Basta de feminicídios, desemprego e baixos salários, exigem mulheres

As mulheres da CUT-RS têm motivos de sobra para tomar as ruas neste mês de março e lutar contra a desigualdade, as discriminações, o desemprego, os baixos salários, a tripla jornada e a violência. É pela vida das mulheres e contra a destruição das políticas públicas.

A jornada de luta de 8 a 14 de março, construída pelo Coletivo de Mulheres, com a participação de dirigentes de sindicatos e federações, estabelece um conjunto de atividades, buscando dialogar com a sociedade e enfrentar o ódio, os preconceitos e as injustiças. No Rio Grande do Sul, estão previstas manifestações na Capital e no Interior.

Pela vida das mulheres e contra as violências

Em Porto Alegre, a agenda de mobilização começa na manhã do próximo domingo, 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. Haverá panfletagem das 10h às 13h, na Orla do Guaíba, junto aos blocos de carnaval.

Na segunda-feira (9), às 17h, inicia a concentração no Largo Glênio Peres para a Marcha das Mulheres, sob o tema “Pela vida das mulheres e contra as violências”, que tomará as ruas do centro da cidade por “emprego, saúde, educação e aposentadoria”.

Clique aqui para acessar o panfleto

O material da CUT e entidades filiadas apresenta dados alarmantes, como o aumento de 40% nos casos de feminicídio entre os anos de 2017 e 2018 no Estado. Em cada 10 feminicídios ocorridos no País, um é cometido do RS. Dos 496 municípios, no entanto, somente 22 contam com delegacias da mulher.

O Brasil é o quinto país no ranking da violência contra as mulheres de um total de 84 países pesquisados pela ONU. E pelo três menos mulheres são vítimas de feminicídio por dia no Brasil.

“Onde está o poder público que não protege a vida das mulheres?”, questiona a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Ana Cruz. “Temos que ter clareza de que o projeto de estado mínimo encabeçado por Bolsonaro, Eduardo Leite e Marchezan atinge primeiramente a vida das mulheres”, destaca.

“É preciso dar um basta ao projeto neoliberal e fascista, que faz a cada dia mais vítimas, especialmente nas periferias e sobretudo jovens, negras e mães trabalhadoras”, enfatiza Ana Cruz.

Desmonte das políticas públicas

Para a secretária-geral da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, “a violência precisa ser combatida, pois agride, ameaça, machuca, mutila, deixa marcas e tira a vida de milhares de mulheres”.

Ela também chama a atenção para o fato de que “são as mulheres as que mais sofrem com o desmonte das políticas públicas, como a Emenda Constitucional 95, do golpista Temer, que congelou por 20 anos os gastos com saúde e educação”. Essa situação se agravou com política ultraliberal do atual ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes.

Segundo Vitalina, a política econômica, que desmonta o Sistema Único de Saúde (SUS), a educação, os demais serviços públicos, a privatização de empresas estatais e os ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários, comprometem decisivamente as condições de vida da maioria da população e, principalmente, das mulheres do campo e da cidade. “Muitas são atiradas ao desemprego, ao subemprego, à informalidade, ao adoecimento físico e mental, à automedicação, ao trabalho precário, à pobreza, à miséria e à morte”, denuncia.

“Aquela mulher que mora na periferia, trabalha três turnos e ainda toma conta da casa é a que mais precisa da proteção social do Estado. Não é a burguesia que sofre com o descaso do poder público”, ressalta Vitalina.

Desemprego é maior entre as mulheres

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último semestre de 2019, o desemprego foi de 9,2% para homens e 13,1% para mulheres, o que demonstra a dura realidade enfrentada por milhões de brasileiras.

“O desemprego, os baixos salários e a tripla jornada são duras realidades que as mulheres têm que enfrentar no seu cotidiano. E não é só isso. Muitos empresários, quando contratam funcionárias, priorizam aquelas que não possuem filhos ou já passaram da idade de procriar. Ainda é comum o preconceito machista de que a maternidade prejudica o desempenho profissional de uma mulher, o que é uma grande mentira”, salienta Ana Cruz.

Reforma da previdência pesa mais sobre as mulheres 

Apesar da resistência do movimento sindical, a reforma da Previdência foi aprovada pelos deputados e senadores que apoiam o governo Bolsonaro, piorando o acesso à aposentadoria, às pensões a outros benefícios, pesando mais sobre as mulheres.

“Além de cuidar dos filhos e da casa, as trabalhadoras precisarão comprovar maior tempo de contribuição para receber benefícios menores ao se aposentarem, o que é uma crueldade para as mulheres que já sofrem com precárias condições de trabalho”, conclui Vitalina.

 

Fonte: CUT-RS

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