União, solidariedade e sororidade deram o tom do Encontro do Coletivo Gabi de Mulheres Metalúrgicas
Dezenas de mulheres da base do STIMMMESL participaram do evento de formação promovido pela FTM-RS. A atividade debateu também a importância da organização das mulheres para avançar na defesa e na conquista de direitos
No último final de semana, entre os dias 21 e 23 de março, a Colônia de Férias do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (STIMEPA) recebeu a quarta edição do Encontro Estadual do Coletivo de Mulheres Gabi. O evento, promovido pela Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS), reuniu mais de cem mulheres metalúrgicas de diversas regiões do estado, entre elas diretoras e trabalhadoras da base do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL). Algumas mulheres levaram ainda seus filhos, que ficaram sob os cuidados de uma equipe de recreacionistas profissionais.
A vice-presidente da FTM-RS, Eliane Morfan, destacou a importância da organização das mulheres no movimento sindical e a luta por uma sociedade mais justa com a garantia de igualdade de direitos. “Garantir e ampliar os direitos das mulheres não é retirar os direitos dos homens, mas sim uma questão de igualdade e de evolução da sociedade”, afirmou, ressaltando a necessidade de um avanço nas pautas feministas dentro e fora do meio sindical.
O presidente do STIMMMESL, Valmir Lodi, participou da abertura do evento com uma saudação junto com os presidentes da FTM-RS, Lírio Segalla, e do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (STIMEPA), Adriano Filippetto. Eles saudaram a presença massiva das mulheres e ressaltaram a importância do empoderamento feminino, com as mulheres ocupando cada vez mais os espaços para fortalecer a pauta e as lutas feministas.
Durante o encontro foram apresentados os desafios enfrentados pelas mulheres trabalhadoras com destaque sobre a importância da união, solidariedade e sororidade entre as mulheres na luta por direitos e igualdade de gênero.
A advogada Juliane Durão, uma das palestrantes do evento, fez um resgate histórico do papel das mulheres no movimento sindical e alertou sobre a conjuntura atual, enfatizando a importância da presença das mulheres em espaços de poder. Para ela, é fundamental que as mulheres se posicionem e participem ativamente da vida política e social. “Nenhum direito é dado, ele é conquistado. A luta por direitos deve ser contínua e os espaços de poder são essenciais para ampliar essas conquistas”, afirmou.
Para a dirigente do STIMEPA, Taise Gonçalves, foi uma alegria ver que a cada encontro aumenta o número de mulheres que participam. “A cada encontro, vemos mais metalúrgicas se unindo à nossa causa. Isso é um sinal claro de que estamos avançando na nossa luta. A participação de todas é essencial para que possamos conquistar mais direitos e igualdade”, ressaltou.
Vivas, livres e com direitos
Entre as pautas levantadas durante o encontro, a redução da jornada de trabalho foi um dos temas centrais, especialmente porque, para muitas mulheres, a carga de trabalho fora de casa é dobrada. Além do trabalho nas fábricas, muitas ainda assumem o cuidado com a família, filhos e tarefas domésticas, o que agrava a sobrecarga.
A educadora popular Lurdes Santin, que conduziu o evento, enfatizou a importância da sororidade entre as mulheres, lembrando que a luta por direitos não deve ser marcada pela concorrência, mas pela solidariedade e apoio mútuo. “Se nós, mulheres, estivermos unidas, nenhum homem poderá nos separar. Devemos nos apoiar, as mais velhas com as mais novas, para construir uma rede forte e coesa”, afirmou Lurdes.
Reflexões e desafios
O encontro também foi um espaço para reflexão sobre os desafios atuais enfrentados pelas mulheres no Brasil, onde, infelizmente, o feminicídio ainda é uma triste realidade. Lurdes lembrou que o Brasil é o 5º país que mais mata mulheres e que o feminicídio é um reflexo da mentalidade de posse e dominação ainda presente na sociedade.
Durante a condução das atividades, Lurdes destacou ainda a importância de fortalecer a base e ampliar a participação das mulheres nos espaços de decisão. “Precisamos de mais mulheres sindicalizadas ao nosso lado, rompendo com o patriarcado e com o machismo, tanto dentro de nós mesmas quanto fora, nas estruturas sociais e sindicais”, afirmou.
Organização
O Coletivo Gabi tem sido um instrumento de organização das mulheres metalúrgicas, com ênfase na formação sindical e no empoderamento de novas lideranças. A troca de experiências e a solidariedade entre as mulheres de diferentes regiões do estado foram destacados como elementos essenciais para o fortalecimento do movimento.
A presença de mulheres nos espaços de liderança, como a vice-presidente da FTM-RS, Eliane Morfan, e outras líderes de sindicatos locais, como as presidentas do Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim, Sandra Weishaupt, e dos Metalúrgicos de Passo Fundo, Elisandra Antunes, também foi comemorada como uma demonstração do avanço da presença feminina. “Mas é preciso que cada vez tenhamos mulheres a ocupar cargos de liderança e de decisão dentro do movimento sindical”, ressaltou a educadora popular Lurdes.
O evento terminou com uma forte mensagem de união e ação coletiva. O Encontro Estadual do Coletivo de Mulheres Gabi foi, mais uma vez, um marco importante para a luta das mulheres metalúrgicas no Rio Grande do Sul, evidenciando o crescimento da participação feminina no movimento sindical e a necessidade urgente de avançar nas pautas que garantem a igualdade de direitos e oportunidades para todas as trabalhadoras.
Fonte: STIMMMESL com STIMEPA
Fotos: Luciene Leszczynski (STIMEPA)