Primeiro trimestre teve 48% mais mortes do que em igual período de 2020

Foram registradas 35.655 mortes a mais na comparação entre os primeiros três meses deste ano e de 2020.
Dados ainda não contabilizam óbitos ocorridos em abril

Em meio à pandemia de covid-19, o estado de São Paulo registrou 109.618 mortes no primeiro trimestre deste ano. O número é 48,2% maior que o registrado em igual período do ano passado, quando foram registradas 73.963 mortes. São 35.655 mortes a mais, das quais 27.939 confirmadas para covid-19. Também é o maior índice registrado pela Fundação Seade desde o ano 2000, quando os dados começaram a ser computados. Porém, a situação deve se agravar, já que abril foi o mês com o maior número de pessoas mortas pela covid-19 de toda a pandemia: 21.358.

Considerando os dados mês a mês, foram 32.805 mortes em janeiro, 29.520 em fevereiro e 47.293 em março. Nesse último, o número de mortes superou o número de nascimentos pela primeira vez no estado. Foram 45.532 nascidos no período, uma diferença de 3,72%. Em parte, essa diferença se explica por um grande número de casais que estão adiando ter filhos por conta da pandemia. Porém, a diferença significativa do número de mortos entre 2020 e 2021 mostra que a situação da pandemia está longe de ser controlada.

Além das mortes gerais, São Paulo registrou mais óbitos causados pela covid-19 em menos de quatro meses de 2021 do que em todo o período da pandemia no ano passado. Hoje são 106.437 mortes por covid-19 no estado, das quais 46.775 ocorreram entre 12 de março – data da primeira morte pela covid-19 no Brasil – e 31 de dezembro de 2020, média de 159,09 por dia. E 49.297 ocorreram entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano, média de 410,8 por dia. Outras 10.365 mortes ocorreram em maio.

Menos isolamento, mais mortes

Apesar disso, em vez de intensificar a quarentena e as medidas de restrição de circulação e funcionamento do comércio, o governo João Doria (PSDB) prepara uma nova fase do Plano São Paulo idêntica à fase verde, só que entre as fases vermelha e laranja, que são as mais restritas. A proposta é que a nova fase comece a valer em 1º de junho, liberando a ocupação de até 60% dos espaços de todos os estabelecimentos comerciais, de serviços, espaços culturais e restaurantes, com funcionamento até as 22h.

A mudança deve elevar ainda mais o número de mortes, já que o próprio governo admite que o número de mortes diárias pela covid-19 em São Paulo pode aumentar até 20% com as flexibilizações da nova fase.

Em coletiva à imprensa na quarta-feira (19), ao ser questionado sobre os possíveis impactos da nova fase na pandemia, o coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus, João Gabbardo, confirmou que deve haver aumento nos números de casos, internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e mortes nas próximas quatro semanas. Período que englobaria a última semana da atual fase de transição e três semanas de nova fase verde.

“No momento mais dramático, nós tivemos 13 mil pessoas internadas em UTI. Até as próximas quatro semanas vamos chegar, no máximo, a 11 mil pessoas em UTI. E quando nós tínhamos 13 mil, tínhamos leitos para atender essa população. Nós chegamos, no máximo, a 92% de ocupação. Em relação ao número de óbitos, hoje a nossa média móvel de sete dias está em torno de 500 óbitos. Temos expectativa de que ainda possa aumentar. É possível que cheguemos a 600 óbitos, como média móvel”, afirmou Gabbardo.

Mortes em UTI
Hoje, São Paulo tem pouco mais de 10 mil pessoas internadas em UTI. E média de 500 mortes por covid-19 por dia, mais alta do que a registrada em todo o ano passado, por exemplo. Os números apresentados por Gabbardo representam aumentos de 10% no número de pessoas internadas e de 20% nos óbitos diários.

E, embora garanta que haverá leitos de UTI para atender os casos graves de covid-19, o governo Doria ignora que metade das pessoas que necessitam desse atendimento morrem, segundo dados do Projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib). Entre pacientes com covid-19 que necessitam de intubação, a situação é ainda pior: 75% morrem. A garantia de haver leito de UTI não é garantia de sobrevivência.

Além disso, o número de pacientes internados vem aumentando. No último dia 12, havia 21.419 pacientes internados no estado, sendo 9.939 em UTIs e 11.480 em enfermaria. Ontem, já eram 22.112 pacientes internados no estado, 10.129 em UTIs e 11.983 em enfermaria – aumento de 3,24% em sete dias. Apenas ontem foram registradas 2.739 novas internações, o pior número desde 9 de abril.

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