“O Sindicato é fundamental dentro de uma fábrica”, garante a diretora do STIMMMESL, Erenita dos Anjos

Há 39 anos, Erenita Fernandes dos Anjos trabalha na metalurgia. Com passagens pela Biehl e Amadeo Rossi, está há 13 anos na Ferramentas Gedore. “Quando comecei na Gedore havia apenas cinco mulheres”, recorda. Atualmente, ela está iniciando o segundo mandato como diretora do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL).

Com 59 anos, casada com um metalúrgico aposentado, mãe de um filho de 18 anos, moradora de São Leopoldo, Erenita afirma que sente orgulho de ser diretora sindical. “Me interessei em entrar no movimento sindical para defender as mulheres”, conta. Nesta entrevista de sexta-feira (20), a dirigente fala ainda sobre a importância das mulheres ocuparem seus espaços, dos desafios do movimentos sindical e das trabalhadoras sindicalistas.

Confira a íntegra da entrevista:

Conte um pouco da sua história. Como entrou no movimento sindical?

Trabalho há 13 anos na Ferramentas Gedore, sou mãe de um filho de 18 anos, casada e sempre trabalhei em metalúrgica. Ouvia falar dos sindicalistas, uns falavam mal outros falavam bem e quando comecei na Gedore lá tinha uma gurizada que era dirigente sindical e eu via eles indo de setor em setor falando com os trabalhadores e tinha bastante mulheres só que elas tinham medo de fazer perguntas, por isso eu me interessei, pensei que precisava de uma mulher dirigente sindical. E tínhamos um amigo aqui dentro, que lutava muito pelo trabalhador, o Ademir Maia, ele trabalhou com meu marido. Me interessei em entrar para defender as mulheres pois a mulher é muito visada dentro da empresa, é tratada de maneira diferente de como os homens são tratados. Pensei, vou entrar, aí vim aqui conversei com o Valdemir e entrei na chapa. No começo, era bem preocupante para a gente, não tinha noção, no começo pensei “será que vou aguentar”, mas foi tranquilo, é um conhecimento. Hoje me sinto orgulhosa de ser dirigente sindical.

Você está iniciando seu segundo mandato, como está sendo a experiência e qual a expectativa?

No primeiro mandato, tive bastante dificuldade, demorou demais para me entrosar com o pessoal, mas foi uma experiência muito boa, apesar de eu ter tido muito vergonha de conversar, hoje não tenho mais, se precisar subir no caminhão, dar meu recado, dar uma entrevista, eu faço. Foi uma experiência muito boa. A expectativa para o segundo mandato é importante, a gente está buscando mais conhecimento, vamos lutar mais pelos trabalhadores e defender as mulheres pois estamos precisando muito de mais mulheres no sindicato, tanto como sócias e na direção.

Qual a importância das mulheres ocuparem seus espaços?

É importante pois existe muita desigualdade. É um desafio bem complicado mas as mulheres estão tendo mais conhecimento, lutando por seus direitos e estão indo em busca de novas metas.

Qual o maior desafio das mulheres dirigentes sindicais?

É trazer mais mulheres para o nosso lado, tanto associadas, como sindicalistas. Em todos os lugares que nós vamos, temos que buscar mais mulheres para o nosso lado, por que somos poucas. A maioria é homens.

Na tua opinião, qual a importância dos sindicatos na vida dos trabalhadores?

Soma muito. Porque a cada dia a classe trabalhadora está perdendo mais seus direitos e os dirigentes estão ali para orientar o trabalhador, que sempre que está com alguma dificuldade procura um dirigente sindical. Por isso, a importância do Sindicato dentro da fábrica. Se não tivesse o Sindicato dentro das fábricas não sei o que seria do trabalhador porque hoje estamos perdendo todos os nossos direitos. Imagina se dependesse só do patrão… O Sindicato é fundamental dentro de uma fábrica.

Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência?

É muito ruim. Com essas reformas, trabalhista e previdenciária, a cada dia, os trabalhadores estão perdendo seus direitos. E já não sabe qual são os direitos que restam porque todo dia muda e se isso não mudar, daqui um ano, por exemplo, só Deus sabe o que pode acontecer.

O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso?

Indo até o trabalhador e mostrar para ele, a importância do Sindicato entre o peão e o patrão, mostrar o nosso trabalho e trazer ele para o nosso lado. Para que ele acredite mais no dirigente sindical e no sindicato.

Na tua opinião, qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período?

A gente precisa se unir mais para ter uma resposta positiva e cada vez mais, indo até o trabalhador. Pois como todos juntos, trabalhando da melhor maneira a gente será muito forte.

E da indústria? Como gerar empregos?

Precisa de um planejamento. Se a empresa tiver um bom planejamento dá tudo certo, sem planejamento não tem como.

Como atrair mais sócios para o sindicato, principalmente mulheres?

Tem que levar até elas o conhecimento e a importância dos sindicatos nas empresas e a importância de ser sócia, que nós dirigentes sindicais somos capazes, temos o direito e mais jeito de chegar numa mulher trabalhadora para poder trazer elas para o Sindicato.

Gostaria de acrescentar alguma coisa?

Gostaria de acrescentar que agora no meu segundo mandato quero mostrar mais de mim, quero me esforçar ao máximo e trazer mais sócias e sócios para dentro do Sindicato. E vou trazer.

Fonte: STIMMMESL

Imagens: Israel Bento Gonçalves (STIMMMESL)

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