Para fazer a contrarreforma trabalhista é preciso mudar o Congresso, diz Lula na CUT
O ex-presidente Lula disse nesta segunda-feira (4), durante reunião da Direção Nacional da CUT, que o movimento sindical tem a “missão heroica” de ajudar a eleger um Congresso Nacional de maioria progressista, com deputados, deputadas, senadores e senadoras voltados à defesa dos interesses da classe trabalhadora. De acordo com Lula, que participou do lançamento da Plataforma da CUT para Eleições 2022 e foi o primeiro pré-candidato a receber o documento, é necessário que o trabalho de base nessas eleições seja, efetivamente, de dialogar sobre quais parlamentares devem ser eleitos para compor o Congresso Nacional.
“O que fazer para não deixar eleger pilantra? Esta é uma tarefa que os comitês terão de fazer. Temos de fazer algo diferente para colher algo diferente”, disse Lula, destacando a participação dos sindicatos nos comitês populares.
Os comitês são uma rede que envolve movimentos sindicais e sociais, partidos progressistas e a população, com atuação em fábricas, comunidades, favelas e bairros das periferias, assentamentos rurais, comunidades quilombolas e vilas de pescadores, entre outros locais.
“Qualquer coisa que quisermos fazer vamos ter de passar pelo Congresso. Se não mudar o Congresso, não vamos conseguir fazer a contrarreforma que precisamos fazer. E se a gente ganhar e tiver minoria? Não adianta chorar”, disse.
Além dos Comitês, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, destacou a importância da atuação das Brigadas Digitais, importante instrumento de enfretamento ao ódio propagado pelo bolsonarismo. “Chegamos aqui por causa do ódio, do individualismo e não tem outra saída se não for por amor e solidariedade”.
A saída são os Comitês que serão espaços de diálogo e outras ações como distribuição de mantimentos para a população que mais precisa e as Brigadas que vão disseminar as informações que de fato intessam à classe trabalhadora.
“Os comitês serão montados nos mais diversos espaços como locais de moradia, trabalho, escola porque no entorno dos do sindicato estão as comunidades passando fome.
Segundo Lula, as representações sindicais também precisam sair na frente com uma narrativa capaz de ganhar as massas, ampliar espaço no Congresso e garantir a defesa e o respeito aos interesses dos trabalhadores. Citou como exemplo a ser combatido a falácia “empreendedorismo”, que leva trabalhadores a se tornarem, entre outras ocupações desprotegidas, motoristas de aplicativo. Praticamente sem direitos trabalhistas, são trabalhadores vivendo em regime “quase um escravo”, disse
O ex-presidente lembrou que essas narrativas reverberadas na imprensa alinhada aos governos neoliberais levaram à atual situação de informalidade e precariedade do emprego.
“Atualmente, apenas 7% das categorias profissionais conseguem reajuste salarial acima da inflação. Quem consegue a inflação dá graças a Deus. Inventaram o trabalho intermitente. E não conseguimos construir outra narrativa”, disse, enfatizando que os sindicatos precisam aprender a conversar com a população, não apenas com os trabalhadores da sua base. “A gente vai ter de reconstruir tudo isso”.
Energia
O ex-presidente defendeu também o fortalecimento da mobilização em defesa da Eletrobras pelas centrais sindicais. Lula teme os efeitos da privatização da estatal de energia, sobretudo para as famílias pobres que foram beneficiadas pelo programa Luz para Todos. “Quando privatizar, empresário vai levar luz para essas pessoas?”, questionou. “É hora de juntar os cacos. A gente tem um legado para mostrar que somos melhores. Mas vamos ter de conversar com todo mundo”.
Fonte: CUT Nacional
Foto: ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)