“A PLR é um incentivo para o trabalhador”, diz o diretor no STIMMMESL e membro de comissão de negociação de PLR, Roni Rodrigues 

Roni do Carmo Rodrigues tem 41 anos. Desses, há 21 trabalha como metalúrgico, iniciou na empresa Freios Controil e há 11 anos está na Gedore, onde também é membro da Comissão de Negociação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). “A PLR é um incentivo para o trabalhador ganhar um dinheiro a mais, ter uma renda um pouco melhor”, acredita.

Casado e pai de três filhos, morador de São Leopoldo, Roni está no seu primeiro mandato como dirigente sindical do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL) e garante que quer continuar em defesa do trabalhador. “Usamos o diálogo, a conversa, escutamos muito os trabalhadores, levamos adiante as propostas e as demandas para a direção da empresa, fizemos esse meio de campo, que é o nosso papel”, afirma Roni.

 

Confira a íntegra da entrevista:

 

Conte um pouco da sua história? Como entrou no movimento sindical? 

Minha trajetória é que tenho 21 anos na metalurgia, trabalho na Gedore já tem 11 anos e a partir de 2017 entrei para o movimento sindical. Isso se deu através de um companheiro, colega de trabalho que gostava da minha atuação na empresa, já fui cipeiro, negociei PLR…  Acabaram me convidando e eu aceitei.

 

 

Além de diretor sindical, você também é membro da comissão de negociação da PLR na empresa onde trabalha. Fale um pouco sobre isso. 

Fui eleito três vezes, duas vezes como suplente e agora, a última, como titular. Como suplente a gente mais acompanha, substitui alguém que não possa ir, mas como titular, foi mais pegado. A negociação foi muito boa no aspecto que conseguimos chegar no objetivo, mas hoje infelizmente para a gente negociar uma PLR tivemos que pelear. Os patrões já vem para a mesa de negociação com os números que eles querem. Nós, eu, os companheiros eleitos, o companheiro Pardal, que representou o Sindicato conseguimos bater o pé em algumas coisas, ajustar aqui, ali até chegar no número que a gente quer. Hoje, graças a Deus estamos com um número, percentual muito bom, em quase 60 anos de Gedore no Brasil nunca tinha dado tanto como agora, na PLR.

 

Qual a importância da PLR para os trabalhadores? 

A importância é que a PLR é um incentivo. O trabalhador que hoje, infelizmente, devido a conjuntura no país vê o salário baixar e perder poder de contra, com retirada de direitos, a PLR é um incentivo para o trabalhador ganhar um dinheiro a mais, ter uma renda um pouco melhor. E temos que lembrar que nada é dado de graça pela empresa, tudo é mérito do trabalhador. A PLR é lei que determina uma porcentagem do lucro para os trabalhadores, lucro esse que já foi duas, três vezes maior para a empresa.

 

Nem todas as empresas adotam a PLR. Como trabalhador e negociador desse benefício, o que você diria para uma empresa adotar o Programa? 

Acho, tenho certeza que deveriam adotar porque, como falei antes, para o trabalhador é um pró, vai trabalhar com um incentivo maior, pois sabe que se atingir as metas que foram negociadas ele vai ganhar um X no final, que ajuda muito nos dias de hoje

 

Como a atuação do Sindicato pode ajudar na questão da PLR? 

O Sindicato ajuda muito. Vou te dizer da minha negociação, eles chegam com números na mesa e praticamente não é negociação. Eu fui um que cheguei num ponto e disse “está encerrada as negociações”, pois penso que negociação é debate, é tu trazer a tua proposta, eu a minha e a gente debater. Infelizmente eles não queriam fazer isso, aí convenci os companheiros que estavam na mesa comigo a se retirar e falei que não tinha problema, iríamos comunicar os trabalhadores que a empresa não queria dar PLR, foi aí que eles deram um passo atrás e começamos a negociar. Vejo a importância do Sindicato nisso, a pessoa que é leiga ou que até mesmo não tem estabilidade e está na negociação, a empresa pode fazer algum tipo de retaliação com essas pessoas e com o Sindicato junto há uma respeito maior, sabem que estamos ali para negociar, para debater e eles respeitam isso, principalmente na Gedore.

 

 

Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência? 

A avaliação é muito ruim. A gente perdeu muitos direitos, a classe trabalhadora além de perder, as empresas estão se aproveitando de reduzir salários. Um exemplo, na fábrica que trabalho é que quem entra, entra com o piso da categoria, que é a remuneração menor e sem insalubridade, sem nada, só a hora simples e isso é uma perda muito grande. Estamos lutando lá dentro para conseguir benefícios extras, já marcamos reuniões, conversamos com a direção para tentar ajustar algo e retribuir de alguma maneira o que foi perdido no golpe, tentar trazer de outra forma. Essa é uma negociação.

 

O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso? 

Trabalhando. Do jeito acho que estamos trabalhando aqui no Sindicato, principalmente agora que os trabalhadores viram a atuação do Sindicato na pandemia, perante as negociações nas empresas que fizemos, ganhamos muitos parabéns da grande maioria dos trabalhadores. Ainda há aqueles que são contra nós, mas tentamos convencê-los que a única ferramenta de luta que defende o trabalhador é o Sindicato. Não existe outra ferramenta que vá defender o trabalhador. Usamos o diálogo, a conversa, escutamos muito os trabalhadores, levamos adiante as propostas e as demandas para a direção da empresa, fizemos esse meio de campo, que é o nosso papel e assim vamos tentando dar a volta por cima.

 

Na tua opinião, qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período? 

Eu acredito que vai ser, porque eles vão tentar sugar os trabalhadores ainda mais, no meu entendimento no quesito de distribuição de renda, quem sabe com mais retirada de direitos, porque desse governo podemos esperar tudo, menos algo para favorecer a gente. Eles estão nos espremendo. Nossos salários hoje, mais de 80 % vai para alimentação e gastos normais de uma casa que cada vez aumenta mais. Eles não querem que o trabalhador possa andar de carro, viajar, comer bem, essa é a verdade e essa será a nossa principal luta no próximo período. Não deixar piorar.

 

E da indústria? Como gerar empregos? 

A indústria pode gerar emprego tendo algo que parte dela. Por exemplo, onde trabalho, um tempo atrás perderam uma linha por conta do dólar e tal e agora recuperaram, abrindo muita porta de emprego e estão trazendo mais maquinários, novidades, se modernizando, isso gera emprego. Mas também temos que ver que não adianta só gerar emprego e não gerar uma qualidade de vida para o trabalhador, uma condição melhor para ele, um salário mais alto.

 

Como atrair mais sócios para o sindicato? 

Acredito que o Sindicato já vem trabalhando e construindo uma conversa com os trabalhadores para mostrar que a entidade é a única ferramenta de luta dos trabalhadores, que sem ela, o trabalhador não consegue avançar em qualquer negociação. O trabalhador que tivesse a coragem de chegar no gestor, no patrão, nem desceria as escadas, como se diz, já seria desligado. Sem essa ferramenta, o trabalhador perderia muito. Por isso digo, que a nossa forma de trabalhar está sendo explicar, mostrar para o trabalhador a importância do Sindicato e para que eles também nos ajudem. É uma estrutura para defender o trabalhador e essa estrutura sabemos que tem gasto e sem apoio não chegamos a lugar nenhum. Acredito que tivemos uma grande revolução no quesito associados de dois anos para cá conseguimos associar mais gente, reduzir também a questão do assistencial, explicamos também a importância do assistencial, para que serve, para que é usado esse recurso e estamos nos encaminhando para tentar zerar esta questão, trazer mais sócios e zerar as oposições.

 

 

Gostaria de acrescentar alguma coisa? 

Esse é meu primeiro mandato e vim, pode-se dizer, meio cru, não sabia muito como funcionava e nestes quatro anos que estou aqui, aprendi muito com pessoas que trabalham em prol da categoria. Temos alguma discordância, mas isso é normal num coletivo e é importante também, pois se pensássemos todos iguais seriamos robôs. Não concordamos, mas debatemos e chegamos num acordo. E como pessoa, ser humano também aprendi muita coisa, a gente vai ouvindo, lidando com as pessoas, vendo as necessidades do próximo. Às vezes, reclamamos da vida e tem gente que passa mais necessidade que nós e isso, cresci muito na minha vida particular também. E quero continuar nesta luta em prol do trabalhador e do ser humano. A gente vai crescendo.

 

Fonte: STIMMMESL

Imagens: Israel Bento Gonçalves

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