Ao tentar atingir Lula, golpistas fortalecem unidade da esquerda, dizem lideranças

O Brasil acordou testemunhando uma absurda condução coercitiva da figura política que mais assombra a direita brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva, para prestar depoimento na Polícia Federal do aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo. Ao final do dia, os brasileiros perceberam que o episódio serviu apenas para unir ainda mais os movimentos de esquerda, que organizaram um grande ato de unidade apresentando um calendário de luta em defesa das conquistas dos trabalhadores nos últimos 13 anos.

 

A manifestação convocada pela Frente Brasil Popular reuniu mais de 3 mil pessoas na quadra dos bancários e contou com a presença de lideranças da classe trabalhadora, de movimentos sociais organizados, de juventude, partidos, ministros, parlamentares e outras lideranças políticas, como o prefeito da cidade de São Paulo Fernando Haddad.

 

As entidades definiram que haverá três atos em defesa da classe trabalhadora: dias 8, 18 e 31 de março. O ato do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, intitulado “Mulheres com Lula” vai abrir o calendário de lutas.

 

O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, saudou a unidade da esquerda em defesa da democracia e desafiou os golpistas. “Sempre que a direita tentou o golpe foi derrotada pela esquerda. O Brasil está parado porque alguns ainda não aceitam o resultado das eleições, impõem um terceiro turno e quem mais sofre é a classe trabalhadora. Se forem ao tapetão, vamos derrotá-los nas ruas. Joguem o jogo da democracia ou nos enfrentem nas ruas, onde vamos derrotar todos vocês”, finalizou o CUTista.

 

Para o coordenador estadual da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, Sérgio Moro está agindo com ilegalidade e precisa responder por isso. "Lula não foi chamado pra depor, mas levado. São muitos erros do ponto de vista jurídico. Do ponto de vista político, estamos assistindo a um jogo midiático que dá ampla publicidade à operação Lava Jato, como um golpe ao legado construído nos últimos anos desde que o PT assumiu o poder em 2003", afirma.

 

Artur Henrique, ex-presidente da CUT e atual secretário de Trabalho e Emprego de São Paulo, lembrou que durante sua gestão à frente da Central, o ex-presidente Lula também foi alvo de ataques numa estratégia semelhante ao que ocorre agora. “O que explica isso é a famosa luta de classes, o ataque a interesses do 1% que controla os grandes meios de comunicação, o sistema financeiro e alguns empresários que não querem um país menos desigual. Está em jogo a destruição de um projeto que coloca o filho do trabalhador na faculdade e permitiu a muito mais pessoas frequentar restaurante e aeroportos. É o ódio a quem ocupa um espaço antes segregado a uma minoria”, explicou.

 

Também presente ao ato, Maria das Dores, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), lamentou a forma como o ex-presidente foi tratado na manhã desta sexta-feira. “O que Lula enfrentou foi uma questão estapafúrdia. Não vamos admitir que o Poder Judiciário atue na política de nosso país. O MTST não vai admitir uma nova ditadura no nosso país. Não é mais uma questão da Lava Jato, não é uma investigação, é uma perseguição ao Lula.”

 

O presidente da CTB, Adilson Araújo, destacou que a direita joga todas as fichas numa profunda instabilidade política. "Ao prender Lula, querem nos acuar também, vão investir também na organização dos sindicatos e temos que botar nossa militância nas ruas incansavelmente pra fazer a defesa do projeto popular”, defendeu o sindicalista.

 

Integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), Gilmar Mauro apontou o fortalecimento da Frente Brasil Popular como um dos caminhos para enfrentar esse momento. “A Frente é fundamental porque consegue congregar um conjunto de movimentos sociais, partidos e movimento sindical para discutir os elementos da conjuntura, tomar encaminhamentos e ações comuns na tentativa de construir um projeto político para o nosso país e, ao mesmo tempo, impedir o retrocesso.”

 

Para Presidenta da UNE, Carina Vitral, as conquistas do povo brasileiro estão sendo ameaçadas. "Nós jovens sabemos que estão em jogo programas como o Prouni. Eles estão incomodados é com o fato de o filho do favelado estudar no mesmo lugar do filho da elite. O que aconteceu não é operação policial, mas farsa midiática. Mas permaneceremos nas ruas e com a cabeça erguida. Assim será daqui até o final do mandato de Dilma", alerta a dirigente estudantil.

 

Confira o que falaram outras lideranças presentes no ato:

 

Carmen Helena Ferreira Foro, vice-presidenta da CUT

Atingir uma liderança como Lula, num momento desse, coloca a nossa democracia em processo de fragilidade. Não estamos falando de qualquer um, estamos falando da maior liderança popular do planeta. Por todo o país já há mobilizações. A CUT vai continuar num processo permanente de luta em defesa da democracia.

 

João Antonio de Moraes, diretor da secretaria de movimentos sociais da FUP

Está muito claro que é preciso defender, neste momento, a democracia brasileira. Aliás, a conquista da democracia passa pelo Lula, a maior liderança política da história de nosso país.

 

Nalu Faria, Marcha Mundial das Mulheres

O que a gente vive hoje é o ápice de um processo golpista que vivemos desde o final de 2014. Esse ataque é parte de um conjunto de ataques a um projeto que o presidente Lula construiu para esse país. Esse ataque não é só ao presidente Lula, é contra todas e todos nós.

 

Angela Meyer, presidenta da UPES

Todas as conquistas da juventude, até o Pré-Sal para a Educação, que está sendo entregue à iniciativa privada pelo Senado, estão em risco. Todos os programas como Prouni e Fies estão em risco. Os jovens devem ir às ruas neste momento porque podemos perder tudo que conquistamos nos últimos anos.

 

Anivaldo Padilha, militante histórico da esquerda e pai do secretário de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha

Eu me sinto como no dia 30 de março de 1964. Envolvimento da mídia, das elites e do Judiciário tentando criar um clima de rejeição. Há uma diferença importante: em 64, a igreja e os militares se envolveram diretamente; dessa vez a igreja está contra e os militares estão quietos. É um golpe de classe, que visa suprimir direitos humanos e da classe trabalhadora.

 

Fonte: CUT Nacional

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 × três =