presidido por uma parlamentar, a Secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), organização que coordena o evento, Maria José Morais Costa, a Mazé, destacou que após anos de incerteza e negacionismo, o Brasil tem um governo de esperança graças a lutas como a das margaridas. Mas que é preciso ouvir quem o ajudou a eleger.

“A desigualdade social é preta, tem corpo de mulher e se elas existem é porque resistem e queremos que estejam representadas onde se toma decisão. O lugar de poder no Estado racista patriarcal, machista e misógino não cabe à mulher, se for negra, indígena, periférica, dos campos e das águas. Por isso marchamos por democracia, soberania popular e por participação política das mulheres”, falou.

Também presente no Senado, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, indicou que o governo apresentará hoje uma resposta à pauta das margaridas e citou um dos eixos da mobilização, “vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo”, para destacar a opressão que as parlamentares têm sofrido.

“Nós sabemos sim fazer enfrentamento, o que queremos, nossas reivindicações e por isso a marcha está aqui. Mas também queremos um país que não nos cale, como querem calar nossas vereadoras, prefeitas, governadoras e deputadas”, alertou.

A violência é uma pauta central da manifestação, que surgiu como resposta ao assassinato da sindicalista Margarida Maria Alves, trabalhadora rural, nordestina e uma das primeiras lideranças femininas a exercer um cargo de direção sindical no Brasil. Ela foi assassinada a tiros na porta de casa em 1983.

Nesta quarta, mais uma vez ela será lembrada e estará presente na luta de cada uma que caminhará sob a ideia de que as margaridas seguirão nas ruas até que todas as mulheres sejam livres.

Fonte: CUT Nacional

Foto: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM – AGÊNCIA BRASIL

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