Auxílio Brasil não dá para nada e é eleitoreiro, criticam beneficiários do programa

Desde que assumiu a presidência da República, em 2019, Jair Bolsonaro (PL), não consegue resolver a crise econômica, diminuir os índices de desemprego nem os efeitos da disparada da inflação, em especial a dos alimentos, que vem corroendo o poder de compra dos brasileiros e brasileiras.

Em três anos e meio de governo, a inflação no país, puxada pela alta dos alimentos, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingiu 26,5%. A fome atinge 33 milhões de pessoas no país, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, e o trabalho informal é muito maior do que o emprego com carteira assinada.

A três meses da eleição, empacado na segunda colocação em todas as pesquisas de intenções de voto, lideradas pelo ex-presidente Lula (PT), driblou, com a ajuda do Congresso Nacional, a legislação eleitoral que impede bondades nesse período, e,  para minimizar os estragos da economia em seu “currículo” como governante, tenta virar os votos dos mais pobres reajustando o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, até o final deste ano. Ele também dobrou o valor do vale-gás e criou auxílios de R$ 1.000 para caminhoneiros e taxistas. E toda vez que sai uma pesquisa mostrando que Lula continua liderança, a Petrobras anuncia a redução no preço da gasolina ou do óleo diesel. Todas as bondades valem só até dezembro, ou seja, depois das eleições.

Essa manobra já foi sacada pela população que respondeu a pesquisa do Datafolha no início deste mês que o reajuste no benefício tem caráter eleitoreiro. Para 61% dos brasileiros, Bolsonaro só aumentou o valor do Auxílio Brasil para tentar se reeleger. Outros 56% consideram insuficiente o valor de R$ 600.

Embora essas “benesses” possam virar alguns votos em favor de Bolsonaro, o sociólogo Antônio Lavareda, do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), acredita que o benefício não será o suficiente para ele ganhar a eleição. O sociólogo afirma ainda que mesmo a lembrança do Bolsa Família (governo Lula), também sozinho não terá esse poder de angariar votos em favor do candidato petista.

Lavareda explica que “as pessoas não votam para expressar gratidão. Consciente ou inconscientemente, o voto tem mais a ver com quem será capaz de melhorar a vida no futuro”, afirmou em entrevista à Folha. Segundo ele, o reajuste do Auxílio Brasil pode melhorar a avaliação do governo entre os cerca de 20 milhões de potenciais beneficiários, mas tende a ter efeito limitado.

Em geral, poderá convencer aqueles que já tendiam a votar em Bolsonaro, mas ainda estavam em dúvida. As chances de reversão de votos de eleitores de Lula para Bolsonaro são pequenas.

“É possível que Bolsonaro convença eleitores de que vai manter [o auxílio em R$ 600]. Mas é muito mais difícil convencer que Lula também não manteria, até pela imagem dele que se solidificou ao longo do tempo”, avaliou.

Lavareda ressalta ainda que o auxílio Brasil será pago a cerca de 20 milhões de pessoas, principalmente do Norte e Nordeste, regiões mais pobres, no entanto, “há a possibilidade de que o novo Auxílio Brasil resulte em um efeito eleitoral adverso em um contingente que chega a 47 milhões de pessoas: aqueles que receberam o auxílio emergencial durante a pandemia e agora não têm acesso a nenhum benefício social”, disse ao jornal.

Embora seja dirigido aos mais pobres, o Auxílio Brasil pode ter outro efeito limitador na conquista de votos dos 156 milhões de brasileiros aptos a votar neste ano. O Nordeste, o segundo maior eleitorado do país, é francamente lulista, mostram pesquisas eleitorais. O total de beneficiados com o reajuste do auxílio na região é de 9,4 milhões, num universo de 42,4 milhões de eleitores.

Já o maior eleitorado do país fica na região Sudeste com os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro somando 67 milhões de eleitores, ou seja 24,6 milhões de pessoas a mais aptas a votar do que no Nordeste. O número de famílias beneficiadas com o Auxílio Brasil na região é menor, de 5,96 milhões. Ou seja, serão 3,44 milhões de famílias a menos a receber o auxílio do que no Nordeste.

 

Fonte: CUT

Foto: MARCELLO CASAL / AGÊNCIA BRASIL – ARQUIVO

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