Sindicalistas lembram importância do 25 de novembro para o combate à violência

No 25 de novembro se celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, e para dar destaque a este dia, sindicalistas de diversas regiões do país lembram da importância da data para a conscientização da sociedade rumo ao combate a qualquer tipo de violência. O dia faz parte da agenda das brasileiras dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulheres.

O Brasil ocupa a 5ª colocação no ranking mundial de feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Esse é um fenômeno mundial que vitimiza mulheres todos os dias, consequências da discriminação estrutural e da desigualdade.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre a incidência da violência contra meninas e mulheres no Brasil indicam que, em 2021, uma em cada quatro mulheres no país acima de 16 anos (cerca de 17 milhões de pessoas) afirmou ter sofrido algum tipo de violência nos últimos 12 meses. De acordo com o levantamento, 62% das vítimas de feminicídio no Brasil são negras. Quando se analisa as vítimas de outros tipos de assassinatos violentos, esse índice passa dos 70%.

“No mundo lá fora a campanha é de 16 dias de ativismo e no Brasil isso se ampliou para englobar a pauta racial neste debate de violência. É por isso que as brasileiras começam a luta antes, no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. No Brasil as mulheres negras são as maiores vítimas de mortes simplesmente por serem mulheres”, explica a secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Marli Melo.

Segundo ela, este período é importante para alertar a sociedade dos casos de violência e maus tratos sofrido pelas mulheres, em especial as mulheres negras. Para ela, “essa violência é uma questão social e de saúde pública, ainda mais depois de passar pelo governo Bolsonaro, no qual vivemos um período com aumento dos casos da doença, a desconstrução de políticas públicas e a liberação de armas”.

A campanha “21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher” é realizada todos os anos em mais de 150 países. A mobilização envolve diversos setores da sociedade civil e do poder público. No Brasil, a campanha é realizada por meio de diversas atividades como oficinas, debates e mobilizações com objetivo de chamar a atenção da sociedade para esta realidade e cobrar dos governos a adoção de políticas públicas efetivas, nas mais diversas áreas como saúde e segurança, que possam promover maior proteção e acolhimento das vítimas.

A metalúrgica do Rio Grande do Sul e diretora da CNM/CUT, Simone Ribeiro Peixoto, disse que muitas mulheres não sabem ou não conhecem a data de 25 de novembro e isso acaba tornando uma obrigação dos movimentos sociais, dos sindicatos e partidos progressistas de esclarecer para todas as mulheres e pra sociedade a importância da data.

“É neste período que temos que ir para às ruas ou para frente das fábricas falar com nossas companheiras e companheiros que a violência contra mulher precisa ser denunciada para ser combatida. Em municípios nos quais o governo é progressista, tem secretaria de mulheres e essa pauta é divulgada nas atividades nos 21 dias de ativismo. Aqui em São Leopoldo a gente levou a pauta para a patronal,mas não foi aprovada, espero agora neste ano que vai vir, com o governo federal ao nosso lado, consigamos ter uma resposta positiva quando chegar a nossa data base”, explicou.

Marli complementa a fala da Simone: “Com Lula eleito hoje temos esperança de reverter esse quadro com mais proteção e a volta de tudo que nos foi negado durante quatro anos de governo Bolsonaro”.

Papel do movimento sindical 

A secretária da Mulher Trabalhadora na CUT São Paulo, Marcia Viana, disse que o movimento sindical é um canal extremamente importante e tem que estar alinhado a essa luta, inclusive na questão de orientar as mulheres para fazer a denúncia, de ser um espaço de acolhimento e dizer que elas não estão sozinhas.

Segundo a dirigente, a conscientização sobre as formas de violência são fundamentais para salvar a vida das mulheres.  Além da violência física, as mulheres podem sofrer violência psicológica, sexual, patrimonial e moral.

“É preciso que nós trabalhadoras ocupemos os espaços para conscientizar sobre as formas de violência, porque muitas das vezes as mulheres não sabem que estão sofrendo uma violência psicológica porque a violência física, muitas vezes, acaba sendo uma das últimas consequências. Temos o compromisso de reafirmar o papel do movimento sindical no combate à violência contra as mulheres porque se a gente luta em defesa dos direitos humanos esta pauta também é nossa”, ressaltou.

Esperança e avanço

Os últimos quatro anos não tem sido fácil para os brasileiros, principalmente para as brasileiras. Isso porque o governo Bolsonaro, segundo Marli, acabou com as políticas públicas para mulheres e reduziu os recursos para o combate a violência. Não seria diferente se ele tivesse continuado no governo.

Dois terços das ações que beneficiam mulheres no Orçamento tiveram cortes na proposta para 2023, enviada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso no fim de agosto. Nos casos mais expressivos, a tesourada representa 99% do que havia sido reservado inicialmente em 2022, segundo dados da Folha de São Paulo numa matéria publicada no dia 1º de outubro.

Com a vitória do presidente Lula, as mulheres começam a ter esperança e deslumbram avanços, inclusive de ratificar a Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que trata do combate à violência e ao assédio nos ambientes de trabalho.

“A situação do Brasil é muito difícil até porque Bolsonaro deixou um rombo muito grande no orçamento isso vai dificultar muito a questão da implementação das políticas públicas, mas a  gente tem expectativa, uma vez que o governo Lula está criando este campo de transição sobre o tema com mulheres competentes que estiveram sempre na luta, é da gente poder recuperar este orçamento e avançar”, ressaltou Márcia, que explicou: A perspectiva é de fazer a discussão em relação a ratificação da Convenção 190 da OIT porque a gente não tinha a menor possibilidade de fazer essa luta com o governo Bolsonaro. Para isso vamos ter que fazer muita discussão e mobilização porque é um governo de disputa e as mulheres também vão ter que disputar muito espaço”, ressaltou Márcia.

 

Fonte: CNM/CUT

Foto: DIVULGAÇÃO

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