Acolhimento e debate sobre assédio marcam a roda de conversa das mulheres metalúrgicas do STIMMMESL
Dezenas de trabalhadoras das fábricas da base do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL) participaram da roda de conversa das mulheres metalúrgicas, realizada na tarde do sábado (3), no auditório do Sindicato. Acolhimento, debate, mística e animação marcaram a atividade.
Logo no começo do encontro foi realizado o lançamento da bandeira do Coletivo de Mulheres do Sindicato. A diretora do STIMMMESL, Erenita Fernades dos Anjos coordenou o momento e destacou o símbolo que bandeira representa. “As entidades têm bandeiras e isso remete a uma mensagem para as pessoas, por isso pensamos na nossa bandeira, para mostrar a nossa identidade e nos fortalecermos”, afirmou ela.
Uma mensagem em vídeo da secretária de Mulheres da CNM/CUT, Maria de Jesus, foi transmitido para as trabalhadoras. Nele, a metalúrgica de Manaus salienta a necessidade de discutir as formas de violência contra as mulheres, seja no ambiente doméstico ou de trabalho. “Muitas mulheres procuram os sindicatos e ainda nestes espaços, são vítimas de violência”, declarou ela ao enfatizar, mais uma vez, que toda a forma de assédio contra as mulheres devem ser denunciada.
Assédio como ferramenta de gestão
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Mara Weber, falou sobre a atualização da Norma Regulamentadora (NR) 05 e assédios, moral e sexual. A dirigente iniciou a sua manifestação conceituando o capitalismo e a organização do mundo do trabalho neoliberal. “O mercado só pensa em lucro. Uma das formas do capital fazer a gestão do seu modelo produtivo se dá através da violência e existem diversas formas para isso, às vezes, sutis. Hoje, o assédio virou ferramenta de gestão”, declarou ela.
A dirigente também abordou como o trabalho afeta a saúde mental. “Precisamos ficar atentas ao sinais, na nossa saúde e muitas vezes, nas nossas colegas de trabalhos.” Mara contou que desde março, uma nova portaria alterou a nomenclatura de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) para Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio.
Entre as orientações, está a “inclusão de regras de conduta a respeito do assédio sexual e de outras formas de violência nas normas internas da empresa, com ampla divulgação do seu conteúdo aos empregados e às empregadas”.
Ela explicou os conceitos de assédio sexual e importunação sexual. A diferença é que no assédio há hierarquia, é praticado por alguém com um cargo superior ao da trabalhadora. Já na importunação, não há a questão da hierarquia, pode vir de um colega, por exemplo. “Casos de assédios, tanto moral como sexual, tem que denunciados, combatidos e discutidos”, enfatizou Mara.
Democracia no espaço de trabalho
Ao falar do Projeto de Lei 1085/23, que determina a igualdade salarial entre mulheres e homens na realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função, a dirigente ponderou que o PL é muito importante, mas que há questões para além disso. “As mulheres precisam ter condições e acessos iguais de acessar cargos melhores e de chefia, por exemplo. O ambiente de trabalho precisa ser democrático”, disse.
Mara também destacou formas de prevenir e combater o assédio. “O mundo está organizado para ser violento conosco. Mas nós, mulheres, somos muito importante e poderosas e a partir disso, precisamos fazer a construção coletiva de uma nova realidade”, finalizou.
Após a palestra, as participantes esclareceram suas dúvidas e se confraternizaram no coffee break oferecido pelo STIMMMESL.
Abertura: a mística de abertura foi realizada pela vice-presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS, Eliane Morfan, que leu o poema “Sou Feita de Retalhos”, da Cora Coralina.
O presidente do STIMMMESL, Valmir Lodi também esteve na abertura do evento, saudando as participantes e afirmando que terá outras atividades para as trabalhadoras.
Avaliação: a secretária de Prevenção e Saúde do(a) Trabalhador(a), Simone Peixoto afirmou que se surpreendeu com o sucesso do evento. “Foi um encontro muito produtivo com um debate fundamental para as mulheres se empoderarem no local de trabalho e o mais importante, as trabalhadoras gostaram e se sentiram acolhidas”, declarou Simone.
A metalúrgica aposentada, Sirlei Moura leu uma mensagem de encerramento e também destacou que a Roda de Conversa foi um ótimo encontro. “Certamente, hoje tivemos um indicativo que esses eventos precisam de mais tempo, para que possamos ampliar o debate e o apoio entre nós.”
Há o indicativo de uma nova atividade do Coletivo de Mulheres do STIMMMESL ainda este ano.
Confira a mensagem lida no encerramento: “Que estejamos presentes em memórias alheias. Que alguém já distante lembre do nosso sorriso e se sinta acolhido. Que o nosso bem faça bem ao outro. Que sejamos a saudade batendo no peito de uma velha amizade. Que sejamos o amor que alguém nunca esqueceu. Que sejamos um alguém que sorriu na rua e o desconhecido encantou-se. Que sejamos, hoje e sempre, uma coisa boa que mora dentro de cada um que passou por nós.”
Fonte: STIMMMESL
Fotos: Renata Machado (STIMMMESL)