À espera de nova alta dos juros, país mistura inflação, paralisia e incerteza
Reunido desde ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) encerra nesta quarta-feira (22) sua sexta reunião com a prevista quinta alta seguida da taxa básica de juros. A aposta predominante é de aumento de 1 ponto percentual, o que levaria a Selic a 6,25% ao ano, no maior nível em mais de dois anos. A tendência de alta dos juros acontece em um cenário que combina elevação da inflação com risco de crescimento econômico menor do que o previsto. O resultado da 241ª reunião do Copom será anunciado no final do dia.
Em agosto, o IPCA-IBGE somou 0,87%, maior taxa para o mês desde 2000. O indicador nacional médio se aproximou dos dois dígitos: 9,68% em 12 meses, mas em metade das 16 capitais pesquisadas já superou os 10%. Na próxima sexta-feira (22), sai o IPCA-15 de setembro, “prévia” da inflação oficial. Dados apontam aumento constantes de itens da cesta básica e diminuição da aquisição de alimentos.
Nos últimos meses, uma visão otimista do chamado “mercado” foi dando vez à crescente incerteza. A atividade econômica, que nem chegou a se recuperar totalmente, vem mostrando perda de ritmo. Além do provável resultado fraco neste ano – por enquanto, o PIB em 12 meses soma 1,8% –, as estimativas para o próximo vêm ficando mais conservadoras. Para 2021, espera-se no máximo que “zere” as perdas do ano anterior (-4,1%).
Desemprego e crise hídrica
Além das várias preocupações na área econômica, às quais se soma a taxa recorde de desemprego, em torno dos 15%, a crise hídrica faz aumentar as chances da chamada estagflação – um mix de recessão e inflação. A falta de água faz aumentar as contas de luz, por um lado, e por outro ameaça a atividade econômica, na medida em que a produção diminui.
A tudo isso se soma a instabilidade política alimentada, diariamente, pelo presidente da República. O mesmo que, nas Nações Unidas, disse que o país “recuperou” sua credibilidade.