Brasil termina primeiro trimestre de 2020 com aumento nos índices de desemprego
Segundo Lúcia Garcia, economista do Dieese, esse número ainda não reflete o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia do país
O Brasil terminou o primeiro trimestre deste ano com um aumento nos índices de desemprego, segundo uma pesquisa do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. Hoje, são cerca de 12.850 milhões de brasileiros sem trabalho, o que representa 1 milhão e 200 mil pessoas a mais na fila do emprego.
Segundo Lúcia Garcia, economista do Dieese, esse número ainda não reflete o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia do país.
“As coletas de dados que aconteceram em março foram fortemente concentradas na primeira quinzena do mês. E nós tivemos os primeiros procedimentos em relação ao distanciamento social e regulação de funcionamento de negócios justamente a partir do dia 20 de março.”
Para esta pesquisadora, os efeitos da pandemia no desemprego poderão ser computados com mais precisão no levantamento a ser feito no próximo período. “Do último trimestre para cá, a nossa população economicamente ativa decresceu 1% e nosso volume de trabalho decresceu 2,2%. Isso faz com que a gente projete uma taxa de 17,4%, 17 milhões de desempregados e, se esse processo perdurar, podemos chegar a taxas maiores ainda. Quando somamos com quem desistiu do mercado de trabalho, vamos chegar à crise do emprego no Brasil em torno de 20 milhões no próximo trimestre.”
Mesmo com números subestimados, o Ministério da Economia divulgou que recebeu 784 mil pedidos de seguro-desemprego em abril, um aumento de 22,1% em comparação com o mesmo mês de 2019.
Para dar conta dessa demanda, o governo abriu canais online específicos para requisição do seguro desemprego. Porém, há muitos relatos de dificuldades durante o uso do aplicativo.
Viviane de Paula perdeu o emprego como educadora em Taboão da Serra em abril desse ano. Ela relata que os procedimentos e sobrecarga da plataforma foram obstáculos para a requisição do seu benefício. “A princípio, eu tive muita dificuldade com os aplicativos para dar entrada no seguro-desemprego. Foram muitas demissões, eu acho que os aplicativos ficaram sobrecarregados. E o atendimento foi e é muito precário para o trabalhador.”
Além da instabilidade e sobrecarga no sistema, outro problema recorrente tem sido a divergência de dados pessoais entre as bases de dados do Ministério da Economia e da Receita Federal.
Naiara Palumbo trabalhava com pesquisa de consumo quando foi demitida em março deste ano. Ela conta que entrou com o pedido de seguro-desemprego, mas até agora não conseguiu acessar o benefício.
“Eu fiz o pedido dia 30 de março pelo aplicativo e primeiro falava que tinha algum erro na minha requisição. Só que tudo que precisa resolver é ligando lá, e ligar lá tá sendo uma coisa muito difícil. Eu demorei 15 dias para conseguir ligar e eles me atenderem. Agora, o erro fala que minha demissão não está registrada no órgão que precisa ser registrada. E para isso eu precisei enviar uma foto de todos os meus documentos. Como eu já mandei os documentos, aparece que eu fiz reclamação, mas que tá em análise. Mas a análise não acaba nunca.”
Segundo o governo, o atraso nos repasses tem acontecido devido à divergência de dados pessoais entre as bases de dados do Ministério da Economia e da Receita Federal. Por isso, se o requisitante se deparar com tal problema, é preciso verificar se o cadastro no sistema está correto.
Esta consulta pode ser feita pelo site da Receita. O número telefônico 158 também foi disponibilizado para tirar dúvidas, mas devido ao congestionamento das linhas, o Ministério do Trabalho também criou um formulário para que os conflitos de informações sejam avaliados e corrigidos com mais agilidade. O endereço é: http://trabalho.gov.br/contato/formulario-de-contato.
Fonte: Brasil de Fato