Em defesa dos empregos e do sistema Petrobras, petroleiros vão parar em fevereiro
Os trabalhadores e as trabalhadoras da Petrobras, com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP), filiada à CUT, realizarão assembleias na próxima semana, para deflagrarem uma greve nacional, a partir de 1º de fevereiro, em defesa de milhares de empregos e do sistema Petrobras, que vem sendo desmontado pelo atual governo de Jair Bolsonaro.
A demonstração de unidade da categoria teve início nesta sexta-feira (17), em atos unificados em todo o país contra o fechamento da fábrica Araucária Nitrogenados (Fafen-PR),do sistema Petrobras. Mil trabalhadores poderão ser demitidos, caso o governo federal e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, cumpram a promessa de fechar a fábrica de fertilizantes, dando mais um passo ao desmonte da Petrobras, empresa considerada patrimônio de todos os brasileiros.
Participaram dos atos pelo país petroleiros nas bases da FUP e em diversas unidades do Sistema Petrobras, no Amazonas (Reman), Ceará (Lubnor), Rio Grande do Norte (Polo Guamaré), Pernambuco (Refinaria Abreu e Lima e Terminal de Suape), Bahia (Ediba), Espírito Santo (Terminal de Vitória/Tavit), Duque de Caxias (Reduc), Norte Fluminense (Aeroporto do Farol/Campos), Minas Gerais (Regap), São Paulo (Replan e Recap) e no Rio Grande do Sul (Refap).
Para Roni Barbosa, secretário de comunicação da CUT e petroleiro, o governo Bolsonaro quer entregar o patrimônio do povo brasileiro aos estrangeiros, mesmo diante dos lucros da Petrobras. Segundo o dirigente, a Petrobras teve um lucro no ano passado de mais de R$ 15 bilhões e distribuiu lucros aos acionistas de R$ 2 bilhões.
O dirigente disse ainda que os maiores interessados na Fafen são empresas estatais da China e de outros países.
“As estatais estrangeiras estão expandindo seus negócios, mas não entregam o patrimônio deles. Estão vindo para cá, para investir, mas pode ser que eles não precisem operar essa refinaria e prefiram hibernar, fechar. Estamos todos no mesmo barco, na mesma situação e a hora de reagir é agora”, declarou o secretário de comunicação da CUT.
Já o diretor da FUP, Deivyd Bacelar , lembrou os investimentos que o ex-presidente Lula fez na Petrobras, para torná-la uma das maiores empresas do mundo e levou o Brasil a ser a sexta maior economia do planeta. O dirigente lamentou a decisão da maioria do povo brasileiro que foi às urnas nas eleições de 2018, que elegeu o atual presidente do país, que tem uma política entreguista, de subordinação aos interesses dos Estados Unidos e do mercado financeiro.
“Infelizmente nós estamos disputando aqui não é apenas uma luta, em defesa do sistema Petrobras. Não é apenas uma luta com o governo Bolsonaro, é uma luta contra aqueles que sempre quiseram roubar as nossas riquezas”.
Entre os presentes ao ato em Araucária (PR) contra o fechamento da Fafen, estava o ex-senador do estado, Roberto Requião. Em seu discurso ele lembrou que não apenas está em risco o emprego dos petroleiros, mas cerca de cinco mil trabalhadores utilizados em empresas que dependem da produção da fábrica de nitrogenados, como o comércio local.
Requião criticou o desmonte da Petrobras feito por Bolsonaro e o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes. Segundo o ex-senador, o que acontece com a empresa de fertilizantes é o que acontece com o Brasil.
“O projeto deles [governo Bolsonaro] é um país não industrializado, produtor de matéria-prima voltada para grandes empresas de agricultura, não a agricultura que alimenta o nosso povo, mas voltada à produção de soja, milho e algodão para alimentar o gado de países desenvolvidos”, disse
Requião afirmou ainda que “querem o país sem nenhuma industrialização, mas isso não dá emprego porque a agricultura com tecnologia elevada e mecanizada emprega muito pouca gente”.
O ex-senador disse ainda que o fechamento da Fafen vai representar um prejuízo aos cofres da prefeitura local de R$ 10 milhões de reais ao ano.
“Não é só a prefeitura que vai perder arrecadação, o comércio, a indústria e os pequenos empresários vão perder os seus clientes que gastavam seus salários na estrutura comercial da cidade”, criticou.
Fonte: CUT Nacional