Trabalhadores da Controil paralisam atividades nesta quinta por causa do aumento de 35% no plano de saúde
Antes mesmo da Reforma Trabalhista entrar em vigor, a Controil, em são Leopoldo, já está mostrando o que será o vida dos trabalhadores e trabalhadoras. A metalúrgica, que integra o grupo Randon, quer reajustar o plano de saúde em 35%, além de uma participação no pagamento da consulta. Por isso, os trabalhadores deliberaram em assembleia na manhã desta quinta-feira (17) paralisar as atividades no dia de hoje. A Controil tem mais de 400 trabalhadores.
"Não aceitaremos que a empresa brinque com a saúde dos trabalhadores", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL), Valmir Lodi. “Somos nós que produzimos a riqueza e o lucro da empresa e eles nos tratam como se fossemos descartáveis”, continuou.
“Alguém aqui escolhe quando fica doente? Precisamos de um plano de saúde digno, sem esse aumento absurdo e nada de pagar consulta na hora”, garantiu ao destacar que o plano de saúde afeta toda a família. “Muitas vezes chegamos em casa e nossos filhos estão doentes, precisamos do convênio”.
Campanha salarial – Valmir ressaltou que a categoria está em campanha salarial e que as negociações com a patronal estão bastante difíceis. “Eles querem implantar a Reforma Trabalhista, que só entra em vigor no mês de novembro. Os patrões já querem tirar os nossos direitos, como a Controil está fazendo. Isso é uma amostra do que está por vir, por isso precisamos de um Sindicato forte que tenha o respaldo da categoria”, declarou ele.
Retirada de direitos
O secretário de Formação do Sindicato e trabalhador da Controil, Genilso Vargas da Rosa relatou as diversas reuniões com a empresa e salientou que não acredita que uma proposta de reajuste de 35% no plano de saúde seja a melhor. “Eles não mostraram os outros orçamentos”, contou. “A empresa continua aumentando seus lucros e afirma que não pode arcar com mais de 70% no plano de saúde. Para onde está indo o dinheiro do lucro?”, questionou ele.
Genilso também lembrou os inúmeros direitos que a Controil já modificou, do cafezinho ao auxílio creche. “Há tempos estamos sendo precarizados e chega uma hora que não dá para resolver as coisas na conversa, precisamos parar a produção, como estamos fazendo hoje, para mostrar a nossa força e que temos que ser valorizados”, salientou.
O dirigente parabenizou os trabalhadores pela postura e consciência. “Por causa da nossa paralisação estamos perdendo o rancho e sabemos que devido aos baixos salários, para muitos trabalhadores é o rancho que coloca a comida na mesa. Mas quem garante que esse não será o próximo direito a ser retirado da gente?”, ponderou.
Pauta
Uma pauta de reivindicações foi aprovada na assembleia e será entregue para a direção da empresa. Plano de cargos e salários, participação nos lucros e resultados discutidos numa comissão específica, café para todos os trabalhadores, retorno do cartão farmácia e do auxílio óculos, manter a qualidade dos produtos que compõem o rancho e o auxílio creche de três anos (como era antes de ser reduzido para 18 meses) são alguns itens da pauta dos trabalhadores.
Outros dirigentes sindicais também se manifestaram repudiando a atitude da empresa, que já tem um histórico na retirada de direitos. “A lista do que já foi retirando é extensa. É isso que eles querem, nos enfraquecer, fazer negociações individuais”, disse o diretor do Sindicato, Ademir Maia Coito.
Já o dirigente e trabalhador da Gedore, Nelson Rodrigues, chamou atenção para a realidade em outras fábricas da região. “Não vamos deixar que acabem com os nossos direitos”, garantiu ele.
Representantes dos Sindicatos dos Metalúrgicos de Novo Hamburgo, Canoas e Porto Alegre participaram da assembleia, manifestando apoio a decisão dos trabalhadores da Controil.
Fonte: STIMMMESL