Trabalhadores cobram proteção a empregos de governo e empresários da defesa
Na última sexta-feira, 29 de agosto, trabalhadores metalúrgicos e do ramo químico cutista se reuniram com representantes do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC) e representantes patronais da indústria de defesa para debater o atual momento do segmento no país e procurar alternativas para reagir ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos.
A reunião serviu para que os representantes dos trabalhadores cobrassem medidas para manutenção dos empregos do setor. Recentemente, o governo federal anunciou o Plano Brasil Soberano, um conjunto de medidas emergenciais para enfrentar os impactos econômicos das tarifas impostas pelo governo Trump. A CNM/CUT considera a iniciativa do governo brasileiro positiva, porém, quer que os trabalhadores estejam presentes na ação para monitorar principalmente os efeitos do plano sobre empregos.
“A conversa com o governo e com as empresas e os trabalhadores juntos é para que haja um acordo comum. O governo lançou o Plano Brasil Soberano que é importante, que subsidia as exportações, que dá crédito para as empresas fazerem seu capital de giro e poder buscar outros mercados. Mas tem que ter uma garantia de manutenção dos empregos e, no nosso entendimento, esse é o problema. As empresas não têm essa visão de que esse acesso ao crédito via BNDES, via Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra) ou em outros mecanismos em que há essa possibilidade, é para manter os empregos. Tem como fazer”, pontuou Loricardo de Oliveira, presidente da CNM/CUT.
O sindicalista disse ainda que será encaminhada a realização de uma reunião com a presença de representantes dos Ministérios da Justiça e da Defesa para debater a indústria de defesa, além de uma ida ao Congresso Nacional para tratar da efetivação da Lei nº 12.598/2012 (que estabelece normas especiais para as compras, contratações e o desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa, incentivando a base industrial de defesa e os “Produtos Estratégicos de Defesa” (PED)).
“Vamos intensificar nossas agendas para que os trabalhadores do setor tenham garantias da manutenção dos empregos. E que as indústrias possam buscar novos mercados além dos Estados Unidos, e que fortaleçam também o mercado interno com compras públicas para os serviços de segurança armada”, completou Loricardo.
Na avaliação do secretário-geral do Sindicato dos Químicos do ABC e trabalhador da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), Paulo José, a reunião com representantes do governo e dos empresários foi fundamental para trazer à pauta a situação da Taurus e de toda a cadeia de suprimentos já impactada pelo tarifaço de Trump. Também entrou em debate a transferência de linhas de produção para os Estados Unidos — no caso da CBC, da munição 9 mm, e no caso da Taurus, da montagem da pistola modelo G.
“Nosso compromisso é garantir a manutenção dos empregos e a valorização da indústria nacional. É preciso transformar o discurso em prática: nas licitações públicas, o governo deve priorizar de fato a compra da produção nacional e não de empresas estrangeiras”, afirmou Paulo José.
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo (RS) e trabalhador na Taurus, Rogério Bandeira Cidade (Bicudo), contou que o sindicato local vem mobilizando a base de trabalhadores para que eles reajam a qualquer medida que ataque os direitos da companheirada. Qualquer medida que atinja a Taurus, explicou Bicudo, atinge uma cadeia de produção importante para a cidade de São Leopoldo e por isso a mobilização é constante contra qualquer retrocesso.
“A reunião da sexta-feira com o governo e os empresários foi de grande valia, pois nós vimos que existe o interesse grande de todos em resolver o problema da taxação dos EUA e a situação específica da Taurus, com todas as empresas envolvidas. Nós queremos continuar com essa pauta e manter a nossa luta na base, pois nós não sabemos o que vai acontecer no futuro”, disse Bicudo.
Fonte: CNM/CUT
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