CUT-RS e centrais pressionam deputados por reajuste de 10,3% ao mínimo regional
“Piso regional, reajuste integral”, gritaram os dirigentes da CUT, CTB,
Intersindical, CSP-Conlutas, Fórum Sindical e CSB, em frente à ALERG
A CUT-RS e centrais sindicais realizaram, na manhã desta quinta-feira (5), um ato simbólico em frente à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, pressionando os deputados e as deputadas pelo reajuste de 10,3% no salário mínimo regional de 2021, o que corresponde à variação do INPC em 2019 e 2020. O chamado piso regional se encontra congelado há dois anos e meio, desde 1º de fevereiro de 2019.
Em 15 de julho, o governador Eduardo Leite (PSDB), enviou um projeto de lei aos parlamentares, propondo reposição de apenas 2,73%, o que significa metade da inflação de 2020. Um absurdo! No ano passado, o governador sancionou o reajuste zero aprovado pela sua base aliada na Assembleia, deixando cerca de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas sem qualquer aumento em meio à pandemia.
“Piso regional, reajuste integral”, gritaram os dirigentes sindicais da CUT, CTB, Intersindical, CSP-Conlutas, Fórum Sindical e CSB, em frente ao saguão do parlamento gaúcho, no centro de Porto Alegre.
Audiência com presidente da Assembleia Legislativa
O protesto antecedeu a audiência com o presidente da Assembleia, deputado Gabriel Souza (MDB). Os dirigentes das centrais entregaram uma carta e o “manifesto em defesa da valorização do salário mínimo regional”.
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Para Antônio Güntzel, secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, o índice proposto pelo governador tucano é “uma afronta” e está muito aquém das necessidades básicas enfrentadas por quem recebe os menores salários no estado. “Com essa reposição, só é possível comprar, por exemplo, dois quilos de arroz, um quilo de farinha, um litro de óleo e um quilo de feijão”, disse ao falar durante a audiência. Os produtos foram também expostos durante a manifestação.
O dirigente da CUT-RS citou também dados apurados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A cesta básica de Porto Alegre acumulou alta de 34,7% nos últimos dois anos, variando mais de três vezes o INPC do período. Além do aumento dos preços dos combustíveis e gás de cozinha, que pesam muito no bolso do trabalhador e da trabalhadora.
“O mínimo regional é um mecanismo importante de distribuição de renda e estamos reivindicando a reposição da inflação dos últimos dois anos. Os deputados e as deputadas precisam olhar para essa gente que trabalha, produz e recebe os menores salários no Estado”, explanou.
Antônio lembrou que o governador não se reuniu com as centrais para discutir o reajuste do piso regional e propôs uma mesa de diálogo incluindo o governador, deputados, deputadas e federações empresariais. “Esperamos que o presidente da Assembleia possa ser interlocutor e abrir caminhos para o diálogo, onde possamos explicar a proposta dos trabalhadores”, declarou.
Gabriel Souza ouviu os dirigentes sindicais e apontou que a função do Legislativo é de intermediar os interesses da sociedade. “Reconheço que existe uma perda do poder aquisitivo por parte dos trabalhadores se não houver reposição”, afirmou o deputado, destacando os aumentos da gasolina, cujo litro custa mais de R$ 6, e do gás de cozinha, que já passou de R$ 100. Ele se comprometeu a auxiliar na busca de diálogo entre as partes.
Audiência pública na Comissão de Economia
A Comissão de Economia da Assembleia, presidida pelo deputado Zé Nunes (PT), promove na próxima quarta-feira (11), às 9h, uma audiência pública virtual para discutir o reajuste do mínimo regional e ampliar o debate com parlamentares e sociedade. O deputado Gabriel Souza foi convidado pelas centrais a participar.
“Será uma boa oportunidade para mostrar a importância do piso regional, que nunca foi fator de desemprego e sim de distribuição de renda, valorização do trabalho e crescimento da economia gaúcha”, ressalta Antônio.
Risco de extinção do piso regional
O mínimo regional foi criado em 2001, no governo Olívio Dutra (PT), através da lei estadual nº 11.677. Na época, o valor definido foi de 28% acima do salário mínimo nacional, levando em conta a pujança da economia gaúcha. Também existem pisos regionais em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
“Com dois anos e meio de congelamento, essa importante política pública está correndo risco de ser extinta por interesses de empresários atrasados. O governador, os deputados e as deputadas não podem ser coniventes com esse processo de destruição do piso regional”, destacou Antonio.
Fonte: CUT-RS