Metalúrgicos debatem impacto do avanço da Inteligência Artificial nas fábricas

Como o movimento sindical deve se preparar para lidar com as novas tecnologias que estão sendo utilizadas nas linhas de produção das fábricas pelo mundo, como a digitalização e a inteligência artificial (IA)? Com esse questionamento, a CNM/CUT realizou na última terça-feira (12) o encontro virtual “Digitalização e Inteligência Artificial na Indústria Metalúrgica”.

O foco do debate foi a experiência acumulada pelo maior sindicato metalúrgico do mundo, o IG Metall, da Alemanha, na relação com as novas tecnologias aplicadas às empresas do país. Moritz Niehaus, diretor de política industrial e setorial do sindicato alemão e também pesquisador da Fundação Hans Bockler (FHB), mostrou como o processo mais recente de aperfeiçoamento das novas tecnologias se iniciou com o advento da chamada Indústria 4.0 e com a digitalização dos processos produtivos.

Em seguida, Moritz expôs exemplos de como o avanço tecnológico foi acontecendo nas fábricas até chegar ao modelo de tecnologia mais debatido no momento, a inteligência artificial.

O sindicalista alemão, que veio ao Brasil e visitou a sede da CNM/CUT e a fábrica da Mercedes Benz em São Bernardo do Campo (SP), afirmou que o IG Metall qualifica os trabalhadores para usar as novas tecnologias nas fábricas alemãs. Ele avaliou que os avanços podem fechar postos de trabalho, porém, a exigência de mais conhecimento pode fazer aparecer outros tipos de emprego.

“Poderemos ter no final do processo mais ou menos a mesma quantidade de empregos perdidos e abertos. Uma fábrica poderá fechar enquanto outra abra ao mesmo momento. Será uma mudança difícil para as pessoas afetadas”, afirmou em entrevista à Rede TVT.

Novas tecnologias, novas responsabilidades

O secretário-geral da CNM/CUT, Renato Carlos de Almeida (Renatinho) destacou a importância dos representantes dos trabalhadores  debaterem o avanço das tecnologias dentro das fábricas, lembrando que a Confederação está retomando o protagonismo na construção de políticas públicas para a indústria e que o programa Nova Indústria Brasil, política industrial recentemente anunciada pelo governo federal, prevê um índice de 90% de digitalização nos processos produtivos nos próximos anos.

“Quando você fala em reestruturar processos produtivos, digitalizar, obviamente a gente entende que alguns postos de trabalho deixarão de existir, serão fechados. E o desafio nosso, como sindicalista, é saber como a gente protege os trabalhadores, aqueles que perderão seus empregos, e também tratar da qualificação das novas vagas que podem surgir. Precisamos pensar na responsabilidade que isso tudo nos traz, preparar os dirigentes sindicais. E também pautar as fábricas, para que elas invistam nessa formação técnica, até porque os sindicatos estão fragilizados no Brasil e não podem assumir o ônus dessa formação inteiramente”, afirmou o dirigente.

Em entrevista à Rede TVT, o secretário de Administração e Finanças da CNM/CUT, Tiago Almeida do Nascimento, celebrou o intercâmbio com o dirigente do IG Metall. Ele acompanhou Moritz na visita à fábrica da Mercedes Benz. “Esses intercâmbios nos possibilitam conhecer um pouco da realidade da Europa e da Alemanha, nesse caso, e também mostrar a quem vem de fora como nós estamos trabalhando e de que forma estamos pensando essas mudanças tecnológicas no nosso local de trabalho. A inteligência artificial ainda não começou de fato no Brasil, é um processo que está engatinhando, mas nos traz muita preocupação. Então o ganho de produção que novas tecnologias proporcionam nós vamos lutar para que se transforme em ganho para o trabalhador”, finalizou.

 

Fonte: CNM/CUT com informações da Rede TVT

Foto: REPRODUÇÃO

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