Endividamento recorde: Famílias comprometem 60% do que ganham para pagar contas

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A cada R$ 100 ganhos, o brasileiro usa R$ 60 para pagar dívidas. Inflação
e salários baixos alimentam a crise

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) usa o tempo para mentir sobre as urnas eletrônicas, viajar pelo país promovendo aglomerações em motociatas em plena pandemia, sem apresentar sequer uma proposta de desenvolvimento econômico com geração de emprego e justiça social, mais um triste recorde demonstra que a crise econômica está longe de acabar. As famílias brasileiras trabalham cada vez mais apenas para pagar dívidas em vez de usufruir o que ganham ou investir no futuro.

Dados do Banco Central (BC) mostram que a cada R$ 100 ganhos pelas famílias brasileiras, quase R$ 60 são destinados ao pagamento de dívidas. O comprometimento da renda, no último ano, chegou a 58,5% – o maior percentual da série histórica iniciada em janeiro de 2005.

As parcelas de empréstimos também contribuem para este endividamento. Em abril, mês da pesquisa do BC, as famílias separaram 30,5% do que ganham para pagar este tipo de dívida. Ou seja, a cada R$ 100 recebidos, mais de R$ 30 já estão comprometidos.

O alto índice de desemprego, os baixos salários e a inflação, aliados a falta de políticas públicas de geração de emprego e investimentos em infraestrutura, contribuíram para o aumento do endividamento das famílias brasileiras. Os preços altos não estão sendo acompanhados pela reposição salarial nem pela queda de renda dos trabalhadores por conta própria, a maioria formada por pessoas que fazem bicos para sobreviver. Isso sem contar a redução pela metade do valor do auxílio emergencial, que Bolsonarto baixou de R$ 600 para R$ 300 no ano passado e para, em média, R$ 150 este ano. O benefício é pago a desempregados e informais durante a pandemia. A última parcela será paga este mês.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a massa de salários em circulação caiu R$ 12 bilhões em um ano, o que representa um recuo de 5,4% no trimestre encerrado em abril em comparação ao mesmo período de 2020. Ou seja, o brasileiro está, além de mais endividado, mais pobre, alertou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.  

Ainda segundo o economista, o alto endividamento e a crise podem fazer aumentar os juros, dificultando ainda mais o crédito tanto para pessoas físicas como jurídicas. Um levantamento divulgado pelo Serasa mostra esta tendência. 44% das solicitações de empréstimos são negados para pessoas que recebem menos de cinco salários mínimos (R$ 5.500), por mês.

A retomada da economia também deve ser mais lenta com o endividamento das empresas. Um levantamento do Cemec-Fipe mostra que o conjunto de dívidas das companhias não financeiras no Brasil atingiu 61,7% do Produto Interno Bruto (PIB), em março de 2021, patamar também histórico. O aumento da dívida é de 11,6% em relação ao final de 2019, antes da pandemia. Diante deste cenário o economista prevê que a economia cresça apenas 1,8%.

Quem tem por hábito poupar também não está conseguindo investir. Desde o segundo trimestre do ano passado o índice era de 31,11% e caiu para 11,8%, no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados fornecidos pelo banco Itaú /Unibanco, ao jornal.

Fonte: CUT Brasil

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