Lula: reforma da Previdência remonta aos tempos da escravidão

Ex-presidente se reuniu com as principais lideranças sindicais do país para falar sobre reforma sugerida pelo presidente golpista, que agride diretos dos trabalhadores na aposentadoria

 

Na segunda-feira (12), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com dirigentes sindicais, intelectuais e representantes de entidades de trabalhadores para discutir a Reforma da Previdência proposta pelo governo usurpador de Michel Temer.

 

Para Lula, “essa proposta parece que remonta aos tempos da escravidão”. “Me parece que a crítica é unânime no movimento sindical, nos movimentos sociais”, disse o ex-presidente. A reunião serviu para “estabelecer pontos comuns para as centrais trabalharem juntas”. “Se tem um tema que unifica os trabalhadores é o tema da aposentadoria”, avaliou o ex-presidente.

 

Dentre os presentes estavam Vagner Freitas, presidente da CUT, Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência Social dos governos Lula e Dilma.

 

A proposta defendida por Temer estabelece a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de todos os trabalhadores. Nessa regra, entram homens, mulheres, trabalhadores do campo e da cidade.

 

No caso do campo, haverá ainda o estabelecimento de uma contribuição obrigatória. O texto de Temer também aumenta o tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos e desvincula os benefícios da aposentadoria do salário mínimo.

 

Segundo Paulo Cayres, a reunião decidiu pelo envio de um projeto substitutivo ao apresentado pelo presidente golpista Michel Temer, classificada como cruel para os trabalhadores. Segundo Cayres, pela nova proposta, muitas pessoas acabariam se aposentado com 72 e 73 anos, que é próxima da expectativa de vida média do brasileiro. “Parte dos brasileiros sequer se aposentariam”.

 

O aumento da expectativa de vida foi um dos argumentos para a proposição dessa reforma. Mas Cayres afirma que isso é em parte falácia, porque essa idade é média, e muitos brasileiros, sobretudo os que não tem acesso à saúde de qualidade, não alcançam nem a média nacional.

 

Cayres reforçou que as mulheres serão mais prejudicadas. Isso porque a idade mínima de aposentadoria de mulheres e homens será igualada para 65 anos, sem considerar a jornada dupla e tripla que a mulher enfrenta. “Iguala a idade de aposentadoria sem igualar condições”, afirmou. “As mulheres entraram no mercado de trabalho, mas os homens não foram para cozinha”, diz.

 

Os trabalhadores do campo, sobretudo os da agricultura familiar, também serão prejudicados. Hoje, eles correspondem a 73% da produção de alimentos do país, segundo Cayres.  Não queremos a desapropriação de direitos duramente conquistados”, disse.

 

“É particularmente injusta e perversa para os trabalhadores e trabalhadoras rurais, que hoje se aposentam por idade aos 60 e 55 anos respectivamente e começam a labutar na lavoura ainda criança, com 7 ou 8 anos. A expectativa de vida no campo é menor que nas cidades. A proposta prevê ainda uma nova forma de contribuição do trabalho rural. Hoje o agricultor familiar já contribui com parte do valor de sua produção”, explicou Adilson Araújo, também presente na reunião.

 

Fonte: Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Portal Vermelho

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