Em ato unitário de 1º de Maio, CUT-RS defende unidade e resistência para derrotar ataques dos golpistas

Um 1º de Maio de resistência. Assim foi o ato unitário da CUT-RS e centrais sindicais, realizado no final da manhã de segunda-feira, junto ao Monumento ao Expedicionário do Parque da Redenção, em Porto Alegre. Após concentração, houve pronunciamentos da CUT, CTB, UGT, Intersindical e CSP-Conlutas, bem como do ex-governador gaúcho Olívio Dutra.

 

O ato ocorreu três dias após o sucesso da greve geral de 28 de abril, a maior da história recente do Brasil, que parou o estado e o país. Os dirigentes sindicais também recordaram os 100 anos da primeira greve geral, em 1917, organizada pelos anarquistas.

 

Trabalhadores não têm o que comemorar

 

“Estamos em 2017 e seguimos lutando por nossos direitos”, afirmou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo. “A classe trabalhadora não tem nada a comemorar, só tem motivos para denunciar e resistir”.

 

Ele alertou que “o golpe não para e vê a Previdência e a CLT como oportunidades para tirar direitos dos trabalhadores”.

 

O presidente da CUT-RS ressaltou que a pauta dos golpistas possibilitou a unidade da classe trabalhadora e que se realizasse a maior greve geral da história. “Quem está por trás do golpe está com dificuldade de falar greve geral. Se eles admitirem que foi um sucesso, eles precisam nos ouvir”.

 

“Eles estão saqueando o Brasil, na Previdência, nos direitos, na riqueza nacional”, denunciou Claudir. “Não é pouca coisa o que está acontecendo”. Ele garantiu que, “se for necessário, faremos outra greve geral e paramos o Brasil de novo”.

 

Claudir frisou que não existe déficit na Previdência. Ele também enfatizou que a CLT foi atualizada ao longo da história, o que atingiu 85% dos artigos. Ela não impediu que o país alcançasse o pleno emprego, em 2014.  “Mas os golpistas estão surdos, por trás deles há o capital estrangeiro. Por isso, vamos lutar, lutar e lutar, neste 1º de Maio, e em todos os outros dias”, encerrou.

 

Nunca houve avanços sem luta dos trabalhadores

 

Olívio fez um resgate histórico do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, instituído em memória aos mártires de Chicago (EUA). Em 1886, milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de 13 para 8 horas diárias. A mobilização causou a ira dos poderosos. A repressão foi dura com prisões, pessoas feridas e até mesmo operários mortos pela polícia.

 

“Desde sempre, ao longo da história, com o fim da escravidão, com a chegada dos anarquistas europeus no Brasil, com a revolução industrial, com as aparições das primeiras associações protetivas dos trabalhadores, não houve nenhum avanço trabalhista sem que houvesse por trás a luta dos trabalhadores”, salientou o ex-governador, que foi também prefeito de Porto Alegre e presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre.

 

Também deputado federal constituinte, Olívio disse que os sindicatos da CUT eram contra o imposto sindical, como forma de garantir liberdade e autonomia sindical. “E agora esse item volta à pauta no Congresso, mas sob outro viés. Querem tirar essa contribuição, mas não podemos chorar sobre isso”, opinou. Para ele, a medida visa enfraquecer as entidades sindicais, mas deve servir para fortalecer a luta das entidades de baixo pra cima.

 

Estado sob controle público e não privado

 

O ex-governador ainda defendeu que a solidariedade deve ser a marca da luta do povo trabalhador. Olívio afirmou que “se pregamos igualdade de gênero, temos que colocá-la em prática. Somente com a classe trabalhadora organizada e consciente alcançamos a democracia e o avanço dos direitos”, disse.

 

“Perdemos muitas gerações de trabalhadores e, por isso, temos que prosseguir essa luta”, continuou. Para ele, enquanto houver injustiça, “é preciso se indignar e lutar”. De acordo com Olívio, a democracia tem que ser um valor permanente, concreto, vivido e compartilhado de forma justa. “Para isso precisamos do estado sob controle público e não privado”, explicou.

 

“O nosso país está sofrendo um golpe, que é um crime contra os direitos. Atacam a nossa democracia e um projeto coletivo”, apontou defendendo que os trabalhadores devem ser “sujeitos e não objetos da política”.

 

Além de Porto Alegre, houve atos de 1º de Maio em várias cidades do interior do Rio Grande do Sul.

 

 

Fonte: CUT-RS

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