“Precisamos mobilizar as pessoas, principalmente os jovens”, acredita o diretor do STIMMMESL, Gilmar Tuhtenhagen

O metalúrgico da Gerdau, Gilmar de Oliveira Tuhtenhagen tem 55 anos, é casado, pai de uma filha e morador de Esteio. Neste ano iniciou o segundo mandato como diretor do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL), desta vez como membro do conselho fiscal. “Desde 1984 sou ligado a algum movimento”, contou ele que é natural de Santa Cruz do Sul.

Nesta entrevista de sexta-feira (1o), Gilmar lembra sua história, a relação com o movimento sindical, avalia a conjuntura, os ataques que a classe trabalhadora sofreu e os desafios do sindicalismo. “Os sindicatos são ferramentas de lutas que existem há anos, que vem defendendo e adquirindo os direitos para todos os trabalhadores. Então a gente não pode enfraquecer essa luta”, acredita.

Confira a íntegra da entrevista:

Conte um pouco da sua história. Como entrou no movimento sindical?

Sempre tive contato com o movimento sindical e social. Meu irmão fundou a CooperFumo, em Santa Cruz do Sul, quando o Lula foi na cidade, esteve lá para conhecer a cooperativa. Meu irmão também foi um dos fundadores do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), infelizmente faz quatro anos que ele morreu acidentado. Ele fez parte da CUT também… E vim de Santa Cruz do Sul em 1994, trabalhei por um tempo no Polo Petroquímico e me filiei no Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita porque éramos terceirizados, em 2002 vim trabalhar na Gerdau e me filiei aqui. Desde 1984 sou ligado a algum movimento.

Você está iniciando mais um mandato como dirigente sindical, como está a expectativa?

Nossa expectativa neste mandato é que melhore para nós, trabalhadores, tivemos uns anos bastante agressivos com a troca de governos impopulares que não reconheceram os trabalhadores. Agora, temos que fortalecer a luta para ver se revertemos algum direito que foi tirado na reforma trabalhista e previdenciária. Temos que nos unir e fazer um trabalho bem forte para conseguir os direitos de volta, com os nossos dissídios, nossa pauta e nossa convenção.

Qual a importância da PLR como um programa de distribuição de renda entre os trabalhadores?

A importância da PLR é que para gente, que é trabalhador, é um algo a mais que conquistamos para ajudar na renda. E tem que ser muito discutido junto com o Sindicato e os trabalhadores para que a gente consiga manter o programa e melhorar as nossas PLRs.

E da CIPA como forma de organizar os trabalhadores?

As nossas CIPAs estão sendo organizadas hoje, dentro das empresas, muito pela classe patronal. Acho que temos que incidir mais nas CIPAs e buscar os cipeiros para o nosso convívio aqui dentro do Sindicato. Onde eu trabalho, na época de eleição para a Comissão, a própria empresa busca os mais próximos deles justamente para não ter esse enfrentamento. Acho que nosso trabalho tem que ser bem amplo para trazermos mais pessoas sindicalizadas para dentro da CIPA.

Qual a importância dos sindicatos na vida dos trabalhadores?

Os sindicatos são ferramentas de lutas que existem há anos, que vem defendendo e adquirindo os direitos para todos os trabalhadores. Então a gente não pode enfraquecer essa luta e precisamos mobilizar o pessoal e trazer mais sócios para dentro do Sindicato, fazer as pessoas entenderem o que é uma entidade sindical e os nossos direitos continuarem.

Qual a tua avaliação dos ataques que a classe trabalhadora tem sofrido desde o golpe de 2016. Como as reformas trabalhistas e da previdência?

Olha, temos ataques irreparáveis desde 2016. Não tivemos nada de benefícios desde 2016, por parte do governo federal. Até agora foi só retirada de direitos e nos deixaram sem expectativa nenhuma, se não mudarmos este governo na próxima eleição.

O movimento sindical, como um todo, está muito desacreditado. Como reverter isso?

Vai ser com muita luta, muito trabalho e tentando fazer o pessoal novo, das fábricas, entender o que é um sindicato. Pois, dentro das empresas eles trabalham desmoralizando os sindicatos, desclassificando. Precisamos mobilizar as pessoas, principalmente os jovens, a juventude não está dando muita importância para os nossos sindicatos.

Na tua opinião, qual o principal desafio do movimento sindical no próximo período?

É manter os nossos direitos, trazer sócios e trabalhar para que não haja mais perdas de direitos. Por isso, é manter os nossos direitos e nos ajudar.

E da indústria? Como gerar empregos?

A indústria vai gerar emprego, talvez, com alguma mudança na política industrial, fazer algo para gerar emprego, pois estamos só perdendo emprego. Precisamos fazer uma reforma neste sentido para gerar vagas e beneficiar os trabalhadores.

Como atrair mais sócios para o sindicato?

Vai ter que ser com luta, com o próprio pessoal do Sindicato, que está no chão de fábrica, mobilizar o pessoal das empresas para que as pessoas entendam o que é um sindicato e que sem essas entidades a gente não vive. Porque os patrões tem o sindicato deles e contribuem e os nossos sócios ficam de mesquinharia para contribuir com a gente.

Gostaria de acrescentar algo?

Acho que nosso Sindicato é forte, bem atuante na luta por direitos dos trabalhadores, sempre defendemos nossos direitos. É continuar assim.

Fonte: STIMMMESL

Imagens: Israel Bento Gonçalves (STIMMMESL)

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