Dia da Consciência Negra: 20 novembro é feriado de luta

20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é feriado nacional para reforçar a luta pela igualdade e o sentimento de identidade afro-brasileira. Desde 2023, o Dia da Consciência Negra é feriado nacional. A Lei 14.759/23, sancionada pelo presidente Lula, estabelece oficialmente o dia 20 de novembro como feriado em todo o país, reforçando a importância da data para toda a sociedade brasileira.

Dia da Consciência Negra é feriado de luta, memória e resistência 

Para marcar o Dia da Consciência Negra, a TVT News entrevista a jornalista, professora de capoeira e ativista do samba, Lyllian Bragança. Ela conta sobre os desafios das mulheres negras no Brasil e as lutas de todas e todos neste 20 de novembro.  Veja a entrevista completa sobre Dia da Consciência Negra aqui.

Qual a importância do Dia da Consciência Negra? 

A frase “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista” é da filósofa Ângela Davis e é um convite à reflexão sobre o combate ao racismo. Esse convite ganha ainda mais força no 20 de novembro, dia da Consciência Negra.

Em 2023, o presidente Lula sancionou a Lei 14.759/23 que torna o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, como feriado nacional. Esse foi mais um passo de uma série de políticas públicas de combate ao racismo no Brasil.

Outra foi a Lei 10.639, que que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no currículo das escolas públicas e particulares do ensino fundamental e médio. A lei também estabeleceu o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra no calendário escolar.

A Lei 10.639 foi um avanço na luta antirracista no Brasil e teve como influência a ação do movimento negro brasileiro.  A Lei 11.645, de 10 de março de 2008, ampliou a ação da Lei 10.639, incluindo a temática “história e cultura indígena” no currículo escolar.

Dia da Consciência Negra: o que pensam as militantes do movimento negro 

Voz da consciência negra, a jornalista, professora de capoeira e militante contra o machismo nas escolas de samba, Lyllian Bragança, defende fortalecimento da identidade afro-brasileira na luta por igualdade e justiça.

Em entrevista exclusiva à TVT News, a jornalista reflete sobre desafios das mulheres negras no Brasil e a necessidade de engajamento constante para futuro mais igualitário.

 

 

Lyllian Bragança conversou com a reportagem da TVT News sobre a importância do Dia da Consciência Negra e quais são os caminhos para ampliar a visibilidade da data e aumentar o debate sobre as conquistas e a luta histórica da população negra no Brasil.

Durante um bate-papo profundo e inspirador, Lyllian destacou a relevância do 20 de novembro e enfatizou o papel essencial das mulheres negras na luta por igualdade e justiça. Para ela, a consciência negra não deve ser limitada ao 20 de novembro, mas fazer parte de um movimento contínuo de educação, resistência e fortalecimento da identidade afro-brasileira.

Consciência negra e a história silenciada 

Lyllian disse acreditar que a verdadeira conscientização negra precisa passar por um debate profundo sobre a branquitude e o projeto de poder estabelecido no Brasil, onde a história do povo negro foi, e ainda é, apagada e silenciada.

“A nossa história não foi contada como deveria. A Lei 10.639, que propõe a inclusão da história da África e dos negros no currículo escolar, ainda é pouco trabalhada nas escolas. Existem iniciativas, mas é um caminho longo para que todos entendam a importância de resgatar nossa verdadeira história”, afirmou.

Ela destacou que a própria compreensão sobre a identidade negra começou na escola de samba, aos 17 anos, um lugar, segundo ela, no qual se reconectou com suas raízes. “Foi no samba, no Candomblé e na capoeira que pude entender quem eu sou e o que significa ser uma mulher preta no Brasil”, revela Lyllian.

O desafio da representatividade e do enfrentamento 

Ao falar sobre a trajetória como jornalista, sambista e capoeirista, Lyllian recordou o impacto da faculdade, quando tentou se distanciar por não se ver representada nos espaços acadêmicos.

“Foi doloroso, mas eu não podia fugir do que sou. O samba e minha vivência no Candomblé me deram o capital simbólico para falar sobre minha história e sobre as injustiças que enfrentamos como mulheres negras”, conta.

Além de defender o samba, ela também é uma ativista pela liberdade religiosa, principalmente dentro do contexto do Candomblé. “É preciso que as mulheres negras, que estão à frente desses movimentos, sejam ouvidas. O samba, a capoeira e o Candomblé precisam ser valorizados, pois somos nós, com nossas histórias, que conseguimos transmitir esse conhecimento”, afirmou.

 

 

Dia da Consciência Negra e o desafio das mulheres negras no Brasil 

Para Lyllian, os maiores desafios enfrentados pelas mulheres negras no Brasil continuam sendo a violência de gênero, o racismo estrutural e a exclusão social. Ela criticou o pacto de poder que marginaliza a população negra, dificultando o acesso a recursos e a educação. “A construção coletiva é necessária, mas é difícil. As periferias carecem de educação de qualidade e de um movimento que promova a conscientização”, analisou Lyllian.

Ela também comentou sobre a falta de acesso das pessoas mais velhas da comunidade negra a serviços essenciais como, por exemplo, a elaboração de projetos culturais durante a pandemia. “Muitos mestres do samba e da capoeira enfrentaram dificuldades imensas para acessar recursos durante a pandemia. Esse é um reflexo da exclusão social histórica”, lamentou.

Avanços e desafios das mulheres negras 

Embora reconheça avanços no campo político, como a ascensão de figuras como a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, Lyllian ressaltou que ainda há muito a ser feito. “Apesar da presença de algumas mulheres negras na política, a verdadeira tomada de decisão ainda está nas mãos de poucos. O dinheiro, o capital, não está com a gente”, critica.

Caminho para um Brasil mais justo 

Para Lyllian, o futuro do Brasil está nas crianças, e é essencial educá-las sobre a importância da identidade negra. “Temos que ensinar desde cedo a importância do cabelo crespo, da cultura negra, e como respeitar essas questões”, afirmou. Ela também acredita que mulheres negras devem ocupar mais espaços de fala, principalmente em áreas como o Candomblé, a capoeira e o samba, para que suas vozes não sejam silenciadas.

“Ensinar a nossas crianças sobre Zumbi, Dandara, e os valores da nossa ancestralidade é essencial. O Candomblé, por exemplo, ensina a importância da natureza e da preservação, valores que precisamos incorporar desde cedo”, ressalta Lyllian, após lembrar que a luta pela igualdade racial deve ser diária e não apenas um evento comemorativo em 20 de novembro.

 

Fonte: TVT News

Card: Kaylany Ferreira

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