Quase 80% das negociações coletivas resultaram em ganho salarial acima da inflação
As Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho continuam mostrando força com o resultado em agosto dos reajustes salariais dos trabalhadores e trabalhadoras que negociam com os patrões suas reivindicações por meio dos seus sindicatos.
O Boletim de Olho nas Negociações nº 36 do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado na quinta-feira (14), mostra que 79,1% das negociações com data-base nesse mês, analisadas até primeiro de setembro, registraram reajustes acima da inflação acumulada dos últimos doze meses, medida peelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). O percentual de reajustes abaixo do INPC cresceu para 16,4% em agosto. O dos reajustes iguais ao INPC, reduziu-se para 4,5%.
O percentual de 79,1% é inferior ao observado nas três datas-bases anteriores em que o percentual de reajustes com aumentos reais foi algo em torno de 90%; no entanto, é superior ao observado no início de 2023 (média acima de 62%) e nas datas-bases de 2022, ano em que os reajustes acima da variaram de um mínimo de 14,5% e no máximo a 59,3%.
Segundo o Dieese, apesar do recuo no peso dos aumentos reais em agosto, é cedo para afirmar que haverá uma mudança na tendência de crescimento dos ganhos reais médios no ano.
Em média o índice de reajuste acima da inflação em agosto ficou em 1,44% acima do INPC, inferior somente ao observado em julho e maio de 2023, considerando os valores calculados para cada uma das últimas 15 datas-bases
Pagamento dos reajustes em parcelas
Em agosto, o percentual de reajustes pagos em duas ou mais parcelas subiu para 1,8%. Em que pese isso, continua muito abaixo do que vinha sendo observado em 2022. Para efeitos de comparação, em agosto de 2022 o percentual de negociações com reajustes parcelados foi de 8,5%, analisa o Dieese.
Média de reajustes acima da inflação em 2023
O quadro atual das negociações de 2023 mostra que 77,7% dos 12.041 reajustes analisados resultaram em ganhos reais aos salários. Outros 17% resultaram apenas na recomposição das perdas salariais no período, sem ganhos acima da inflação, e 5,3% dos reajustes ficaram abaixo da variação do INPC nas correspondentes datas-bases.
No ano a variação real média dos reajustes é positiva: 1,14% acima da inflação.
Resultados por setor econômico
No recorte setorial, a indústria e os serviços seguem apresentando os maiores percentuais de reajustes acima da inflação (83,5% e 80%, respectivamente), superiores ao observado no comércio (55%). Nesse último setor, em particular, nota-se que a incidência menor de reajustes acima do INPC é compensada por uma maior frequência de reajustes iguais a esse índice, o que resulta numa baixa incidência de reajustes inferiores a inflação (4,5%).
Reajustes por região
O desempenho das negociações pelas regiões do país segue apresentado resultados não muito distantes, com maior incidência de ganhos reais nas negociações do Sudeste (82,2%), e menor no Nordeste (69,5%). Quanto aos reajustes abaixo do INPC, estes são mais frequentes no Norte (9,7%) e Nordeste (9,4%), e menos na região Sul (1,3%).
Leia aqui a pesquisa completa do Dieese
Fonte: CUT Nacional
Foto: VOLKSWAGEN / DIVULGAÇÃO