Lançada em Porto Alegre a Frente em Defesa da Soberania Nacional: “nossas diferenças são secundárias”

Construir a unidade de todas as forças democráticas, movimentos populares e organizações da sociedade civil para enfrentar o desmonte do Estado brasileiro e da Constituição de 1988, pelo governo Jair Bolsonaro, e defender a soberania nacional e os direitos que estão sendo destruídos neste processo.

Esse é o objetivo estratégico da Frente em Defesa da Soberania Nacional que foi lançada na noite desta segunda-feira (7), em Porto Alegre, em um ato que lotou o auditório da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras (Fetrafi-RS) e contou a participação de lideranças e militantes de cinco partidos que fazem oposição ao governo Bolsonaro (PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB), das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, de entidades sindicais, estudantis e de movimentos populares do campo do senado. O ato também contou com um representante do MDB, o ex-senador e ex-governador do Paraná, Roberto Requião.

Todas as falas destacaram a necessidade de fortalecer a unidade política e social em torno dessa agenda e levar para as ruas, de modo mais massivo, a oposição às medidas que vêm sendo implementadas pelo governo Bolsonaro. “Estamos vivendo um momento histórico aqui. Esse é o caminho certo. Essa frente pode ser um espaço estratégico para levar a oposição ao governo para as ruas”, disse a jornalista Katia Marko, representando a Frente Povo Sem Medo.

Falando pela União Nacional dos Estudantes (UNE), Gabriela Silveira também destacou a importância da construção de uma frente ampla em defesa da soberania nacional para enfrentar as políticas de desmonte em curso como aquelas que atingem as universidades públicas e os institutos federais.

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Vice-presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, o deputado federal Henrique Fontana (PT) destacou que o elemento unificador de todas as forças políticas e sociais que estão participando da frente, e que deve estar acima de qualquer diferença entre elas, é a defesa da soberania nacional que está ameaçada.

Roberto Requião relembrou que o atual processo de desmonte teve uma de suas origens na agenda da chamada Ponte para o Futuro, abraçada pelo PMDB. Com ela, afirmou, o Brasil passa a ser um país de segunda categoria, completamente submisso.

O ex-senador criticou a escolha do slogan “Fora, Bolsonaro!” para definir qual deve ser o centro da atuação política da oposição no próximo período. Para ele, Bolsonaro é apenas “um palhaço que distrai”. “O Brasil é governado hoje pelo capital financeiro representado pelo Paulo Guedes, no Ministério da Economia, e pelo Rodrigo Maia, no Congresso Nacional. O fundamentalismo de Bolsonaro representa apenas cerca de 6% da população”.

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O cineasta Jorge Furtado também participou do ato de lançamento da frente e destacou o clima que se instalou no auditório da Fetrafi. “É uma alegria ver aqui pessoas de vários partidos e políticos em que já votei e para os quais já fiz campanha. Eu nunca me arrependi de nenhum de meus votos. Só o fato de estar numa sala onde ninguém acha que a terra é plana já é um alento. Nós vamos reerguer o Brasil a partir das cidades. Ontem já tivemos uma boa notícia com o resultado da eleição para o Conselho Tutelar. Ano que vem vamos vencer a eleição municipal e começar a reconstruir o país”, afirmou.

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Requião citou o exemplo de Portugal, onde uma aliança entre socialistas, comunistas e Bloco de Esquerda, garantiu uma nova vitória eleitoral, como inspiração para a frente que deve ser construída no Brasil. “Precisamos de uma frente política para se opor ao neoliberalismo econômico e para encaminhar um referendo revogatório para reverter tudo o que Bolsonaro está destruindo”, defendeu.

Na mesma linha de Requião, o presidente estadual do PDT-RS, deputado federal Pompeo de Mattos destacou que, apesar das diferenças políticas existentes entre as forças presentes no ato, uma coisa muito sólida as unifica: a defesa da democracia e da soberania nacional. “Não somos partidos iguais, mas todos temos a mesma convicção sobre esse tema. Ou nós nos unimos ou não restará nada no país para defendermos. O PDT não vai faltar nesta hora de ação e luta pela soberania”, assegurou.

Representando a direção nacional do PSB, Vicente Selistre, também manifestou apoio à criação da frente e anunciou que os socialistas estão comprometidos com essa agenda em nível nacional.

Melchionna

A deputada federal Fernanda Melchionna falou pelo PSOL e também destacou a necessidade de construir uma ampla unidade de ação em defesa das liberdades democráticas e da Constituição de 1988. Mas defendeu também a importância de avançar na direção de um programa em defesa dos interesses dos trabalhadores que, para ela, deve ter um caráter anti-capitalista.

Melchionna chamou a atenção para os ventos de revolta que começam a soprar na América Latina, citando os protestos que eclodiram nos últimos dias no Equador e no Peru. “Neste momento está ocorrendo uma insurreição no Equador contra o governo de Lenin Moreno e, no Peru, o regime está em crise envolvido em um processo de corrupção generalizada. A esquerda está nas ruas e não deixou espaço para a extrema-direita crescer. Isso deve servir de exemplo para nós”.

PCdoB

 

Fonte: Sul 21

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