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Trabalhador se mantém na luta coletiva, aponta pesquisa, segundo Sérgio Nobre

Os sindicatos seguem sendo referência para a classe trabalhadora. É o que mostra a pesquisa O Trabalho e o Brasil realizada pelo instituto Vox Populi, encomendada pela CUT e Fundação Perseu Abramo e Fórum das Centrais Sindicais. De acordo com o estudo, 68% dos entrevistados reconheceram a importância dos sindicatos na defesa de direitos, na mediação de conflitos e na melhoria de salários e condições de trabalho.

Para o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, os números confirmam o que já se percebe na prática. “Sem sindicato forte, direitos não se sustentam. Essa pesquisa desmonta a ideia de que o trabalhador teria se afastado da luta coletiva. É na organização coletiva que está a força da classe trabalhadora”, afirmou o dirigente.

Diversidade e informalidade

O levantamento ouviu 3.850 pessoas em todo o país, incluindo celetistas, autônomos, informais, servidores públicos, trabalhadores de aplicativos, desempregados e aposentados. Apesar da diversidade, 52% avaliam positivamente a atuação sindical.

Sérgio Nobre destaca que esse cenário revela outro fenômeno estrutural: o avanço da informalidade. “A explosão do trabalho sem direitos não é opção voluntária, mas consequência da precarização do mercado formal. Hoje, para conseguir um emprego formal, pedem curso, experiência, uma série de qualificações e, no fim, o salário não chega a dois mínimos. Depois dos descontos, muitos voltam para casa com R$ 600 ou R$ 700. Isso não sustenta família nenhuma. A informalidade não é escolha, é necessidade. O emprego formal não paga a conta”, disse.

Ele alerta ainda que a precarização tem efeitos que vão além da renda individual. “Se continuarmos levando as pessoas para a informalidade, não tem como sustentar a previdência. A sociedade está envelhecendo, e a previdência é cada vez mais importante. O financiamento do Estado depende da folha de pagamento. Não há país estruturado sem emprego protegido”.

Reconhecimento e desafios

A diretora técnica do Dieese, Adriana Marcolino, reforçou que os resultados desmistificam a tese de perda de representatividade. “Trabalhadores de realidades distintas reconhecem a importância do sindicato”, disse.

Ainda assim, 52,4% afirmam não conhecer com clareza as ações concretas das entidades, o que indica:

– necessidade de maior presença nos locais de trabalho (49,4%),

– comunicação acessível (37,5%)

– oferta de qualificação (29,6%).

O presidente nacional da CUT interpreta esses dados como um recado direto. Para ele, o trabalhador e a trabalhadora “quer sindicato perto, atuante e com informação clara. Esses dados reforçam nossa agenda de presença na base e comunicação acessível. Não basta existir, é preciso estar junto, ouvir, dialogar e dar respostas concretas.”

Demandas prioritárias dos entrevistados

A pesquisa trouxe outras informações importantes sobre os anseios dos trabalhadores.

  • melhores salários (63,8%);
  • geração de empregos de qualidade (36,6%);
  • saúde e segurança (26,6%);
  • redução da jornada (21%);
  • combate à discriminação (18%).

Sérgio Nobre defende que o debate sobre jornada 6×1 voltará ao centro das discussões em 2026.  “O mundo mudou, a tecnologia avançou, não há justificativa para manter regras da década de 1940. Precisamos do fim da escala 6×1 e de dois dias consecutivos de descanso semanal. Isso é parte da luta por qualidade de vida. O trabalhador não pode ser tratado como máquina. É gente, é família, é vida.”

Sindicalização e novos formatos

Apenas 11,4% estão filiados, mas 14,6% se filiariam com certeza e 35,9% consideram possível aderir. Entre autônomos e empreendedores, quase metade (49,6%) defende ter sindicato próprio — sinal de interesse pela organização coletiva e da inadequação da legislação atual.

Para Nobre, isso revela o ‘empreendedor por necessidade’. “Não é verdade que as pessoas estão escolhendo empreender. Elas estão apenas tentando sobreviver. O modelo sindical precisa se modernizar para incluir quem está na informalidade. O desafio é garantir direitos, proteção e formas reais de organização para quem não tem contrato formal”, diz o dirigente.

Perspectiva política

O presidente da CUT também avaliou que os dados da pesquisa terão impacto nas eleições de 2026. “A direita tentou criar a ideia de que a classe trabalhadora virou empreendedora. Não virou. Continua sendo classe trabalhadora. E é essa classe que vai decidir o futuro do país. O desafio da esquerda é apresentar um projeto no qual esse povo se reconheça”.

Resultado prático

Para Sérgio Nobre, o estudo confirma que a maioria dos brasileiros deseja proteção, estabilidade e oportunidades e vê nos sindicatos o instrumento para alcançar essas demandas. Para Sérgio Nobre, o recado é claro. “O povo trabalhador quer sindicato forte. E nós vamos responder com mais organização, mais presença e mais luta. O sindicalismo não está morrendo, como prega a direita. Ao contrário: está vivo, pulsando, e pronto para reorganizar o Brasil”, disse.

 

Fonte: CUT Nacional

Foto: Roberto Parizzoti (Sapão)

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