Artistas e movimentos sociais se unem no ato pelas Diretas Já em São Paulo

O Largo da Batata, na Zona Oeste de São Paulo, ficou tomado por manifestantes que acompanharam o ato SP pelas Diretas Já, convocado por artistas, ativistas da mídia independente e blocos de carnaval, com a presença de movimentos sociais. A primeira atração do dia ensolarado na capital foi o cantor paraibano Chico César. “O Brasil não suportaria a possibilidade de uma eleição indireta tendo um Congresso completamente contaminado”, disse.

 

“É importante que o povo se manifeste pela queda de Michel Temer (PMDB). Parece que esse governo que entrou há um ano quer desfazer tudo que foi conquistado nos últimos 100 anos. Ele deseja a precarização completa das relações de trabalho, levando o país a um sistema de semiescravidão”, completou. O cantor ainda levantou a bandeira da necessidade da realização de uma greve geral no país. “A greve significa a classe trabalhadora unida para assegurar direitos conquistados arduamente”.

 

Após o show do artista, um dos apresentadores do evento, Leo Madeira, chamou o coletivo carnavalesco Arrastão dos Blocos. “Os blocos de carnaval são as pessoas unidas. E isso não acontece apenas em cinco dias. Os blocos entendem que o papel da mobilização não é só o escape, mas o posicionamento político, especialmente em um momento tão delicado como esse.”

 

 

Arrastão levantou o público com marchinhas tradicionais e composições dedicadas ao tema da manifestação: a queda do presidente Temer e a realização de eleições diretas. “Fora Temer! Ele é golpista, ladrão devoto, quer roubar o trabalhador. Arrastão está nas ruas para derrubar esse imposto”, cantaram.

 

Integrantes de movimentos populares utilizaram o microfone para reforçar a unidade do ato. “Lutar pelas diretas hoje é essencial. Primeiro, para derrubar o Temer, que mesmo envolvido nos maiores absurdos está querendo se recompor, começa a ensaiar uma forma de se agarrar no governo até 2018. E também, caso o Temer caia, precisamos barrar a tentativa de um Congresso totalmente desmoralizado de eleger o presidente”, disse o coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos.

 

“Sem ampliar a luta, não vamos conseguir derrubar o Temer. Os grupos de cultura estão de parabéns”, disse Boulos sobre a organização dos artistas. “A única forma de construir uma saída da crise é resgatar a soberania popular, chamando o povo a decidir. Isso não resolve tudo, mas é o princípio de um caminho democrático. No nosso entendimento, o movimento das diretas é a bandeira hoje que pode barrar as reformas da Previdência e trabalhista, que ninguém conseguiria se eleger nas urnas com essas propostas. Vamos derrubar essa agenda política”, completou.

 

O presidente da CUT-SP e integrante da Frente Brasil Popular, Douglas Izzo, ressaltou a importância da união em torno das diretas. “Estamos todos aqui, Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, artistas, CUT. Nós, das centrais sindicais, lutamos também contra a retirada de direitos, contra reformas apresentadas por Temer. É a luta pela garantia de direitos, para que o povo possa definir quem será o próximo presidente. Não aceitamos eleições indiretas. Precisamos ficar de olho. O Congresso é totalmente envolvido com corrupção e com as mais diretas falcatruas deste país”, disse.

 

 

Durante o evento, também se apresentaram Tarado Ni Você, Otto, Emicida, Maria Gadú, Péricles, Paulo Miklos, Tulpia Ruiz, Edgar Scandura, Pitty, Rael, Criolo e Mano Brown. A Linha 4-Amarela do metrô fechou a Estação Faria Lima, onde ocorreu o evento, alergando a realização de obras. Com isso, quem pretendia ir ao show de metrô precisou desembarcar na estação Paulista e seguir de ônibus:

 

“Estamos reunidos porque não fugimos da luta. O Brasil precisa de nós. A civilização que fez esquecer as premissas dos povos originários, do negro e do índio, deu nisso”, disse a atriz e poeta Elisa Lucinda durante o ato. “Fora Temer pelo amor de Deus! Como é que pode? Parece que Brasília está de costas, não nos escuta. O homem está lá de pirraça e fugindo da polícia”, disse emocionada ao pedir o fim do governo de Michel Temer (PMDB) e a realização de eleições diretas.

 

O rapper Emicida foi recebido com euforia pelo público com suas canções de conteúdo crítico. “A base desse sistema somos nós. Vamos nos mover para acabar com ele. Não só aqui, onde a bala é de borracha, mas também na periferia onde a bala é de verdade. É importante se mover”, afirmou. Na sequência, subiu ao palco o sambista Péricles que agradeceu pela presença dos manifestantes: “Obrigado pela chance de poder ver o país mudar e vocês são a mudança. É o momento de tomarmos os rumos da nossa vida e do nosso futuro.”

 

Emicida levantou o público com suas letras de protesto

O guitarrista Edgar Scandurra também deixou seu recado ao lembrar das reformas trabalhista e da Previdência, propostas pelo governo Temer. “Estamos aqui contra esse pacote de maldades desse governo completamente corrupto. Um governo denunciado com provas, gravações feitas nesse país de dedos duros. Temos de fazer uma limpeza e quanto maior e mais alto for o grito, mais ele vai sair de uma bolha para atingir toda a população. Vamos tirar esse presidente e conseguiremos novas eleições.”

 

 

O pernambucano Otto subiu ao palco para cantar duas canções, Crua e Janaína, e engrossou o coro dos manifestantes. “Ou o povo escolhe agora seu presidente ou estamos perdidos nesse sistema podre. Essa luta não é só dos músicos, estou aqui mais como cidadão. Precisamos participar, fazer uma mensagem direta e democrática. Uma troca de experiências. Não da para o Congresso escolher mais nada nesse país. Chega de corrupção, chega de golpe.”

 

A cantora Tulipa Ruiz ressaltou a importância da organização de artistas que resultou no ato de hoje. “É fundamental a organização da classe artística. todos estamos aqui porque ninguém quer retrocesso. Não ao retrocesso e diretas já! Todos somos contra o golpe e vamos mudar isso”, disse.

 

O fim da tarde democrática ficou por conta dos rappers Rael, Criolo e Mano Brown. “Meninos mimados não podem representar a nação. Eu não quero viver assim”, disse.

 

Fonte: CUT Nacional

 

 

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