Metalúrgicos do RS e SC debatem o segmento siderúrgico
Dezenas de metalúrgicos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina se reuniram nesta segunda-feira (29), na sede do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL), no Encontro do Segmento Siderúrgico. Após debater a realidade do setor em cada local, encontrar pontos comuns para valorizar os trabalhadores e pressionar o governo para o fortalecimento do setor que foram as pautas que nortearam a atividade, os participantes definiram tirar uma comissão do setor em cada estado.
A siderurgia representa uma importante atividade econômica para o país, com mais de 600 mil trabalhadores e é fornecedora de produtos para diversos setores, como construção civil, automotivo, máquinas e equipamentos, dentre outros. Mas também possui o maior índice de acidentes de trabalho do ramo metalúrgico, com 37,8% segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho.
Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Loricardo Oliveira, a siderurgia é um setor estratégico, com grande influência nos governos. “O setor não é pouca coisa, mas é penoso. Tem alta taxa de doença ocupacional e acidentes laborais. É um setor que precariza a trabalho. Portanto, nosso objetivo é incorporar esse debate e os encaminhamentos aqui tirados nas discussões dos sindicatos”, garantiu ele.
“Por isso, reunimos os trabalhadores e criamos a nossa proposta. Praticamente tudo precisa do aço, por isso pensar o setor é pensar o desenvolvimento do país”, disse ele ao se referir à Conferência Nacional por uma Mineração, Siderurgia e Metalurgia de Metais Básicos a serviço dos Trabalhadores, das Comunidades e do Meio Ambiente, realizado em setembro de 2023, no Ceará. Neste encontro foi elaborado o documento “Propostas para um novo ciclo de desenvolvimento industrial.”
Loricardo adiantou que no próximo dia 21, será lançada a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria e Trabalho no Aço. “Estamos trabalhando na criação dessa Frente junto com os deputados e senadores”, disse.
Ao apresentar dados do setor, o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ricardo Franzoi destacou a importância de considerar o cenário internacional e o nacional. Atualmente, há um processo de desinflação global e crescimento moderado e a projeção é que deve continuar assim em 2024. Em 2023, o crescimento da economia brasileira foi de 2,9% e expectativa no começo do ano era de 0,8%. “O salário mínimo maior, o pagamento dos precatórios, programas como o Desenrola contribuíram para esse crescimento”, explicou.
Dados mostram que o setor é fundamental para o país
Sobre o perfil do setor siderúrgico, o economista explicou as diferenças entre segmentos de aços longos e planos. O primeiro é mais sensível à redução dos investimentos e à contenção do crédito, pois os produtos são destinados basicamente a setores sensíveis a estas variáveis, como construção civil e bens de capital. Já o segundo, é mais sensível à variação da oferta de crédito e renda, pois está mais ligado à produção e vendas do complexo automotivo e linha branca.
De acordo com os dados, as distribuidoras representam 40% das vendas do setor. Franzoi também expôs os principais consumidores dos produtos siderúrgicos, “se estes setores vão bem, reflete na siderurgia, pois aumenta a demanda.” O maior produtor de aço no país é o estado de Minas Gerais com 29,75% de participação, já o Rio Grande do Sul ocupa a sexta posição com 2,03%.
Além disso, a siderurgia constitui o maior segmento empregador do ramo metalúrgico, com cerca de 635 mil trabalhadores diretos. Sendo 32% empregados nas Usinas siderúrgicas, 63% empregados na fabricação de metalurgia básica e 4% na produção de ferro-gusa e ferro-ligas. O setor possui a segunda menor remuneração média da metalurgia, com R$ 3.478,0o.
Por fim, ele trouxe as perspectivas para a siderurgia dentro do programa Nova indústria Brasil (NIB) e no novo PAC. “Um dos maiores desafios do movimento sindical é transformar o grande conhecimento gerado ao longo de reuniões, seminários e estudos em ações que refletirão na prática diária dos sindicatos”, finalizou Franzoi.
Representatividade
Na abertura do Encontro, o presidente do STIMMMESL, Valmir Lodi agradeceu a presença de todas e todos e lembrou que a Gerdau é uma empresa pioneira em aços longos e especiais, e que fatura muito, “apesar da choradeira.”
“Precisamos debater esse procedimento, pois não vemos os trabalhadores acompanhando esses ganhos, temos que pensar na valorização dos trabalhadores. Quem pressiona os governos são as grandes empresas, mas os trabalhadores precisam pautar as empresas. Por isso, é importante eventos como este, para sabermos que caminho que vamos seguir”, afirmou Valmir.
O presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS), Lírio Segalla; o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Charqueadas, Marcio Ubirajara Caldeira da Rosa; o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville, Wanderlei Monteiro de Souza e a diretora da CNM/CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos de Araquari e São Francisco do Sul, Rosana Pereira de Sousa estavam na mesa de abertura e falaram sobre a realidade do setor nas regiões.
Há a previsão de realizar um encontro nacional do setor siderúrgico ainda este ano.
Fonte: STIMMMESL
Fotos: Renata Machado (STIMMMESL)