Violência, pobreza, trabalho precário e exclusão política ameaçam autonomia da mulher, alerta CEPAL

Ao menos 12 mulheres latino-americanas e caribenhas são vítimas de feminicídio todos os dias, alerta a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em relatório divulgado nesta segunda-feira (24). O documento aborda uma série de riscos — como violência, pobreza e trabalho precário — aos quais as mulheres da região estão mais suscetíveis do que os homens.

 

Dados de 2014 coletados em 25 países apontam que um total de 2.089 mulheres foram mortas na América Latina e no Caribe apenas por serem mulheres.

 

No Brasil, o cenário é ainda mais alarmante. Em 2013, foram 4.762 assassinatos — uma média de 13 por dia — que tiveram como vítimas pessoas do sexo feminino. O país tem uma taxa de feminicídios estimada em 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Divulgado em meio a uma onda de protestos que atravessa Estados-membros para pedir o fim da violência contra a mulher, o relatório da CEPAL alerta ainda para outros obstáculos à autonomia feminina, como miséria, precarização da mão de obra e exclusão das instâncias de decisão política.

 

Enquanto em 2002, para cada 100 homens vivendo em lugares pobres da região, havia 107 mulheres, em 2014 o número delas aumentou para 118. Inversamente, no mesmo período, a pobreza média nos Estados-membros da CEPAL caiu de 43,9% para 28,2%.

 

De acordo com o relatório, 29% das mulheres não têm renda própria — entre os homens, a proporção é de 12,5% — e 26% recebem salário inferior ao mínimo estipulado pelas leis nacionais, em comparação a 18,3% de homens também sub-remunerados. Apenas 7% das mulheres possuem renda igual ou superior a quatro salários mínimos. A porcentagem entre os homens é de 16%.

 

A agência regional das Nações Unidas reitera que “o mercado de trabalho é a chave mestra da igualdade, uma vez que é lá que a redistribuição de renda e também de direitos ocorre de forma efetiva”.

 

A paridade de gênero no campo da produção, porém, ainda parece uma realidade distante na América Latina e no Caribe, e uma das causas das diferenças de remuneração entre homens e mulheres é a distribuição da mão de obra feminina por áreas menos valorizadas.

 

Fonte: Organização das Nações Unidas

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