“Mulheres ocuparem seus espaços é garantir o aprimoramento da democracia”, afirma a secretária de Mulheres da CNM/CUT, Marli Melo
Paraibana de Campina Grande, a metalúrgica Marli Melo do Nascimento está a frente da secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) desde 2011. Para ela, a importância e necessidade das mulheres ocuparem seus espaços “é garantir o aprimoramento da democracia”.
Marli ingressou na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Campina Grande em 1994 e foi a primeira mulher a presidir a entidade, sendo eleita em 2003. “Precisamos assumir os cargos da linha de frente, só assim teremos a oportunidade de avançar nas conquistas e diminuir as desigualdades”, disse.
Confira a íntegra da entrevista:
Conte um pouco da sua história? Como entrou no movimento sindical?
Estou no Sindicato dos Metalúrgicos de Campina Grande desde 1994. Havia sido integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) na empresa onde trabalhava, então fui convidada para vir para a direção do Sindicato. Me tornei a primeira mulher presidente dos metalúrgicos da CUT, foram nove anos como presidente, depois assumi as secretarias de finanças, secretaria-geral, mulheres…
Qual a importância das mulheres ocuparem seus espaços?
A importância e necessidade das mulheres ocuparem seus espaços é garantir o aprimoramento da democracia e o reconhecimento que é preciso garantir as condições de igualdade.
Você é secretária de Mulheres da CNM/CUT, como é representar trabalhadoras metalúrgicas de todo o Brasil? Considerando que somos tão diferentes e ao mesmo tempo, temos muito em comum.
Estou secretária de mulheres e não é fácil lidar com regiões distintas, as formas de atuar exigem mudanças e atuações diferentes, por isso contamos com nosso coletivo de mulheres.
O chão de fábrica e o movimento sindical é bastante machista. Como você lida com isso?
O chão de fábrica é muito machista. Ainda assim, aprendi a ouvir e negociar. É preciso muita formação para lidar com o machismo.
Na tua opinião, qual o principal desafio das mulheres no movimento sindical?
Diria que um dos principais desafios é ocupar os espaços de poder. Precisamos assumir os cargos da linha de frente, só assim teremos a oportunidade de avançar nas conquistas e diminuir as desigualdades.
O que você diria para um jovem trabalhadora que está iniciando no mercado de trabalho?
Os jovens são as nossas esperanças. Diria para eles que venham para os sindicatos, ocupem os espaços. Pois as políticas se realizam com dinamismo.
Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência?
As reformas foram devastadoras, retiraram direitos que lutamos anos para conquistar e enfraqueceu a classe trabalhadora, deixou os jovens sem aposentadoria. Os trabalhadores em geral foram muito prejudicados por um governo sem nenhuma visão humanitária.
O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso?
Os sindicatos perderam muita força, é preciso se reorganizar, se reestruturar para trazer de volta a confiança dos trabalhadores.
Na tua opinião, qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período?
O principal desafio é voltar para a base, fazer o trabalho que sempre fizemos, de comunicação direta. Os desafios são muitos, fazer o trabalhador acreditar que juntos podemos reconquistar nossas bandeiras.
O que fazer para os sindicatos conquistarem mais sócios, principalmente mulheres?
Para associar mais mulheres temos que ter um sindicato acolhedor, com espaço para as transformações almejadas. Mais mulheres no sindicato reverte em mais políticas para as próprias mulheres.
Fonte: STIMMMESL
Imagens: Israel Bento Gonçalves