“Tudo que sei e aprendi aqui no Sindicato consigo empregar em outras áreas”, afirma o diretor do STIMMMESL, Luciano Pereira

O metalúrgico Luciano Pereira Corrêa tem 40 anos, vive em Sapucaia do Sul com a esposa e os dois enteados. Há 12 anos, ele trabalha na Delga e antes, foi metalúrgico da Freios Controil por seis anos. Logo após o primeiro mês de trabalho, ele se associou no Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL), onde está no seu segundo mandato como diretor.

Luciano conta nesta entrevista de sexta-feira (1o) que durante estes anos, foi membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e da comissão de negociação de Participação no Lucros e Resultados (PLR). “A melhoria tem que ser sempre contínua na CIPA, o que uma CIPA faz hoje, ano que vem pode não ser a mesma coisa, pois a cada ano a CIPA se renova. E a PLR é uma questão complicada, muita empresa acha que não precisa. Porém, a PLR une os trabalhadores e a empresa”, acredita ele.

Confira a íntegra da entrevista:

Conte um pouco da sua história. Como entrou no movimento sindical?

Trabalho há 12 anos na Delga e desde quando entrei, me interessava muito pela CIPA e comissões de PLR. Com o apoio dos colegas trabalhadores, fui eleito para ambas, primeiro a Cipa, depois a comissão para negociar PLR. Na época, comecei a conversar com os companheiros que eram dirigentes sindicais, Adilson e Elias e assim surgiu o convite para vir para o Sindicato, fazer a mesma luta, mas pela categoria.

Você está no seu segundo mandato, como está sendo essa experiência pra ti?

Cada dia é um aprendizado. A gente nunca acha que sabe tudo no movimento sindical, sempre tem uma luta nova, um problema que surge e a gente está sempre aí para resolver. É uma experiência muito boa de vida, de aprendizado. Hoje, tudo que sei e aprendi aqui no Sindicato consigo empregar em outras áreas e grupos que participo, como CTG, por exemplo.

Qual a importância de iniciativas como a CIPA e a PLR para a organização dos trabalhadores?

A CIPA é realmente muito importante porque é um agente de melhorias. Os trabalhadores que são eleitos para a CIPA tem uma importância muito grande em buscar melhorias, mas cobrar a direção da empresa, e às vezes, até dos trabalhadores quando precisa ser cobrado alguma questão, por alguma postura que está fora da segurança dele. A melhoria tem que ser sempre contínua na CIPA, o que uma CIPA faz hoje, ano que vem pode não ser a mesma coisa, pois a cada ano a CIPA se renova. E a PLR é uma questão complicada, muita empresa acha que não precisa. Porém, a PLR une os trabalhadores e a empresa, porque no momento que tu participa dos lucros da empresa, tu enxerga com outros olhos. Se a empresa está bem, eu estou bem, se ela fatura, eu faturo.

Você acha que falta consciência de classe para os trabalhadores?

Não só consciência de classe, mas inclusão também, pois o nosso Brasil ainda no século 21 tem questão de preconceito, não só de raça, cor e gênero, mas até de alguma questão de física. Se tem problema de saúde mental, também tem preconceito. E acho que isso não é só lá em cima, os poderosos da política que tem que enxergar isso, mas todos precisam ver, desde quem mora no barraco na favela tem que enxergar que nos somos um único povo.

Na tua opinião, qual a importância dos sindicatos na vida dos trabalhadores?

Hoje em dia, Sindicato não é só luta, ele dá muita assistência também. Na fábrica, nos costumam consultar sobre tudo, pedem conselhos, um sindicalista hoje é tipo um psicólogo, um confidente.

Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência?

O difícil é tu não avaliar a diferença que se tinha antes do golpe e hoje, e tem gente que ainda defende, acha que está certo. Antes, a gente podia comprar casa, carro, entrar na faculdade com mais facilidade, hoje em dia é muito difícil. O dinheiro hoje não dá para nada. Antigamente, com R$ 100,00 fazíamos o rancho do mês, hoje em dia não dá para a semana. É uma diferença muito grande, o dinheiro desvalorizou, tudo desvalorizou. A luta que a gente tem para ganhar o pão, parece que estamos ganhando miséria, que o patrão tá dando uma esmola para a gente não morrer de fome.

O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso?

Os sindicatos ficaram muito machados por causa das fake news. Se combatermos essas fake news acaba isso de inventarem histórias sobre o movimento sindical. Se tem algum sindicato que faça alguma coisa errada, pode ter, pode não ter, mas o importante é o que o nosso Sindicato faz. E as fake news estragam todos os sindicatos.

Na tua opinião, qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período?

Eleger o Lula. Tirar esse genocida que está aí, pois muitas coisas que tem sido feitas contra os trabalhadores envolvem esse presidente atual. Precisamos mudar quem comanda o país para mudar o que deve ser melhorado. E o Sindicato tem que participar desse processo e dar o ponta pé inicial.

E da indústria? Como gerar empregos?

Lembro da política do nosso ex-presidente Lula de distribuição de renda, negociava com trabalhadores e empresas, buscava abrir postos de trabalho, trazia tecnologia para o Brasil sem abrir mão da mão de obra que nos tínhamos e temos ainda. O brasileiro tem a capacidade de fazer muitas coias, só que está muito desvalorizado.

Como atrair mais sócios para o sindicato?

Continuar o trabalho assistencial e focar nos jovens. E não só nos jovens, mas em outras classes também. Temos que enxergar não só a causa trabalhista, mas a causa pessoal que todos tem e temos que procurar resolver esse problema específico e trazer a pessoa para o nosso lado. Para que venham lutar com o Sindicato, venham fazer parte dessa classe trabalhadora.

Fonte: STIMMMESL

Imagens: Israel Bento Gonçalves

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