Em ato simbólico, Sindicato rasga proposta da patronal durante assembleia na Stihl
“Nós não vamos aceitar retirada de direitos. Uma proposta como esta tem que ser rasgada, pois não tem cabimento esse desrespeito com os trabalhadores”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região, Valmir Lodi, antes de rasgar a proposta apresentada pelo sindicato patronal. O ato simbólico aconteceu durante assembleia com os trabalhadores da Stihl e da Rexnord, na manhã desta quinta-feira (16). Na ocasião, a categoria reprovou a pauta da patronal.
“A culpa por estarmos aqui é da Stihl, porque tem representação na mesa de negociação e está deixando isso acontecer, apresentarem uma proposta que retirada de direitos”, continuou o dirigente.
O STIMMMESL reivindica o índice da inflação, mais aumento e real e manutenção da Convenção Coletiva de Trabalho. A proposta apresentada pela patronal, na última segunda-feira (13), prevê a retirada do quinquênio e da garantia ao aposentando, homologação apenas na empresa, alterações na revista pessoal, no auxílio-estudante e na marcação do ponto, férias parceladas em três vezes, banco de horas individual e trabalho aos sábados, entre outras medidas que prejudicam os trabalhadores.
De acordo com Valmir, “eles acham que vamos assinar isso aqui porque estamos preocupados com a nossa arrecadação. Só que somos de luta e quem decide o tamanho de um sindicato são os trabalhadores”.
Dirigentes do Sindicato que são trabalhadores da Stihl também deram o seu recado sobre a proposta. Gerson de Mattos, falou sobre o respeito que os trabalhadores devem ter com o Sindicato. “Uma entidade sindical é cada um de vocês, quando estamos aqui na frente da fábrica, estamos lutando por vôces. Estamos enfrentando um ataque em todos os nossos direitos e é fundamental o apoio e respeito dos trabalhadores”, disse.
Para Júlio Cesar da Silva, a postura da patronal é absurdo pois desrespeita quem produz a riqueza da empresa. “Lutamos por reposição da inflação e aumento real, sem retirada de direitos. Este momento deve ser de negociação e não de exploração”, defende ele.
Já Cristiano Jacques abordou questões específicas da fábrica. “Tem colega trabalhando com atestado para não perder o Profit (PLR semestral da empresa), fora os inúmeros problemas e a empresa não dá retorno”, contou. De acordo com o dirigente, a postura da patronal é um reflexo das fábricas. “Não aguentamos mais esse descaso”, garante.
Apoio
“Essa é a primeira campanha do estado onde querem negociar toda a Convenção Coletiva”, salientou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita, Paulo Chitolina. “Quando alertávamos sobre a Reforma Trabalhista, muitos não entendiam, o resultado agora é esse”.
Chitolina informou sobre o como foi a campanha de Canoas que fechou com 2,70% de reajuste, porcentagem que repõe as perdas inflacionárias do período entre maio/2017 e abril/2018, que é 1,69% segundo o acumulado do INPC. Ele chamou atenção para o alto índice de rotatividade, atrelada à redução salarial. “Tem trabalhador que ganhava R$ 13,00 a hora e agora, em outra empresa, ganha R$ 8,00”, contou.
O secretário geral da Federação dos Metalúrgicos do RS (FTM-RS), Flávio de Souza, relatou as negociações em outras regiões do estado. “A patronal tem o mesmo discurso, que não tem dinheiro por causa da crise e da greve dos caminhoneiros. Além disso, comemoram a Reforma Trabalhista que veio para precarizar direitos. Porém, a realidade é de projeção de crescimento. A Stihl é uma das maiores empresas do país e do Rio Grande do Sul e a mão de obra desses trabalhadores não pode ser rebaixada”.
O dirigente disse, ainda, que as mesas de metalurgia, máquinas agrícolas e reparação de veículos são orientadas pela FIERGS, onde só pensam em ter lucro e apresentam esse pacote de maldades. “Esse é o nosso momento e precisamos de unidade para não perdemos os nossos direitos”, finalizou ele.
Além de Canoas, os metalúrgicos de Porto Alegre e de outras bases já fecharam suas campanhas, com o índice de 2,30%, composto de reajuste mais um abono nos meses de maio e junho.
Fonte: STIMMMESL