Bolsonaro não tem políticas para o emprego e se nega a dialogar, diz CUT

Diante da recusa do governo,  centrais sindicais e patrões querem criar grupo
para a elaboração de políticas contra  desemprego

Para o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, o desemprego é um dos principais “flagelos” do Brasil. “É imediato que a gente busque discutir e encontrar caminhos e soluções”, afirmou, em entrevista ao programa Capital e Mercado, da BandNews TV, na noite desta segunda-feira (7). No entanto, segundo ele, o governo Bolsonaro se nega a dialogar com o movimento sindical sobre políticas de emprego. Além disso, as ferramentas para o desenvolvimento de políticas industriais e de desenvolvimento foram abandonadas.

Além dos quase 15 milhões de desempregados, outras milhões de pessoas desistiram de procurar uma ocupação. Por outro lado, a precarização avança, com a criação de postos de trabalho de baixa qualidade, com jornada parcial e sem a devida proteção.

“Infelizmente, um dos muitos desserviços que o governo Bolsonaro tem feito foi ter interditado o debate. Já tivemos governos com projeto liberal como esse, mas não conheço nenhum período em que não havia diálogo”, disse Sérgio. Ele destacou que “a CUT conversa com todo mundo”. “Mas o problema é que o governo não quer e não chama”, acrescentou.

Diante desse cenário, o dirigente afirmou que o movimento sindical tem estabelecido diálogo com o Congresso Nacional. Ele anunciou a criação de um grupo de estudos, reunindo parlamentares, sindicalistas e representantes do setor patronal. Um dos objetivos é elaborar uma política industrial que garanta a criação de “empregos de qualidade”.

“Se tivesse boa vontade do governo, as coisas andariam muito mais rápido. O povo tem presa. Quem está desesperado, passando fome, não pode esperar. Por isso a gente fica entristecido. Mas com o governo, não tem espaço”, declarou o presidente da CUT.

Estado ‘adequado’

De acordo com Sérgio, é falso o debate entre os defensores do “estado mínimo” e do “estado máximo”. Para o dirigente, o estado tem que ter a dimensão adequada para o desenvolvimento do país. Nesse sentido, ele afirmou que o debate sobre a privatização de empresas públicas, como a Eletrobras e os Correios, precisa ser feito de forma de forma “desapaixonada”, e não de maneira ideológica. Segundo ele, se dependesse do ministro Paulo Guedes, tudo deveria ser privatizado, até mesmo o Palácio do Planalto.

“Essa história de dizer que tudo que é público é ineficiente não é verdadeira. Temos empresas fantásticas, como a Embrapa, o Instituto Butantan e a Fiocruz. Nessas coisas, o estado precisa estar presente. Não houve nenhum momento na história do Brasil que a gente conseguiu se desenvolver só com investimento privado. Sem o estado, não tem como fazer”, declarou Nobre. Na mesma linha, ele disse que a pandemia também ressaltou a importância do SUS.

Rastro de destruição da Lava Jato

Ele destacou, ainda, que o combate à corrupção no Brasil não pode ser feito às custas das empresas e dos empregos. Ele citou, por exemplo, a devastação causada pela Lava Jato. Além de atingir duramente a imagem da Petrobras, a maior estatal brasileira, os métodos adotados pelo então juiz Sergio Moro e pelos procuradores de Curitiba acabaram destruindo as empreiteiras de grande porte.

Ele destacou estudo elaborado pela CUT e pelo Dieese que mostra que 1,1 milhão de postos de trabalho só no setor da construção civil. No total, a Lava Jato causou a destruição de 4,5 milhões de empregos. Além disso, o Estado deixou de arrecadar mais de R$ 170 bilhões em impostos. Já os abalos na imagem da Petrobras servem agora de pretexto para impulsionar sua eventual privatização.

“Quem quer comprar a Petrobras não é a iniciativa privada. São estatais estrangeiras. Na história recente, petróleo foi motivo de guerra. E nós estamos entregando a Petrobras e o pré-sal por conta do desmonte da imagem estatal. É um crime contra o povo brasileiro. Não podemos permitir que aconteça novamente”, declarou o sindicalista.

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