Nas décadas de 30 e 40, o mundo e o Brasil sofreram grandes mudanças. No país começava a Era Vargas, com o chamado “ouro negro”, a economia do café precisou ser revista e passou para as cidades e a indústria, a relação empregado e patrão até esse momento era sem regras, com jornadas intermináveis de trabalho e salários irrisórios, onde toda mão de obra era explorada, inclusive a infantil. Nessa época, eram muitas as associações de trabalhadores que se amparavam e buscavam soluções para as relações de trabalho.
As inconstâncias políticas do país e a própria ditadura Vargas acabou com as lideranças sindicais daquela época, desarticulando os movimentos dos trabalhadores. Mas apesar da dura repressão nos meados da década de 40, lideranças trabalhistas voltam a se reorganizar e surgem vários sindicatos de diversas categorias em todo país. Aqui no sul, a região metropolitana de Porto Alegre mantinha a concentração industrial do estado, a indústria metalúrgica já tinha seu destaque e São Leopoldo, por suas características, assumia uma posição como pólo metalúrgico, o que com a chegada da indústria calçadista fortaleceu mais. O setor do campo por sua vez começava a perder mão de obra atraída pela prosperidade e pelos falsos apelos dos grandes centros industriais.
No início da década de 1940, São Leopoldo era a sede da Associação dos Profissionais dos Trabalhadores Metalúrgicos, com o crescimento do setor e o regime Vargas perdendo força, a categoria voltou a se organizar e lutar para se tornar um sindicato. Em 1942, já é organizado como uma entidade sindical, mas só em 12 de fevereiro de 1944 recebe a carta que aprova seus estatutos e nomeia o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica Mecânica e de Material Elétrico de São Leopoldo e Região.
Em 1952, a sede do Sindicato era localizada na rua Lindofo Collor. Na época, São Leopoldo tinha como prefeito, Paulo Couto, que em contato com o presidente do Sindicato, Nicanor A. Seferim conseguiu doar um terreno e no inicio de 1953 o então presidente Waldermar da Silva conseguiu fazer dentro das empresas um movimento que cada trabalhador doava alguma coisa para a construção do prédio, uns doavam tijolos outros cimentos, dia de trabalhos, etc… Enquanto a sede não ficava pronta as reuniões eram realizadas na prefeitura. Por volta de 1955 a sede ficou pronta e então começou a realizar as reuniões na própria sede.
Em 1959, o presidente era Aristides Baronia, nessa época houve uma greve, pois os patrões não queriam dar o reajuste salarial. Foi uma época marcante, pois foi à primeira greve, onde foram muito criticados por toda a categoria. Havia ameaça dos patrões, dizendo que iriam dispensar os trabalhadores, houve acampamento em frente às empresas durante todo o tempo da greve, mas valeu a pena, pois conseguiram o reajuste reivindicado. Infelizmente, o presidente veio a falecer em virtude de ter se estressado muito na ocasião. Na época, as maiores empresas eram o Rossi, Alumínio e Gerdau.
Os anos 70, foram a década da imigração do povo do campo para cidade. Chegando aqui, as empresas não estavam preparadas para receber estes operários. Muitos imigrantes eram analfabetos e não tinha profissão, então havia muita exploração, com baixa remuneração e jornada de trabalho era de 12 horas, sem disponibilizarem nenhum EPI. Nessa época, com o presidente Natalício J. B Leal foi construída a atual sede do Sindicato.
Na década de 80, foi construído o ginásio Bigornão, até então as reuniões aconteciam na rua, sobre frio e chuva. Um período marcante no Sindicato foi o ano de 1986, marcado por lutas da categoria. Na época, iniciou-se um período de demissão e uma pequena crise onde o desemprego crescia. Em 1990, a categoria começa um processo de redução de jornada e praticamente todas as empresas começam a fazer essa proposta para os trabalhadores.
Atualmente, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região cumpre um papel de profundo destaque na organização sindical do Rio Grande do Sul, a entidade é a segunda maior força política do município. De 2000 pra cá, o Sindicato avançou trazendo mais benefícios para os associados, como a construção das piscinas, o novo salão de festas, a valorização do setor ambulatorial, atendimentos jurídicos, ampliamos os convênios e a construção das novas subsedes, em Campo Bom e Sapucaia. O sindicato além de lutar pelos trabalhadores aumentou o espaço de lazer da categoria.
A entidade concentra sua luta nas melhorias das condições de trabalho e beneficio aos trabalhadores. A estrutura do sindicato em sua sede permite ao associado um atendimento nas mais diversas áreas de assistência e lazer. Por isso que em seus 70 anos (completados em 2014), o Sindicato se tornou uma referência de luta para o trabalhador na região.
No último período, o sindicato lutou intensamente contra as reformas, Trabalhistas e da Previdência, e na defesa da democracia. Acompanhando a ascensão tecnológica, com internet e redes sociais, o Sindicato investe cada vez mais em comunicação para ampliar o diálogo com a categoria. Em toda a sua história, o norte do sindicato sempre foi a defesa dos direitos dos trabalhadores e a luta por uma sociedade justa e igualitária.
JUNTOS SOMOS FORTES!